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Mostrando postagens de 2011

Sem voz nenhuma.

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Com a família olhando sentia tanta vergonha que saiu de perto dele, lembro-me bem. Depois só o viu por de trás daquela cerquinha e levou um susto, porque sempre levava quando percebia que ele a olhava há mais tempo do que ela percebera. Ela não gostava daquele olhar, mas os olhares dele, mesmo que ela dissesse para que não olhasse daquele jeito, era sempre igual aquele. Talvez, ele não tivesse muita culpa se tinha olhos de despedida. Seus olhos eram mansos, meio emaranhados, meio tristes, vividos e profundamente alegres por apenas vê-la, e ela estava dançando com um vestido branco e uma flor na cabeça.  Ela levou um susto, como eu dizia, se irritava ao perceber que estava sendo observada a mais tempo que quando reparara a observação, e brigou com ele como de costume fazia para disfarçar a vergonha, o susto,  e arrancar um sorriso e um balançar de pernas dele.  Ela continuou a dançar, apesar de saber que ele queria obviamente que ela viesse ao seu encontro.  Ele olhou-a fixamen

13 horas você deixa de existir.

"Carol, Carol, Carol... ...Ô Carolina não vou suportar não te ver... Carolina eu preciso te falar Ô Carolina eu vou amar você..." Sexta feira eu cheguei da boate e te mandei uma mensagem, nossa amizade era assim, repentina, sem regras, cheia de pressentimentos,  sms e sinceridade. Não sei porque mas seu término de namoro deve ter acontecido na hora certa porque eu te conheci melhor nesse tempinho sofrido, te levei pra passear, te mandei algumas piadas pra te fazer sorrir, te dei conselhos, ouvi sua história, contei a minha e estávamos sempre mandando sms uma pra outra nesse curto espaço de tempo pra uma amizade que tava indo tão bem. " Nanda, voltamos. " Fiquei tão feliz por você aquele dia, tava ansiosa pra saber como tinha sido, pedi pra que você não se afastasse e nos encontramos na semana espírita, mas não deu tempo de contar os detalhes.  Um dia você parece que adivinhou que eu tava mal. " Carol vou na benzedeira, to vomitando. " comente

Não tem espaço

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Meu bem? Ta acordado... ? Onde é que eu guardo todos os amanheceres?! Você encheu meus quartos de raiva, sujou a cozinha de mágoa, não limpou os pés quando eu tentava limpar essa casa. Você está cego? O que é isso no seu olho? Não viu o tapete que agora eu coloquei na entrada? Não vá  pisar onde já está tudo quase limpo e perfumado, seus sapatos me parecem sujos, você não pisou na grama da calçada, ne? Porque elas precisam respirar e eu plantei aquelas flores com todo cuidado durante todos esses meses. A calçada está ai pra isso, e mesmo assim... esses sapatos! Meu bem? Ta dormindo...? Essa foi a  faxina mais complicada e demorada de todos os tempos. Você sabe quanto tempo eu gastei pra deixar tudo isso aqui arrumado? Quantas janelas eu fechei morrendo de calor, pra varrer toda aquela sujeira sem que o vento estragasse tudo? Você sabe quantos dias eu perdi pra deixar isso aqui bem aparentado? Sabe quantos copos eu quebrei no muro e depois tive os pés cortados porque esquecia de

Há um herói em cada coração

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Antes que uma lágrima exclusa queira sair rasgando do meu coração para os olhos, eu vou me pintar. Vou me pintar de um jeito que fique bonita até o sol raiar e vou sorrir de tudo, mesmo que nem tudo seja engraçado, porque agora eu entendo o poder das máscaras, agora eu entendo porque elas precisam existir. Não julgo mais as máscaras, as vezes é necessário, as vezes nos salva de muito constrangimento e de loucuras desagradáveis que insistem serem arrotadas a qualquer hora do dia. Eu vou aprender com as máscaras e usá-las sem esquecer quem sou, não estou em busca de ser falsa, mas apenas me proteger, viver na carne viva é muito perigoso, não posso mais concordar com tanta exposição, intensidade é bom, mas quando a onda é de tristeza pode ser um caminho sem volta. Heróis usam máscaras, eu preciso encontrar minha heroína, nem que seja na mentira tão persistida até virar verdade. Uma vez me disseram que existe um herói em cada coração, tudo que eu preciso é de uma vela, pois há de haver

