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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Chique na parada.

Sabe o que me deixou feliz? Edgar Morin (da teoria da complexidade), Michel Brunet (que reforça a teoria da evolução humana) e Cristovam Buarque (Lembra daquelas eleições? Um carinha que sempre falava em educação?), Poisé...vi os três de terça para quarta dessa semana, lá no auditório da universidade(Vi de verdade!) , em palestras empolgantes e prazerosas!

p.s: Tinhha até fones de ouvidos que traduziam o que os franceses falavam! Lindo né?

domingo, 21 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Eu e o frânces despindo o rei.

Ela nos desafiou, ofereceu dois pontos em troca de que falássemos sobre algum filosófo contemporâneo, aceitei o desafio e ela me entregou uma lista, com o nome dos caras, escolhi o frânces. Meu caminho então, foi cruzado com o de Michel Onfray.
O dia de apresentar sobre ele chegou, comecei contando a fábula do rei, de Andersen, aquela em que ele pensa que está bem vestido mas está nu. E dessa forma trilhei meus colegas para a palavra: ilusão, chegando a deus, e ao "Projeto hedonista ético" de Onfray (que criou uma universidade em Caén sem fins lucrativos, para ensinar filosofia para as pessoas, sejam elas de qualquer tipo) achei o cara um máximo, aliás, quando comecei a saber sobre quem eu pesquisava, me achei sortuda de ter pegado um filósofo do qual os pontos de vista não são tão diferentes dos meus. Foi um acaso muito lindo mesmo, e eu fiquei feliz. Onfray diz em Tratado de Ateologia: "Os três monoteísmos, animados pela mesma pulsão da morte geneológica, partilham uma série de desprezos idênticos: ódio à razão, ódio a liberdade, ódio a todos os livros em nome de um só, ódio à vida, ódio a sexualidade, às mulheres, ao prazer, ódio ao feminino, ódio aos corpos, aos desejos, às pulsões. Em vez de tudo isso, o judaísmo, o cristianismo e o Islão defendem: a fé e a crença, a obediência e a submissão, o gosto pela morte e a paixão do além, o anjo assexuado e a castidade, a virgindade e a fidelidade monogâmica, a esposa e a mãe, alma e o espírito.
A apresentação foi tranquila, no começo eu fiquei nervosa mas depois pareceu que eu não estava mais na sala, eu estava comigo, falando o que eu queria, pensando alto, e quando dei por mim, estava levando assobios e aplausos altos, e então vi o rosto agradável e pela primeira vez diferente da professora para mim, nao que ela tenha concordado, mas eu gostei. Creio que ganhei mais que pontos.
Hãm, isso salvou minha terça, os dias não andam muito legais, e como diz na música: "e eu que andava triste, descrente desse mundo, ao encontrar você eu conheci, o que é felicidade meu amor..."
É...valeu Onfray! :)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Deixe a porta aberta, por favor.


É claro que eu sabia, é claro que eu sei, é claro que por isso as coisas são muito mais difíceis para mim do que para qualquer outro. Primeiro porque quando é com a gente sempre é mais difícil, segundo porque eu sou difícilzinha.
Por que eu sou difícil?!!!
Por uma bolsa no ombro, passar maquiagem e sem perceber... passar de fase! Eu já faço isso, e é sempre surpreendente, todas às vezes.
Não tem um dia em que eu não me surpreenda no espelho. Um dia em que eu não me pergunte como aconteceu. Um dia em que eu não me esqueça e tente ser como sou ou melhor do que fui.
Ela não me fará largá-la assim tão fácil. Ser garotinha é tão legal, mas já me olham como mulher e eu não consigo mais provar o contrário. Meu corpo não consegue mais provar o contrário, nem a postura, nem a voz, nem nada. Entretanto, por qual motivo eu quero provar? E para que?
Não. Não estou mais fugindo. Mas confesso que fugi por algum tempo. E acho que foi necessário, até porque, só assim as coisas foram me parecendo mais naturais.
(...)
Ei (minha) criança (que anda tão interior), não sei se é impressão sua mas eu não estou aos poucos pedindo para que você vá embora, estou pedindo para que fique comigo, me ajude, me lembre a viver feliz, como só eu fui com você.

