sábado, 29 de julho de 2023
gol
quinta-feira, 27 de julho de 2023
Onça pintada
Um dia me encontro de novo com aquela onça pintada que conversou comigo.
Daqui, onde estou, talvez ela não consiga me acessar.
Foi meu trampolim,
um lindo mergulho,
um fabuloso despertar.
Talvez ela consiga me observar mesmo que eu nunca mais a tenha visto,
mas talvez, também seja emprestada daquele outro lugar.
O que ela me disse ainda guardo na memória e no coração.
Medo e admiração.
Medo e presença.
Medo e respeito.
Medo e coragem.
Força feminina como sina…
Não existe onço, com O, no masculino,
nunca se esqueça Fernanda, não existe!
Só onçA com A no final.
Não se curve!
E é preciso aceitar o próprio tamanho,
e não se retaliar e machucar para caber
num espaço pequeno demais para amar.
Se acostume com os desencontros,
com os desencantos,
com os decepcionistas,
Encare e seja selvagem,
nunca submissa,
de quatro apenas para atacar
de quatro apenas para aceitar e evoluir
de quatro não terás bando,
não será o alvo,
não terá lugar definido,
nem buraco fixo,
dê quatro estarás sempre em movimento,
não se agarrará nos mesmos galhos,
das mesmas árvores
por muito tempo…
Caçar sozinha, mas nunca desencontrada!
Andar sozinha, mas misteriosamente acompanhada da sua própria lenda,
do seu próprio pavor…
Rugir e cuidar com o estrago que podes causar com o descontrole,
com a magia do seu grave,
da sua raiva,
do seu cio,
da sua simples presença…
Deixe que o rabo balance devagar,
guiando em círculos e mais círculos,
que te voltam sempre para dentro de si mesma…
Marque território,
encante antes que termine o dia,
se espante!
Pule para fora do território
A mata é sua
A mata é fora e dentro mulher!
Desapareça,
se esconda,
cause burburinhos,
vire um pouco verdade
vire um pouco lenda
vire um pouco história na boca do medo que sonha em ser coragem
Queria senti-la de novo
Quem sabe um dia…
Era linda
Era forte
Era onça pintada...
Juntas entramos em extinção!
Sempre com a certeza de que nunca morreremos covardes próximo ao buquerão.
(✍🏽Texto: Eu e a onça por Fernanda de Alcantara)
girassol
Percebi que gosto de ver teus olhos em cima dos meus
Estou de vez em quando procurando por eles
Me encaram com tanta coragem
Me encaram sem segredos
Mas tudo isso que eu vejo não é sobre mim
É sobre sua própria grandeza
Tua calma é tão alma flor
E minha risada um espírito cheio de ardor
Nossos ritmos são um tanto diferentes
Mas antes de ti já me rodeava algo
Já me preparava e era preparada para algum segredo
Acredite flor, há axé por toda parte fazendo arte com meus devaneios…
Está tudo tão dourado agora,
Me desculpa se eu já me vi tão rápido dentro dos teus olhos,
Sei que tu ainda nem consegue se ver totalmente dentro dos teus…
Me desculpa flor, se te derrubei no rio
Ainda nem te conhecia
Estou aprendendo a ser menos eu
Não ser apressada é tão bonito
Faz pouco tempo que eu aprendi a desacelerar
Faz pouco tempo que eu aprendi a ir mais devagar
Faz pouco tempo que me encontrei de novo,
Que rezei de novo,
Que aprendi a girar e não ficar tonta
Te dei um girassol aquele dia
Era pra ser segredo
Será que foi tão cedo?
Girassol é alegria e esperança
O que há de mal em se desejar alegria e esperança para novos começos?
Com calma, caminho
Com alma, te conheço
Com calma, eu jogo
Com alma, tu se reinicia
e as vezes você diz que eu só te acabo
mas
Contigo eu me sinto num começo
Comigo reflito
Quero essa orquestra que tu me apresenta sem perceber
Escutar teu gozo
Dissolver
Absorver
Como é lindo ter prazer
Como é lindo te conhecer
É uma pena que não vamos muito longe...
Você preferiu interromper
E eu respeito
Percebi que me basta ver teus olhos ainda que não seja em cima dos meus
Aprendi a perder
De vez em quando me lembrarei alegre deles.