Minhas asas sem você

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Eu pedia pra mim mesma que elas se escondessem, porque de alguma maneira você parecia ser dono de alguma coisa em mim. Eu pedia para que minhas asas ficassem quietinhas e que se prendessem dentro das  minhas entranhas e talvez por isso sentia tantas dores por dentro.  Eram duas asas brancas lindas que eu tinha,  mas que por algum motivo doentio você não podia as ver. E ao mesmo tempo em que eu estava completamente no paraíso com você, eu também estava no inferno, todo santo dia.  Acho que ouvi tanto das suas mágoas que não queria jamais te machucar  com meu próprio jeito de ser, então eu decidi esconder minhas asas, mesmo sabendo que deveria ser eu mesma com qualquer um, e principalmente com que se está apaixonada.  Mas não dá pra esconder uma coisa que cresce dentro da gente. Não dá pra esconder uma coisa que nasce pra ficar do lado de fora. Além do mais, eu sou muito magrinha e acho que foi por isso que fui ficando cada vez mais fininha, fininha, fininha... Pois toda asa

até mesmo os depedaçados

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Liberta todas essas pé ta las para o vento!  Parecem cada uma,  uma só,  e nunca mais serão vistas como tormentos despedaçados.  Nunca mais serão guardadas com medo de serem encontradas e tomara que sejam ganhadas sem medo de serem murchadas .  Que o vermelho lembre sempre algo pujante   e que chegue chamando atenção , como todo vermelho é capaz de fazer sozinho. Não quero mais desses vermelhos   sangue que se pressente vagamente por um sofrimento. Que essas pétalas voem para os ventos do norte  do leste oeste e sul  num despertar de corações mais corajosos para perto de mim  e que sejam espertas ao ponto de selecionarem (naturalmente) os fracos pra bem loooooonge de mim! Que eu possa acompanhar de perto os beijos mais calmos  e ba ti das dos corações que só querem aprender todos os dias um pouco mais. Que essas pé ta las aprendam em todos os seus voos que agora são apenas pétalas , e que o fato de um dia terem formado uma flor jamais as entristeçam: pois tudo nessa vida se apren

gordo e feliz

Toda vez que vamos pra praia e passamos pela sua cidade, eu olho para sua casa e espero ver o seu fantasma me dando tchau. De alguma forma, toda vez que eu ia pra praia, criei o hábito de olhar na janela do carro pra sua casa e dizer pra mim mesma que você estava ali, que morava ali. Então, mesmo que esteja morto, toda vez que eu passo pelo caminho de ir pra praia e olho pra sua casa, te chamo na memória e fica aquela confusão na minha cabeça, porque é difícil quebrar um hábito. Sinto sua falta, acho que a última vez que nos vimos eu nem sabia que era a última, mas lembro que você tava muito pessimista e você nunca foi assim, era até um exemplo pra mim a ser seguido, então aquilo me chamou atenção, além da sua magreza é claro, porque quando eu era criança meu referencial de avô era que um deles era gordo e feliz.           Sabe...eu me arrependo tanto de não ter trancado a faculdade aquele dia, talvez tivesse escutado milhões de histórias suas pra poder escrever por ai, isso te faria

assim como deus

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Sabe doutor? É como se houvessem duas mulheres de natureza distintas, bem fortes dentro de mim. Uma delas acha que é mais forte que a outra, só porque a outra sabe ficar calada de vez em quando e pensa bastante antes de agir, sendo bem sábia e surpreendente quando age. Ainda não sei qual delas costuma ganhar as pessoas. Mesmo assim, a mesma, sendo as duas uma só, assim como o deus cristão pode ser três, pensa que isso é passividade, e a outra deixa ela pensar isso porque ai indiretamente está sendo ativa. Elas são fortes doutor,  tão fortes que as vezes penso em acabar com uma delas, mas sei que estarei acabando comigo mesma, então eu me escondo dos meus próprios pulsos e me engano de qualquer ideia que tenha pensado.  Mas as vezes é difícil, juro que seria mais fácil acabar com todas e comigo. Juro que seria mais difícil desistir de mim. Apesar de me deixarem confusas, são elas que me tornam mais inteligente, mais bem humorada,  diria até que mais sex. A maioria das vezes, talvez seja

