segunda-feira, 29 de julho de 2013
quarta-feira, 17 de julho de 2013
o caminho não será aberto
Compreenda, não de uma vez que nem eu
compreendo cada passo meu dessa forma... se é pra eu ser a personagem
principal, eu preciso agir, e eu começo dizendo que eu escolhi e escolho ir
pela floresta. Não é assim, vocês precisam entender quantos bichos eu carrego nos poros da
minha pele macia, são espíritos de animais selvagens, de animais que querem
sair, mas ainda não alcançaram plena liberdade pra se despedir completamente da
maldição do meu corpo, a chave está a caminho, metade dela na minha alma, e a
outra metade na passagem que eu devo seguir. Preciso seguir a abertura, aonde devo
chegar? Por quem? Para que? E depois? Por favor, por favor...não tente me
segurar pela capa, não dite o caminho das pedras, não faça isso de encher meu
coração de preconceitos estranhos, porque depois ele vai me cegar a ponto de
não me fazer enxergar o óbvio, e é lá que está todo o sentido e lado bom da
vida. Vamos! Não tem magia, não precisamos ser levados, nossas asas são os pés,
não importa se a cesta estiver alguns dias pesada, outros dias estará leve, e
eu sou quem mais espera que possa carregá-la até o final, acreditem.
Os animais selvagens que gritam aprendem a me guiar, eles compreendem que está perto de pararem de se alimentar do meu medo, eles sentem que a fé vai alimentá-los pra todo sempre sem maiores agonias. Não conte meus segredos por ai, nem fale dos meus planos, converse comigo, por favor...converse comigo.
Os animais selvagens que gritam aprendem a me guiar, eles compreendem que está perto de pararem de se alimentar do meu medo, eles sentem que a fé vai alimentá-los pra todo sempre sem maiores agonias. Não conte meus segredos por ai, nem fale dos meus planos, converse comigo, por favor...converse comigo.
Eu escolhi ir pela floresta, fique com esse caminho que eu quero passar pelo temor, preciso ter meus próprios
medos, não posso ter medo de uma coisa que não conheço, não vou percorrer esse
caminho aberto proposto e sugerido como menos perigoso, cansei de ser permitida
pelo sistema, me deixa levar os doces, eu consigo - eu consigo, e deixe
pra lá sobre essa minha pretensão de escolher ir pela floresta, mesmo que
algumas vezes eu pareça caos, o caos se encontra como pequenas explosões, que a
todo momento geram "N" estrelas de pistas pra que eu mesma descubra e
vá decifrando cada vontade que eu passo, cada vontade que eu mato e cada
vontade que simples e complicadamente passa.
A vida nunca vai falar nada, nunca vi
moça mais conservadora e sistemática. Uma hora passa pelos dedos, outrora os
arranca sem piedade, tem horas que passa como fumaça de cigarro, devagar, se
despendido sensualmente cheia de perigos e mistérios... até as tartarugas são
mais rápidas que o recado de um assassinato, e vai saber se não chegam atrasadas
porque param dez minutinhos nos arbustos para foderem as escondidas com as lebres.
Como eu posso controlar o paradigma e
preocupação com a vida se ela está dentro de mim? Para, preciso dialogar, lidar, ser paciente enquanto a beleza da idade permite,
enquanto as flores ainda tem cheiro. Eu não vou mentir pra ninguém, e se as vezes eu sou o próprio lobo que a floresta espera? Os estranhos vão chegar, deixa comigo que os doces são gostosos e também vão chegar, mas por favor não se aborreça porque eu escolhi ir pela floresta, respeite minha capa, o caminho não será aberto, eu escolhi ir
pela floresta, veja pelo lado que é bom se entregar e enfrentar o medo.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Nossa vontade de estarmos sempre encantadas
Imagem do Filme "Da magia a sedução" que assistimos milhares de vezes. |
Batemos em todas as campainhas da rua, depois descemos a ladeira na bicicleta, as cestinhas pulavam pra fora na hora da descida e subíamos tudo de novo pra buscar. Outras vezes caíamos feio e esfolávamos cotovelos e joelhos, não podíamos mais ser modelos então plantamos um pé de feijão com algodão que sempre morria, ai brincávamos de escolinha, enquanto arrumávamos uma sala de aula de mentira, éramos só duas meninas, mas de repente minha mente e a dela entravam em sintonia e naquela pequena área, pais, professores e uns 20 alunos de mentirinha e personalidades diferentes tomavam conta da nossa casa e imaginação. Eles se comunicavam com a gente, passávamos o que sabíamos pra eles, ai quando a gente cansava de dar aulas, uma virava polícia e a outra ladrão, perseguição na casa toda, a escola acabava antes do sino tocar, uma corria atrás da outra até a outra cair e começar a chorar. Depois do choro queríamos sossego, por que não uma ser uma tal de Glória e eu Maceli? Mães, casadas, profissionais, vida normal, vida de casinha...quando ficava chato brincar de adulto, corríamos pra TV, "tá passando castelo rá-tim-bum, corre!", e antes da escola, um pouco de ação "você é a ranger amarela, eu sou a rosa, tá? I-áááá!"
Na falta dos garotos, uma hora vai saber porque alguém precisava da representação do homem:
"-Quem vai ser o homem?
-Eu não! Nem olha pra mim!
- Rum, tu tem medo de ser homem?
- Eu não! Só não quero ser o homem.
- Pois então eu sou o homem! Olha minha voz de homem, olha meu andar de homem, olha... você é uma mulherzinha bonitona!
- Ah não! Não vou mais brincar!"
Quando acabassem todas as alternativas de brincadeira, o jeito era imitar a novela, virávamos órfãs, vítimas do destino, duas Chiquititas, ou que tal Paola e Paulina Bratcho?
"- Bora fazer um cigarro, igual o da Paola?
- Bora ! "
Brincávamos com fogo, caímos da rede (mas triscamos no teto!) no ar, nossos pés eram marrons da rua, queimada com os vizinhos era guerra, elaboramos uma casinha na árvore que nunca deu certo, juntamos dinheiro pra abrir um clubinho que não entrasse patricinhas, com descaso roubávamos todos os dias nosso próprio cofre pra comprar dindin e cremosin , o clubinho obviamente não deu certo. Monopolizamos o parquinho do Dair José Lourenço, arrebentamos a boca em balanços, enganamos outras crianças que víamos seres mágicos, fizemos castelos de areia que a chuva destruiu, abelhas nos picaram, mentimos, fizemos teatro, natação, brigamos, sentíamos medos diferentes. Nosso lugar preferido era o fundo da piscina e debaixo da água tentar adivinhar, convencemos estranhos que éramos bruxas, até compreender que magia nem com força de vontade existia, o que existia mesmo era nossa vontade de estarmos sempre encantadas... e quanto mais o tempo passava, mais as brincadeiras iam perdendo a graça, e o tédio vinha nos visitar. Na vida é preciso criatividade, pra tristeza e o nada não se apossarem ... mas uma coisa que eu nunca entendia, era como era bom sofrer o ócio junto, compartilhar ou saber que alguém também estava ali comigo, entendendo os perigos da mente, que alguém sentia do mesmo jeito, que alguém não ia mentir que era diferente, que ali do meu lado alguém sempre teria fases como eu, de carne e osso...e em frente, lado a lado.
Para quem resolveu nascer 2 meses depois de mim, porque queria compartilhar.
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