sexta-feira, 29 de maio de 2009
Esqueleto de peixe
Comprei a cordinha do meu pen drive, quando perguntei ao moço, ele me mostrou só cordinhas cor de rosa, odeio quando isso acontece, (será até quando vão me mostrar apenas sessões de cor de rosa?) Mas aí... no meio das cordinhas rosas eu vi a vermelha, e sabe o que tinha no zíper da cordinha vermelha? Um esqueleto de peixe! Sim! Sabe nos desenhos animados? Quando os personagens comem o peixe e sobra só a espinha dele? Poisé!
Achei tão inusitado, me apaixonei e levei.
Aqui estou eu com a cordinha no pescoço, e um esqueleto...um esqueleto de peixe de zíper.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Nunca. Ouvi. Falar.
-Ei! Moça!
Ela não ouviu. Tentei de novo.
-Moça! Ô moça!
Nada. Desisti rápido e minha tia voltava com seu maço e dinheiro nas mãos. Pergunta-me:
-E essa cara?
-Queria saber a música que está tocando...
-Por que nao pergunta?
Eu já tinha perguntado. Mas absorvo a sugestão indo até lá. Futuco o ombro da moça e pergunto.
-Sim, estou nesse carro, quem canta é o...o...Espera! Aquele rapaz ali te responde, ele é o dono do carro e do cd.
E veio o homem, aquele mesmo, de óculos maneiros.
-Oi, você pode me dizer quem está cantando?
Ri. Abaixa os óculos e pergunta em vez de responder:
-Você gosta?!
-Sim...mas não sei quem canta...
-É o chuck! Chuck Berrys! Já ouviu falar? É clássico!
-Não...mas vou saber agora!
Ele vem se aproximando, eu vou me afastando e ficamos separados por um carro, ele grita:
-Chuck berrys!
-C-H-U-C-K-B-E-R-R-I-E-S?
-Não, Y-S!
-Ah! Tá!
E entrei no carro. E a tia pergunta:
-E aí? De quem era a música?
-Chuck. Chuck Berrys.
-Nunca vi mais gordo!
-Hum?
E a música e o não agradecimento ficaram na minha cabeça.
No mundo dos mimimi.
Sem ideia.
Mas é só uma ideia.
Eu faço parte dela, entrando em contato.
Provando. Provar, parece incorreto, já que quando se é, se é e acabou.
Faço ideia do que sou.
Mas é só uma ideia.
Tenho que saber se eu ajo de acordo com ela mesmo, mas...se tenho que saber, quer dizer que não sei, posso não saber, se sou?
Faço ideia do que sou! Mas é só uma ideia. Preciso sentir que faço e sei só vivendo com ela. Mas se preciso, não tenho, não é?!
Não provo, não faço, não sei, não tenho, e acho que precisava de tudo isso.
Não faço ideia de quem sou.
Mas ainda assim... é só mais uma.
Uma ideia!
terça-feira, 26 de maio de 2009
A princesa e o sapo em um passe de marcha.
-A princesa quer carona? (Terminou sorrindo)
E ela lhe respondeu ironica:
-E o sapo? Quer a princesa não é?
-É uma pena que eu não dê caronas para princesas engraçadinhas...
-Logo agora que eu ia resolver pegar carona com sapos sérios?
E virou-se para ele. Que ficou abismado. Ficaram sérios e riram. Ele disse então:
-A princesa quer ou não carona?
-Não posso aceitar carona de sapos, ainda mais estranho.
-Beto, engraçadinha.
-Sueli, rua 75, por favor.
E foi nessa esperteza que a princesa entrou no carro rápido. O sapo ficou de boca aberta, riu e levou-a em um passe de marcha para a rua 75.
Um para o outro.
Depois, ele ligou dizendo que não ia mais voltar. Ela atendeu, tampou o telefone, e bateu ele no gancho com tanta força que o fio saiu do receptor. Toda uma conexão desviada, como se não bastasse apenas o desvio entre eles.
Passou-se alguns dias e ele mandou um email dizendo que não ia mais voltar. Ela clicou no item, leu, e excluiu sem ler mais de uma vez. Todo um trabalho de mãos desperdiçados...
Mas porque ele insistia em dizer que não voltaria? Queria fazê-la sofrer?
Ela escreveu uma carta dizendo que já sabia que ele não ia mais voltar. Ele leu, abraçou o papel, e rasgou. Mas uma vez as pobres das letras se desuniram.
Depois, ela ligou dizendo que já sabia que ele não voltaria. Ele atendeu, tampou o telefone, e bateu no gancho com tanta força que o fio só não saiu porque não existia.
Passou-se alguns dias e ela mandou um email dizendo que não precisava avisar mais, ela já entendia que ele não ia voltar. Ele, leu e excluiu.