Quando eu não podia mudar o final

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Quando eu tinha 6 anos de idade, viajamos para a capital e mamãe disse que iríamos conhecer o cinema. Era 1997, Nina não sabia ler direito ainda, estava aprendendo. O filme era legendando, então lembro que mamãe comentava o filme baixinho pra Nina entender, e eu que ja lia, tentava acompanhar as imagens e legenda  rápidas na tela, daquela história emocionante chamada: Titanic. A sala escura me deixou um pouco distraída, lembro que teve uma hora que cheguei a olhar pra trás e fiquei impressionada com aquele monte de gente olhando pra luz ao mesmo tempo. Por muito tempo achei a Kate Wislet a atriz mais bonita que já tinha visto na vida, jurei que pintaria meu cabelo de vermelho quando crescesse e acho que o Jack (Leonardo Di Caprio) aparecia nos meus sonhos vez ou outra até a oitava série! Enfim, quando o filme chegava no final, meu coração ficou disparado e eu não queria entender que o Jack havia morrido congelado. Acho que até aquela idade, nunca tinha visto nenhum filme sem um fina

fica ali

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Do que eu sinto saudade ninguém pode saciar. Nem mesmo o príncipio de toda a saudade porque a saudade já se alimentou tanto, mais tanto, mais tanto, que cresceu ao ponto de ultrapassar ela mesma, petrificando-se em uma lembrança que já nem se quisesse, volta a ser como era. Uma saudade desgarrada, escrachada, enrustida, desmanchada e maquiada pelos véus do tempo. Uma saudade mágica, que de tão calejada, cicatrizou-se num último suspiro, num último respiro, num último delete, no abismo do nunca. E fica ali, sentada pra sempre porque sabe que é bonita e agradável, porque sabe que é útil nos momentos ociosos. Saudade indolor de tão adormecida, vitoriosa de tão merecida, amável mas sem nenhuma torcida.

um detalhe super importante

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Depois que se aprende o caminho, tudo fica mais vunerável, talvez até a gente fique um pouco mais fácil. Depois que estouramos nossos miolos nos mesmos pensamentos, percebemos que talvez seja melhor mudar de ideia, Depois que desacreditamos, demora muito pra acreditar de novo, mas quando vem, vem pra ficar num espaço bem maior e precioso. Depois que se permite ficar triste, ficar alegre é um desafio, por isso é bom que a tristeza venha sempre com hora marcada, pra não pegar ninguém desprevinido.  Depois que se sabe mais ou menos onde cada estrada vai dar, ler as placas deixa de ser um detalhe super importante pra passar a ser natural e automático. Depois que se perde a vergonha de ser bonita, estar sexy não tem nada a ver mais com ser vulgar. Olha, depois que se perde uma grande esperança, ela passa a nascer quadrada dentro da gente, e aparece assim... quando passamos um batom vermelho, por exemplo. Vai embora à francesa, nem percebemos, nem exigimos, os dias vão am

atirar uma flor

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Pra provar que eu não era mais a mesma eu dirigi até a farmácia. Era um domingo ensolarado mas ao mesmo tempo bastante sombrio, pois não tinha ninguém na rua.  Por um minuto pensei que o sábado talvez tivesse sido bom pra todos, depois que o sinal mudou de cor, mudei de ideia, talvez pudesse ter sido ruim e a cidade inteira estava morta... e vai saber se só eu ainda que não sabia.  Ai eu desci do carro, foi difícil encontrar uma farmácia aberta. O engraçado é que eu não procurava por remédio. Era apenas crédito para telefonar, na verdade pra mandar mensagem, admito que sou viciada nesses textinhos curtos que me aparecem como cartinhas rápidas na tela. Voltei para o carro, a chave estava nele, sorte minha que a cidade estava morta. Que desatenta! Eu seria capaz de perder um carro tão fácil assim? E ai uma cartinha chegou quando o sinal ficou verde. Você de novo? "Do nada me vi pensando nas coisas que você me disse e eu queria que você me falasse o motivo." Santa paciência, ess

cospir um escorpião com você.

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Era meio dia, tinha um monte de coisas pra fazer, e a hora estava passando rápido demais. Foi quando recebi uma mensagem de um número estranho:  Oi Nanda. Como vai? Será que um dia você poderia me dizer todas as coisas que eu te fiz que te deixou tão magoada comigo? Fiquei pensando quem em plena quinta-feira, ao meio dia, se importaria tanto com minhas mágoas que não eu mesma. Dei um sorriso sem acreditar, e li de novo pra reforçar. Fiquei pensando em quem poderia ser, mas depois me perguntei se eu tinha mágoa, então tive dúvidas se não era engano. Mas ai  eu lembrei! Lembrei que realmente alguém gostava de me chamar de Nanda. E que sempre fazia questão de tirar o Fer. E soava tão íntimo, tão amigável, tão curto, tão...único...que eu acho que só você (tirando os membros da minha família) me chamava de Nanda me fazendo me sentir tão importante. Acho que eu adoro isso, e nem sabia, acho que toda vez que você cita meu nome eu me transformo em uma Nanda que nem eu sei quem é. Acho que fico

Armadura quando cai.

