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segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Delíquio

Escureci meus cabelos aquele tempo, um chamado para o meu oculto? Pensei e repensei no que eu não quero mais deixar claro. Não estou na superfície tem um tempo e não entendo porque passo por processos de esconde-esconde tão repetitivos. Tudo é tão instável e perplexo... as vezes me canso de ser insuportável. Por que tudo precisa ser tão significativo? Por que tenho que ser tão pesada? Não sei explicar o que é leve, mas sei sentir.

Agora ainda mais essa, dos pensamentos obsessivos que eu não devo me preocupar mas que tenho. Uma invasão sombria que me confunde e perturba sem o meu controle. Muitas vezes na multidão ou antes de dormir. O que eu preciso notar ainda? O que eu ainda preciso tanto descobrir sobre a minha própria cabeça? Por que carrego o fantasma do medo abraçado a uma coragem que preciso alcançar? Queria ser mais madura emocionalmente. 

Quero ser... acredito an lei da atração, estou encantada com essa nova obsessão, me faz sentir melhor... até porque me parece que os baldes nunca se enchem o suficiente e que tem uma linha também, uma linha que me puxa do meio da testa pra frente para algum caminho. 

Seria a vida? O destino? A sina? O carma? A jornada do fim ou de outro começo? As vezes me sacudo por mais tempo num mesmo ponto, mas ainda estou com a linha na minha testa. Sei que ela não me leva pra trás, apesar dos fantasmas virem comigo, é sempre pra frente e pra frente... Ainda que de repente eu me desfaça dos meus papéis, amizades, alianças e outras utilidades... deveras eu canso, para que continuar? 

Tenho alguns sonhos separados nas gavetas para desejar. Desejar traz sentido. Será a vida esse abrir e fechar de gavetas? Um bolo fofo e eterno de realizações com coberturas de quereres? O que mais eu esperava se nunca tive uma pamonha de planos concretos embrulhados com capa... Ah, as vezes não quero nada. É errado não querer nada? Me sinto um pouco diferentes de quem saltita por aí. 

Meu problema é químico doutora? 
Emocional? 
Espiritual? 
Infantil ou da infância?
Da geração ou dos ancestrais?
Eu já me acostumei com a chatice, com o vai e vem, disseram que aos 40 passa tudo, fiquei com a data programada na cabeça. Quero cobrar todas as soluções, ver pra crer, pensar positivo, atrair.

Enquanto demora, quantas vidas eu perco pelo caminho? Quantas vezes vou morrer e renascer, brigar e perdoar, me apaixonar e querer morrer, aprender e esquecer. Eu gosto de comer e depois sentir fome de novo. Mas de chorar, morrer e nunca ter cura, eu tenho medo. 

Não penso em soluções drásticas, aliás só penso e sonho e as vezes temo ser meu fim. Mas não faço, não farei. Acho que me acostumei com isso. É um processo até confortável ter essa decisão na cabeça... não sei se estou cansada realmente.