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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Nunca. Ouvi. Falar.

O carro parou no posto. Ela desceu para sacar seu dinheiro e comprar um maço. Do meu lado parou um fusca que parecia ter sido bem branco antigamente. Desceu um homem de cabelos até o pescoço e que usava um óculos maneiro e roupas largadas. Até aí tudo bem, mas foi aí que o som do fusquinha começou. Um rock daqueles bem antigos, que só eu tenho vontade de descobrir quem canta e nunca me vem a oportunidade de descobrir. Veio-me a sensação "agora ou nunca", e reparei se tinha alguém no carro, tinha uma moça do lado de fora, encostada, e gritei:
-Ei! Moça!
Ela não ouviu. Tentei de novo.
-Moça! Ô moça!
Nada. Desisti rápido e minha tia voltava com seu maço e dinheiro nas mãos. Pergunta-me:
-E essa cara?
-Queria saber a música que está tocando...
-Por que nao pergunta?
Eu já tinha perguntado. Mas absorvo a sugestão indo até lá. Futuco o ombro da moça e pergunto.
-Sim, estou nesse carro, quem canta é o...o...Espera! Aquele rapaz ali te responde, ele é o dono do carro e do cd.
E veio o homem, aquele mesmo, de óculos maneiros.
-Oi, você pode me dizer quem está cantando?
Ri. Abaixa os óculos e pergunta em vez de responder:
-Você gosta?!
-Sim...mas não sei quem canta...
-É o chuck! Chuck Berrys! Já ouviu falar? É clássico!
-Não...mas vou saber agora!
Ele vem se aproximando, eu vou me afastando e ficamos separados por um carro, ele grita:
-Chuck berrys!
-C-H-U-C-K-B-E-R-R-I-E-S?
-Não, Y-S!
-Ah! Tá!
E entrei no carro. E a tia pergunta:
-E aí? De quem era a música?
-Chuck. Chuck Berrys.
-Nunca vi mais gordo!
-Hum?
E a música e o não agradecimento ficaram na minha cabeça.

Um comentário:

Marina de Alcântara Alencar, a Nina. disse...
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