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Andava feito um cavalheiro medieval. Podia escutar todos os ferros se movimentarem junto com seu corpo. E suportava todo o peso da armadura ao se levantar, porque nunca soube como era estar sem ela. E tinha medo do desconhecido. Tinha medo das feridas. Estava protegido vestido daquele jeito, estava imune. Um dia alguém lhe ofereceu a ideia de se livrar aos poucos de cada peça, Não lembro qual proposta lhe fez, mas lembro que não concordou, e mesmo assim foi retirando ferro por ferro, sem perceber. Estava com medo, alegre, com medo, leve, com medo, infestado pela liberdade... mas talvez, deveria ter deixado o capacete por mais alguns minutos, porque um dia quase perdeu a cabeça. Quando a armadura caiu toda no chão, foi aquele barulhão! E não demorou muito pra se arranhar pela primeira vez. Doeu. Pinicou. Ardeu. Queimou. Esfriou. Derramou. Sangrou...até que cicatrizou. Armadura quando cai, não pesa mais. Fez o seu melhor, crescemos e então... não serve mais. A não ser

mil corações

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Bate feito um relógio sem tempo,  uma bomba sem tempo,  uma mão no tambor,  no pandeiro,  no ritmo de uma vida que ainda está cheia de corda pra ser feliz. Dispara por lembranças que pertecem mais ao corpo, do que a alma.  Bate  em batidas que não são mais em ritmo de tiros.  E sim como passos,  de alguém que chega discretamente num velório, lembrando do morto.  Dispara diferenciando saudade de vício. Porque uma coisa é lembrar e sentir, outra coisa melhor ainda é sentir primeiro, lembrar só depois e aí sim...in-sis-tir. Bate tão forte, tão grande, tão forte, tão grande! Que entrega o próprio corpo, a essência que domina, e descontrola todo o organismo, numa falsa garantia. Dispara, tipo matando o que me matava. Bate assim,  sossegado  e ansioso por uma nova flor,  pelo primeiro beijo,  por  alguém que valha a pena chamar de meu amor. Dispara ao final da tarde, quando o sol resolve que já deu, esperando alguma coisa da noite.  Bate sem jeito, por um recomeço, num ritmo h

Um estranho na vidraça

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Terça-feria  amanhece, a casa está pronta e arrumada como sempre, entretanto, ao dar bom dia ao dia, percebe que a entrada da casa está com o jardim mais florido, a grama mais verde, e abelhas e borboletas passeiam pelas flores da entrada da casa, como se fossem as mais importantes da rua.  Dessa vez, mesmo  que tudo esteja acontecendo como sempre, há um sentimento bonito e desconhecido na calçada. Arregala os olhos, se não confia espera que ele aperte a capainha. Pergunta quem é, e fica conversando com  a porta fechada de empecilho, até se sentir mais a vontade e abrir a porta um pouquinho.  Um pouquinho porque não quer que o sentimento estranho veja a casa por dentro, e conversando mais de pertinho, ainda que meio se escondendo junto ao fundo da casa,  vai bem devagarzinho ganhando confiança, e vendo o que aquele sentimento pode contar e oferecer. Mesmo assim, não confia por inteiro, então pede que volte outro dia, e o engraçado é que não espera por isso.  Mas se amanhece e ele volta

Meu anjo é de chocolate

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Eu tenho um anjo de chocolate aqui na terra. Ele, já me resgatou centenas de vezes, com suas palavras de compreensão ou na simples vontade de querer me entender e salvar a qualquer custo. Sabemos que alguém é um anjo em nossas vidas, quando muitas vezes, percebemos que o nosso desespero também passa a ser desespero dele, quando nossa dor passa a feri-lo sem querer, quando o nosso amor e  nossas alegrias  passam a contagiá-lo desgarradamente. Sabemos que conquistamos uma bela companhia quando a mesma usa de argumentos racionais pra te convencer de algo que esteja cismada. Um anjo sabe que naquela hora você não vai conseguir- e nem querer- escutar outra coisa. E me é até cômico  como de certa forma, eu e o anjo não nos damos conta desse jogo de persuasão e manipulação naquela hora, exatamente. Outras vezes, temos o prazer de dizer  que tivemos sorte em encontrar uma das companhias mais raras desse mundo, que é a companhia sábia.  Sabe? Um anjo diferentemente das outras pessoas, te enfren