Mas porque ela insistia em dizer que ele não voltaria? Queria fazê-lo sofrer?
Um agia da mesma forma que o outro. Mas talvez não fossem feitos um para o outro. Como ele não voltou mais e ela também não disse mais que já sabia, o verão foi embora.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Uma pessoa doce no meio da confusão.
(p.s: Eu amo minha irmã. )
sábado, 23 de maio de 2009
Dentro daquela pia morreu um duende.
Nada. Foi para a cozinha e do banheiro escutou:
(Dedicado a uma colega da sexta série, Ana Bárbara, que me contou sobre uma prima dela, que afogou um duende na pia.)
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Sem esmolas.
Como toda feira: Muita gente,
muito barulho, muita comida e cheiros
para dar e vender.
No meio da bagunça, um som.
Era uma sanfona quando conseguiu ouvir mais de perto, um cego que tocava, um cego que parecia gostar de viver, e olhando para a sanfona, cantou o trecho:
-"...deus do céu ai, por que tamanha judiação..."
Planta, pimenta, torta, espeto, cerveja, vestido, brinquedo, colher de pau...
Não estava com dó do velho, nunca esteve. Estava pensando nela.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
Fê-brão
Tossindo. Passei a madrugada inteira tossindo. Mais um resfriado na minha vida, eu podia contar, do primeiro até este, mas pensando melhor? Contá-los para quê?
Pelo menos quebrou minha rotina...vejamos pelo lado positivo das coisas. Lado positivo... das coisas...
Acordei assustada, estava quente, tão quente que pensei que o colchão estava pegando fogo, e mesmo assim, sentia frio.
Me lembrei, sou um corpo. Sou tão avoada que quase sempre ajo como se fosse uma ideia, uma almazinha flutuante.
Tão frágil, dói e adoece...E as ideias, pobres ideias, dependem dele. Mesmo queimando, com frio, tossindo, eu ainda pensava, isso de algum modo, me confortou,
"Nada demais, por dentro estou bem." era o que ela (eu) me falava.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
A talentosa de amarelo.
É engraçado como todas as sextas ela está vestida diferente, me parece que temos até um encontro marcado. Um dia, ela estava toda de vermelho, faria uma personagem sedutora, outro dia toda de azul, faria uma mulher de governador, outro dia, não muito longe, estava toda de preto! Esse dia ela estava um arraso! Faria uma viúva. Lembrei de mim.
Troco apenas duas falas com ela: "Licença, posso entrar?" e "Estou de saída.", agora, trocamos três, porque ela exigiu outro dia que toda vez que eu saísse desejasse muita merda para ela, no começo eu fiquei meio sem jeito, mas depois entendi que faz parte do mundo dos talentosos dizer certas coisas sem nexo.
Dizem que ela é muito boa nos palcos, mas eu nunca vi nenhuma apresentação sua, a não ser alguns ensaios na frente do espelho, que é de onde eu descubro suas personagens, mas se no espelho ela faz bonito, deve fazer bonito no real.
Um dia, entrei no camarim e ela já estava se apresentando, quando se apresenta, não volta muito cedo, e eu aproveitei para me olhar naquele espelho tão especial.
Eu, minha vassoura e meu avental fomos um personagem por alguns minutos, lembrei de meu falecido, morreu jovem o meu amor, lembrei depois do meu papel, faxineira, com isqueiros, viúva e sempre sabendo do diabo do amanhã, acho que tenho inveja da loira, pelo menos ela representa pessoas todas as sextas.
Nesse dia, a bolsa da atriz estava aberta e em um impulso levei a bolsa comigo, e peguei um vestido amarelo que estava pendurado perto dali.
Na rua, eu já estava arrependida do que tinha feito, mas não voltei.
Em casa vesti o vestido, passei a maquiagem que tinha na bolsa, olhei as fotos e recados sem vergonhas que eu nunca iria imaginar existir ali, e bebi em um bar chique da esquina, eu estava representando pela terceira vez na vida.
Uma foi quando casei, eu era uma noiva, ria feito boba das pessoas que me olhavam, da segunda vez foi no velório, quando fui viúva, chorava feito boba das pessoas que me olhavam, e agora eu era uma talentosa... de amarelo e chique.
Não sei se foi o amarelo, mas o público não me aplaudiu, mesmo assim eu sorria feito boba para quem passasse. Depois de alguns copos, lembrei do falecido, deu vontade de soprar fumaça, e eu não tinha isqueiros. Me senti então, apagada.
Voltei para casa, como eu estava bonita no espelho. Mandei a bolsa e o vestido como encomenda para o teatro, e desse segredo só eu sei, e quem sabe... o falecido...
