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quarta-feira, 22 de julho de 2009

Fê-licidades

Acordei calada, sem rumo, sem dança. Hoje tenho exatamente dezoito anos de existência terrestre com pingos flutuantes de esperança para este mundo que me impressiona, decepciona e também muito me emociona. Posso jurar, que psicologicamente senti trinta rugas de pirraça. Que nunca odiei tanto os meus defeitos e nunca pensei tanto neles. Acho que preciso de terapia. Tudo anda tão relativo, tão ordinário, tão simpático... que é estranho, estranho mesmo de se auto perceber. Brinco com minha estima de minuto para minuto. Brinco com minhas decisões de minuto para minuto. Brinco de "nem aí" quando digo para corrigí-los. Brinco demais...
"Fê-licitações" para mim,

... e que eu não engorde, acho que não tenho auto estima suficiente para ser gorda.

(Não precisava Marilyn! =] )

terça-feira, 21 de julho de 2009

Meus quadris.


Eu não caibo mais no banco do quintal, sem me ajeitar. O sol continua deixando o quintal lindo, verde e brilhoso.
Desse jeito, cresce uma vontade de diminuir. Diminuir -me como a "pintinha grão de arroz" da minha perna, para ver o quintal sobre outro aspecto. Tenho inveja do Lucas, ele passeia pelado pelo quintal sem ter que dar explicações, pensando sabe-se lá o quê...
Tem cebolinhas no quintal agora. E hoje de manhã eu tirei de lá um mamão pequeno e maduro para comer no café da manhã. O cachorro de pedra nunca fechou a boca. As bananeiras crescem de um jeito que me assusta. E...é, as acerolas pararam um pouco, mas não de vez. Sem elas falta um pouco de vermelho. Sem mim o quintal continua. Mesmo que os bancos dele sejam feitos para sentar.
Eu não caibo mais no banco do quintal sem me ajeitar.

sábado, 18 de julho de 2009

Penando com Maria.

Naquela época, não tinha muito o que se fazer. Quando sua mãe ainda era viva, lhe dizia: "Maria! Tira o choco dessas galinhas!". Maria tinha sete anos e adorava galinhas. Se quisessem deixá-la feliz, que a presenteassem com uma galinha ou pedisse para fazer algo por elas. Galinhas com choco, são galinhas que não se calam. Maria colocou as duas galinhas no saco e foi para o córrego, sozinha. Lá, tirou uma galinha enfiando o pescoço dela dentro da água, segurava-a firme, afogando a pobre ave, e olhava para os lados, e para cima, vendo as folhas brincando de tapar o céu. Daí, se lembrava da galinha de novo e tirava de dentro do córrego, a galinha desesperada, se sacudia inteira de medo, e Maria sorria feito gente grande quando vê dinheiro, "Como é bobó!" pensava e sorria a menina. E logo, Maria repetia a judiação, enfiava e desenfiava a cabeça da pobre ave nas águas, como se estivesse lavando uma roupa. Foi quando o choco parou. "Consegui?", quase vibrou a menina, mas a galinha estava morta.
Ainda restava uma, Maria mudou de planos. Voltou para a fazenda, vendo o meio do terreiro quente do sol, teve uma ideia e tirou a outra galinha falante do saco, segurando-a firme, pôs ali no meio e a tampou com uma bacia. Como estava quente, saiu dali, e foi brincar. Voltou depois de alguns minutos, e destampou a galinha, que mole cambaleava sem ar, Maria riu feito bêbada da pobre ave, mas como ainda estava com um pouco de choco, tampou outra vez com a bacia e foi brincar. Quando voltou para destampar, na expectativa de sorrir da ave ou ter retirado o choco, a galinha nem cambaleou, morta.
"Mãe, mas não é de ver que as galinhas morreram?", explicava cínica a mãe.
E a menina sem pena e sem galinha, saiu sorrindo em busca de uma manga madura.