A melhor espiã da cidade

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Doze de outubro era uma data que me tirava da cama cedo. Era feriado, um dia antes eu já teria contado em cima da minha bicicleta, pra rua inteira, que no dia seguinte seria o dia mais feliz da vida porque não haveria aula! Porque eu provavelmente iria passear pela cidade percebendo as lojas de brinquedos lotadas de gente, e haveria de fazer alguma coisa boa, comer muita coisa boa, e sorrir de muita coisa boa.  Eu também, provavelmente já teria recebido um telefonema do Anderson, meu querido primo, combinaríamos algum horário pra salvar o mundo do mal, e provavelmente teríamos alguma ideia nova na cabeça pra nossa empresa de espionagem. É que tinhamos uma, apesar de bem jovens. E particulamente, administrávamos bem...treinávamos memória, passos de karatê, e alguns jogos que ele tinha. Fico pensando como é que naquela época eu sabia exatamente do que gostava, quem eu era (a melhor espiã da cidade) e ainda trabalhava num lugar que eu gostava com uma pessoa querida. Como é bom ter sido cr

Uma carta de amor para o destinatário certo

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Entre todas as linhas secretas, do amor que eu nunca dei por completo,  não quero perder a enorme vontade de escrever cartas de amor. Declaração... essa vontade enorme será escondida na última porta de meu coração, pra que eu não perca a capacidade de transcrever os mais belos sintomas de harmonia  com meus sentimentos, por qualquer razão.  Alguém há de merecer meus votos escritos de ardor, e  leremos juntos em pequiniques românticos, debaixo de árvores, renovando promessas e costurando sonhos, sem  nenhum medo do amanhã, porque estaremos juntos.  Não quero que a idade venha permitindo sentir vergonha e tormento na hora de enviar. Ridiculo seria esconder meus sentimentos, brincar com eles num jogo ou negá-los pensando num doer mais pouco .  Independentes e livres, as cartas serão escritas sem busca de respostas,  sem busca de acordos.   Serão papéis de puro sentimento, para serem entregues, e isso quer dizer muito além do literalmente.  E num desejo, peço que elas fiquem muito mais bon

olhou para os pés

era um jardim de flores coloridas; não sabia disso exatamente; não sabia porque olhava pra baixo; para os  pés; estavam aparentemente delicados e irritados; era visível a aparência da grama seca e amarela queimada em que pisava; estava descalça, por dois meros segundos teve dúvidas se também não estava nua; mas concentrada nos pés, mexeu os dedões; parecia fazer parte de uma auto afirmação; aqueles pés eram realmente seus? Então deu um passo; sentiu a cabeça erguendo-se; olhava pra frente; e viu que estava mesmo num jardim de flores coloridas; respirou aliviada; aliviada pelo fato de que olhar para os pés  não havia descartado a hipótese do começo; sabia exatamente onde estava; Sentiu um delicioso odor; imaginou ser alguma fruta doce; mas não reconhecia qual; havia árvores frutíferas? De repente um punhado de borboletas brancas passaram por seus braços; e ao ver os braços também deu pra ver que não estava nua;  naquele instante que olhou de onde elas vinham para onde iam... já era no

minutos desvairados

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Flor, se acordares desanimada, vista-se com o que te deixe aparentemente bem atraente, meu guarda roupa fica no quarto ao lado. Te falo isso pra que sua beleza não seja julgada, nem os ânimos prejudicados pela prepotência de sua alma. Se dormires de novo aos prantos,  desligue a luz  em silêncio e pense em acordar descansada...tenha consciência! Se comer demais desses biscoitos do pote de mágoas, sua barriga vai doer pra sempre.  E ao escovar os dentes passe o fio dental com menos força, pra não sentir o gosto de sangue na boca. Eu vi no lixeiro... os fios ensanguentados. As chaves estão do lado de fora da casa, dentro do vaso das flores que só se abrem as onze horas. Tem cigarro na terceira gaveta, lápis e papel na segunda, mas não tem apontador, então pegue a caneta na prateleira da cozinha. E devolva para o mesmo lugar, porque é a única caneta que ainda não me foi roubada e eu preciso dela quase sempre quando estou em casa. Ah! Deixei sua blusa na costureira ao lado, havia um peque

16 anos

Saudade daquele tempo...que as ondas do mar me traziam sonhos ingenuos, que as viagens renovavam os dias de uma vez, que as lembranças eram simplesmente urgentes!

