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sábado, 15 de fevereiro de 2020

Corais

Sonhei que eu nadava no mar sem medo de onde iria chegar. E nadava, nadava, nadava até ouvir o barulho das gaivotas e esquecer o som da praia. Nadava de costas, sentindo o sol no meu peito e barriga. Tudo era azul, em cima e embaixo. Tudo era sol e luz. 

De repente havia uns macacos pretos comigo, não sei bem de onde eles surgiram. Eram engraçados e peludos. Uma hora pareciam grandes, maiores do que eu, outra hora pareciam pequenos e travessos. Nadávamos juntos e em sincronia, parecíamos bailarinas marítimas. Chegamos em alguns corais e paramos para fazer cocô. Cagávamos com força e satisfação. Ninguém nos via. Eramos todos selvagens. Os macacos pulavam comigo, ríamos, até que eles sumiam e eu andava sozinha pelos corais pensando que o dia não fosse acabar. Uma hora eu parava e respirava fundo e pensava com orgulho de mim mesma, por ter nadado tanto sem medo da imensidão e do mistério do mar. 

Alguém me dizia através do vento que corria entre meus cabelos que eu deveria nadar depressa e voltar para a praia. É que o mar seria dos tubarões em breve, dependendo do horário que eu voltasse, talvez seria perigoso ficar. A maré ia subir, onde eu iria ficar? Eu sentava abraçando meus joelhos e pensava quase chorando que preferia não ter ouvido o recado. Com medo, agora temia voltar a praia. E se eu nadar e um tubarão me pegar? Para onde foram os macacos para me trazer alegria? O sol parecia estar indo embora, sentia frio e sede, e as gaivotas paravam de falar.

Meu sonho parecia agora um pesadelo. O mar não parecia mais meu amigo, nem um doce mistério. Confusa, fiquei nos corais parada... até acordar.