domingo, 7 de junho de 2009

sábado, 6 de junho de 2009

Ex-istindto


Não é culpa de ninguém e ninguém pode fazer nada. Ou a culpa é de todo mundo e todos poderíamos fazer alguma coisa. E fazem.
"É só desse jeitinho?" Me pergunto mentalmente todos os dias no café da manhã.
"Desse jeitinho é chato", me reforço mentalmente no leite da noite.
Sabe, ando pensando em pensar em dinheiro, todo mundo gosta de dinheiro, por que eu nunca me importei diretamente?
Ando pensando em quebrar copos no muro. Mas acho que vão me cobrar.
Quem sabe pensar em dinheiro, atraia dinheiro, que possam pagar o que eu realmente quero. Quebrar quinze copos em um muro. Ao vivo e a olhos estranhos.
Não prendo mais grampos no cabelo, eles deslizam e caem. Eu gosto de grampos. Grampos pretos. Agora marco meus livros com eles, ainda me são úteis.
Cortei minhas unhas, quem percebeu achou um absurdo. Mais para provar para mim mesma que não preciso delas, mandei ver. Voltei a sentir a ponta dos meus dedos.
Não acho mais a distância do ônibus, até onde eu ando morando, longa. Eu só quero chegar, talvez seja isso, isso me conforta, sinal de que tempo é remédio.
Pude perceber que sexta foi diferente de todo o resto da semana, um sol diferente, a nova estação talvez esteja chegando finalmente, estava temendo que essas chuvas ficassem emburradas e não quisessem se retirar tão cedo.
Tossi umas duas vezes essa semana, sinal de que estou sarando.
Mamãe, anda me ligando mais. Acho que percebeu minha carência, mesmo assim, não consigo falar direito, ouvir o que ela me conta e a barulheira caseira me parece mais vantajoso.
A caixa de correio tinha uma carta da Carolina para mim, fiquei feliz.
Não comi churrus de chocolate nessa sexta. Foram três sextas inesquecíveis. Uma que experimentei churrus pela primeira vez, outra que saciei a vontade da semana toda lembrando deles e a terceira, que não repeti. Aproveitando o paladar, descobri que ainda gosto de petas. Comi algumas petas essa semana.
Esses dias, me olhei no espelho e não me reconheci, vi uma mulher.
Acho que escrever se tornou hábito, ando escrevendo muito, até comprei um novo caderno. Escrevendo sobre tudo, até sujeira no chão.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Olhos regados.

Começava o dia sem abrir os olhos desde criança. Carmem aprendeu a acordar e não abrir os olhos. Toda manhã era assim, desde que criou o hábito, e até depois de casada, continuava com a mania. Aurélio, seu marido, no começo achou estranho, mas como os olhos da esposa, se acostumou. Ela cheirava as cobertas, e com muita força de vontade segurava seus próprios cílios. O que ela mais achava engraçado, era que mesmo com tanto tempo acordando da mesma maneira, a curiosidade dos cílios de se abrirem primeiro e só depois se levantar, era a mesma de sempre. Depois de levantada, e de olhos abertos, Carmem preparava o café. Na casa eram apenas ela e Aurélio. Tomavam café juntos todos os dias no mesmo horário. Ela trazia o jornal para ele, que lhe dava um beijo de bom dia. Aurélio tinha a mania de estender o jornal e depois de alguns minutos de barulho de colher mexendo chão de xícara, praticamente gritava sobre algo que achava um absurdo ou espetacular noticiado no jornal. Algumas vezes Carmem estava com o café na goela quando isso acontecia, e tossia de susto, ele comentava que ela vivia assustada e sorria, e as narinas de Carmem exalavam diferente...ódio. Ela odiava essa mania do marido. Se despediam com outro beijo que representava que não se veriam mais, não até o almoço, e Carmem botava luvas azuis e ia para o jardim. Se punha então a regar todas as flores e ervas daninhas, retirava folhas semi-mortas, e procurava ninhos de passarinho, retirava mamões maduros e colhia tulipas vermelhas para por na pia da cozinha, isso a fazia se distrair quando lavava a louça.
Certo dia, quando já estava de luvas e colhendo tulipas, pois-se a cheirar as tulipas antes de chegar a cozinha e sentiu o cheiro da terra molhada como nunca antes. Levantou as sobrancelhas e salivou de repente. Imaginou-se então, coberta de terra. Sem olhar para os lados Carmem encheu as mãos de terra molhada e engoliu. A terra, marrom avermelhada grudou no céu de sua boca e pintou seus dentes, e as salivas chegavam cheias de pretensão, como se estivessem seduzindo, para que a terra fosse deslizando logo pelo o organismo inteiro. Carmem adorou o gosto da terra molhada e engoliu mais uma vez. Foi para a cozinha cantando e esperou pelo beijo de chegada de Aurélio. Ele chegava, perguntava o que ela achava sobre algumas pessoas do seu trabalho, as quais ela pouco conhecia, e sem esperar o achismo dela, os dois, enchiam suas bocas de comida e bebida.
Anoiteceu e Carmem não conseguia dormir, sentia o cheiro de terra molhada nos lençóis e salivava. Pois a mão perto dos olhos do marido e mexeu para conferir se estava acordado, não estando foi para o jardim. Molhou a terra e comeu. Sorriu para a lua cheia, acariciou as tulipas, e comeu de novo.
Aurélio nunca descobriu o que a esposa andava fazendo. A terra marrom avermelhada nunca descobriu que trazia felicidades não só para tulipas.
E Carmem acordou feliz aquela manhã, sem abrir os olhos é claro.
Teve um sonho sublime, terra no jantar.