Gosto incrível de balinha de maçã verde

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Lá longe eu vejo, um ser que vai colocar a cadeira do meu lado, e me arrancar lágrimas de tanto sorrir. Lá longe eu penso, de cor serão seus olhos, e se o nosso abraço vai se parecer com aquele gosto incrível de balinha de maçã verde que eu nunca enjoava de pedir quando era criança. Silenciosamente eu canto, que ele me encontre primeiro, que eu esteja feliz e distraída o suficiente pra ser conquistada de forma serene. Lá longe eu sei, que será tão natural, que nem vai parecer vontade, o enorme desejo que eu vou sentir de conquistá-lo todos os minutos que me forem fornecidos. Lá longe eu já sinto, as inúmeras vezes no dia que vou agradecer as " gambiarras celestiais "  das quais vou começar a acreditar que existem, por estar vivenciando algo tão bonito.  Silenciosamente eu sei, que não vou me importar de me declarar mais pra ele, do que ele pra mim. Lá longe eu duvido, de que cor serão as desculpas, e se as bocas vão sempre combinar perfeitamente com os beijos.  Silenciosamen

Leite derramado

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                              "...Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.                    Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.                                    Perdão é quando o Natal acontece em Maio, por exemplo..."                                       Trecho do livro infantil Mania de explicação da Adriana Falcão. Escreveu que vai esperar, e eu ainda não entendi pra quê. Recadinho bonito que me deixou, tinha esquecido a feiura da letra, ainda me pergunto o que o teria feito fazer tanta questão de me magoar, se não regava escondido um jardim de ressentimentos? Pelo menos eu admito meus pecados e chorei mesmo pelo leite derramado. Por muito tempo, até pareceu que se importava, mas como cumpriu o combinado, e nunca mais ligou, eu também cumpri o meu, e matei cachorro a grito, sol após lua, acordando e dormindo na espera de uma melhora. Não é fácil sair de cabeça erguida, depois que se tira

Quase do mesmo tamanho

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  Uma planejava, a outra fazia.  Eram irmãs de sangue.  Uma mandava, a outra obedecia.   Eram irmãs quando uma sentia medo a outra tinha coragem suficiente pras duas. Uma acordava, a outra morria de preguiça. Eram irmãs na escola e na frente dos amigos.   Uma  passava o pente e ja estava pronta,  a outra desembaraçava até que se cansava. Eram irmãs quase do mesmo tamanho.   Uma rezava, a outra dormia,  mas na frente dos pais,  por motivos desconhecidos, eram sempre inimigas.  A que nascera primeiro se achava no direito,  a que nascera depois achava tudo muito injusto.  E enquanto uma assistia Tv, a outra reclamava.  Não tem nada pra fazer.  E se não ia desenhar, ia espiar através dos muros.  Nas outras casas...  o que é que eles faziam,  do que é que sorriam,  porque é que brigavam. Venha ver. E sorriam. A que fazia então tinha uma ideia.  Pega sua bicicleta,  vamos pegar a subida da rua ,  e tocar todas as campainhas na descida.  Ta doida? Perguntava morrendo de vontade d
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É hora de ler um romance piegas. Daqueles que vem com a garantia na capa, de que já  foram vendidos milhões de cópias. Desses que lemos com preguiça no início, mas resistimos até o fim por conta do provável fim bonito que acontecerá. Um livro fácil,  com milhares de frases motivadoras, marcadas a lápis pra depois poder emprestar. Talvez seja hora de rever meus valores, ser um pouco mais honesta com minha felicidade, e atenciosa com o que me satisfaça de verdade. Uma boa hora pra fazer planos...eu podia começar com uma lista, priorizando meus propósitos, que aos poucos já se transformariam em sonhos, e logo objetivos. Existe uma grande diferença entre ser feliz para viver, e viver pra ser feliz.  É incrível como a ordem da frase muda completamente a ordem de como as coisas podem acontecer.  É hora de ir no cinema sozinha e sem medo, sugar de um professor, programar um passeio pra aquela cachoeira que fui quando ainda era criança, e não esquecer de ligar uma vez por semana pra aquela ami