Ninguém desconfiou de mim, e ainda varro nas sextas o camarim da tal atriz, ela me pede isqueiros ainda, e pensa que algum homem mandou a bolsa e o vestido para ela, por conta de um recado que deixei na bolsa.
Nunca mais representei, meu papel me satifaz e eu ainda entrego isqueiros à ela, eu sempre tenho isqueiros! E isso... me acende.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Eu só vejo os espinhos.
Listando comandos eu perco meus subjetivos, e algumas partes das minhas emoções. Eu vi muitas coisas, ouvi outras tantas.
Mato, qualquer ideia que surgir meio rosa, tudo que me vier meio rosa. É que não me parece legal nesses momentos rosas, sonhar e inventar. Esse mundo é encarado por tanta gente, será que eu sou a única que atira no escuro sem saber se tem ladrão? É perigoso ué! É idealizador, não tenho problemas com isso, fantasiar é tão fácil e divertido, mas assim... é uma grande responsabilidade. Não vai se tratar só de mim, não vai se tratar só dos meus pronomes, e não estará no meu governo, é uma enorme responsabilidade.
Sem contar que...
Viu como eu mato possibilidades?
domingo, 17 de maio de 2009
Uma impressionada sobre pressão.
Eu, devo estar procurando...é. Seriamente, eu estou procurando. Sentidos, continuações, entender, julgamentos. Encontrar é que eu não tenho certeza, até porque esse próprio encontrar é subjetivo, está no ar... não respirado. Se eu encontrasse, acabaria. Acabaria de começar a procurar algo a mais. Não acaba nunca. Procura-se sempre.
Me entendam:
É tudo tão friamente calculado, estamos (todos nós) programados para perceber profundamente tudo a nossa volta, na hora errada! Ou de forma mais otimista, na hora certa! Na hora que já conhecemos ou amamos.
O erro, ou cartada final perfeita da vida, está aí. Só vamos descobrir que existimos, quando já estivermos manipulados por quem amamos, ou por qualquer coisa que tenhamos conhecido e nos apegado.
A humanidade está viva até hoje, e por quê? Motivos. Parte dela é depressiva ou foi ou será ou está pré-disposta a ser, e por quê? Motivos. De todo modo, morreremos, querendo ou não.
Acredito que a depressão é um desvio. Metaforicamente, eu vejo que é como se entregassem(quem?) camisetas para nós. Os desviados, são os que vestem essa camiseta, mas não a sente no corpo. O necessário é sentir, sujar, rasgar, remendar, pintar, costurar e lavar.
Resistência, resistência salvou e salva a humanidade. Alguns vestiram a camiseta e contribuíram com as necessidades dela. Os não manipulados, ou vivem querendo tirar a camiseta ou vivem e sabem da camiseta, mas por algum motivo, que até mesmo ele desconhece, ainda a veste, mesmo sem senti-lá, isso é... ruim.
É tudo tão friamente calculado, estamos (todos nós) programados para perceber profundamente tudo a nossa volta, na hora errada! Ou de forma mais otimista, na hora certa! Na hora que já conhecemos e já amamos, e é só por causa disso que ainda existe seres humanos e também por causa disso que morrer por conta própria ficou fora de órbita.
Eu, estou indiretamente dizendo que o sensato era não existir humanidade. O sensato seria, nada disso aqui existir, nem eu, nem você, nem o que eu gosto. E se passou a existir, porque não entrou em extinção? (Ideologias, eu sei...aliás, isso é que é poder.)
Contudo, em outro grau, e aqueles outros? Os que não as tiveram, os que a tiveram mais perceberam algo a mais? Ou aqueles homens que vieram primeiro, mesmo! Que resistência, não?!
Para aqueles que conseguem, que lutam em prol do que não sabem direito, mas querem melhorar, fazem melhorar, buscam o melhor possível para todos nós, e facilitam nossas vidas cuspidas, vocês querem até demais para quem não sabe direito porque faz! Eu estou impressionada com vocês! Eu amo vocês! Vocês me assustam! E eu tenho inveja de vocês. Porque, se tudo isso estivesse nas minhas mãos, estaria em extinção.
Quando a hora certa chegar, quando você se der conta que existe, se não tiver conhecido ou amado profundamente qualquer vitém, você é um desviado, um não manipulado, outrora, pode não suportar, e vai querer tirá-la, a camiseta.
(...)
Então, seria melhor deixar-se errar, ou de forma mais otimista deixar-se acertar. Não estou dizendo que é para entrar em uma ideologia, estou dizendo que é para parar de procurar, que é para ser resistente como aqueles primeiros homens, como os curiosos, como os fortes e que mesmo sem saber não tem preguiça de melhorar, de caçar mais para conhecer, para amar, para viver, simplesmente.
Simplesmente, essa é a palavra. Que simples...