Visivelmente doida

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"...a vida é mesmo Coisa muito frágil Uma bobagem Uma irrelevância Diante da eternidade  Do amor de quem se ama Por onde andei? Enquanto você me procurava E o que eu te dei? Foi muito pouco ou quase nada E o que eu deixei? Algumas roupas penduradas Será que eu sei? Que você é mesmo Tudo aquilo que me falta..."   (Por onde Andei - Nando Reis) Não gosto de atender seus telefonemas como se eu não tivesse ressucitado, e nunca me cortou o coração escutar pela décima vez que fostes de coração partido, então vamos parar. Não existe coitado, nem coitada nessa história. O que realmente me deixa rancorosa é o fato de eu nunca poder saber como você reagiria, me vendo tão bem comportada na tua presença  -não me vejo comportada na sua frente por muito tempo- e isso me entrega de joelhos, de cabeça, de corpo e de alma a um maluco, um maluco por quem eu sou visivelmente doida. Como se já não bastasse as que ainda estão se escondendo aos poucos da minha cabeça, você continua com es

Fio quinze

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A medida em que eu ia percebendo que eles já começavam a desconfiar do meu disfarce e finalmente iam me pegar, eu corri numa pressa de piscar os olhos, deixando para trás sem apego nenhum, minhas lindas sapatilhas vermelhas. Por incrível que me pareça, eu não olhava pra trás nem pra saber se estava longe ou perto de ser pega, eu estava completamente entregue a minha própria fuga, segurando a barra  de babados da saia chique que vestia, e desgarrada eu sorria toda maliciosa do vento, que passava desesperado pelos meus cabelos e ventas, meio curioso para onde é que moça tão bela ia por causa do medo, mas toda cheia de coragem? E sem parar, eu não entendia de fato porquê fugia deles, porém fugia com tanta certeza, que era prazeiroso sentir cada fiapo de grama sendo amassado pelos meus pés, e parecia que cada passo meu haveria de despistar quem me seguia, e parecia que aquelas pedrinhas a qualquer momento iriam furar minhas meias. Eu esqueci de dizer, por debaixo da saia  tudo estava reve

Troque o perfume mas não o ar.

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Tenha paciência, que terás fé, que terás respostas , que trarão a verdadeira saída. E então os olhares de medo vão se transformar numa leal coragem, que aos poucos  soprarão ventos que te farão enxergar como seus cabelos ainda voam bonitos, e ai a espera não é mais estressante e interminável, é agradável e natural, como um beijo macio e demorado. E se você se permitir a sentir,  tudo gradativamente vai indo embora mais cedo, mais bem apagado, sem anseios e medo. E se você se permitir a sentir, as músicas românticas podem ser ouvidas  em sossego de novo, sem nenhuma mera coincidência rancor-amorosa . E se você se permitir a sentir, as águas dos seus olhos terão sido derramadas apenas para lavar toda a sua alma penada. Troque a música, troque o estilo das roupas, troque os personagens da capa do caderno, troque os horários, e se te fizer bem  melhor, evite o contato, permita as lembranças que  insistem em ficar, troque o perfume  mas não o ar. Não recomedo para os fracos, mas no

Prefira as bicicletas

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Quando eu tinha sete anos, um dos motivos que me fez não desistir de aprender a andar de bicicleta sem rodinhas, foi a garantia que me deram de que eu nunca mais me esqueceria depois que soubesse. Lembro que sem saber pedalar eu ja gostei da bicicleta, e subia nela todos os dias, fingindo saber pedalar, arrastando sempre meus pés no chão pra não cair. Fazia então, aventurosos passeios pelo quintal da minha casa, pela área, e sentada nela, entretanto sem pedalar, eu tinha gosto de arrastá-la comigo por todo lado. É que naquelas tentativas, naquele faz de conta que eu sei , amanheciam dias que buscavam muito mais que um simples manter o equilíbrio , eu estava buscando o equilíbrio eterno , aquele que me garatiram que ninguém jamais iria conseguir me tirar. Não era a bicicleta em si que me seduzia, mas sim o que ela podia me propocionar a buscar. Ao contrário de mim, a garantia de que uma vez aprendido a andar de bicicleta era pra sempre, não seduzia minha cara irmã Nina. Ela morria de me