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segunda-feira, 29 de julho de 2013

tem uma caixinha de música no seu peito

manda dizer que faltam dois dias pro verão de julho acabar e que consegui viver o tal de 'amor' de verão dentro dele. Foi a coisa mais doida do mundo, aconteceu tudo ao mesmo tempo, um fantasma finalmente indo embora, e a luz dos olhos de um louco, infestando todo meu juízo com pouquíssimas palavras e alguns palavrões. A revolução começou por fora, pisquei e não é que estava aqui dentro? Da barriga para o peito? A gente nem se declara, cara... é uma coisa maluca de olhar mesmo. Preparado ele não está, tem cadeados por toda sua alma, mas de vez em quando ele denuncia aonde estão as chaves, talvez ele espere ser aberto... mas isso eu nunca poderei fazer, gosto que me deem as chaves nas mãos, ou que abram e me mostrem como visita, nesses casos nunca acho boa ideia procurar por coisa que são dos outros. Pra ser sincera, nem me importa o futuro, e isso é tão sinistro, tem sabor de prova de amor, me enche de liberdade, de lembranças que não podem mais me afligirem a alma, e ainda renova minha verdadeira forma de saltar ao questionamento: em que parte da loucura dele, a minha quis entrar...? O pescoço dele tem um negócio que me pede beijos com respiração, ai eu respiro paixão e sou mulher mais atrevida toda vez que o encontro, e ele está sempre perdido, mas não tem nada a ver comigo, todo mundo vê que extrapolou com suas asas, a ponto de estar preso dentro do próprio voo e nem sempre conseguir controlar-se, ele tem marcas profundas nas palavras que solta pela boca, e elas denunciam que também já passou pelo inferno e eu gosto de pessoas que já passaram pelo inferno, contanto que elas consigam sair, 

nem sempre como eu...                                               

com tantos "foda-se's", vai acabar esquizofrênico, eu podia esperá-lo no final do corredor do hospício cheia de luz, mas ele é dono de mexer com pretextos, e as mãos trêmulas anunciam que já quis muito não viver a realidade...é preciso respeito, na verdade, vai ter uma hora que cada frase dessa, vai parecer que tô demonstrando um pouco de medo, mas eu nem tenho tanto medo assim, é só que nada disso está nas minhas mãos. E eu não posso me preocupar com isso. Infelizmente, ele precisa querer se desamarrar da forca e sair. E eu, tenho o direito de ficar calada e não posso falar demais, pois já estou muito infectada.

Não me iludo, minhas memórias são sagazes e não brincam com desleixo, não queria que nos perdêssemos de vista por longos tempos, se a sensação dos nossos olhos fosse eternamente a mesma, claro... o mais sinistro é que com ou sem adeus seu semblante não me enfraquece, nunca serei fraca. E é como se nunca mais eu pudesse ser fraca, e nesse caso não tem nada a ver com você mais, e sim com superações de inferno. Olha, você tem uma caixinha de música no seu peito, e lá o sangue toca, não vou te contar, mas estarei soprando preces camufladas dos meus lábios para os teus, para que de alguma forma sobrenatural tu esteja armado a expulsar qualquer desencontro com a vida longa.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

o caminho não será aberto


Compreenda, não de uma vez que nem eu compreendo cada passo meu dessa forma... se é pra eu ser a personagem principal, eu preciso agir, e eu começo dizendo que eu escolhi e escolho ir pela floresta. Não é assim, vocês precisam entender quantos bichos eu carrego nos poros da minha pele macia, são espíritos de animais selvagens, de animais que querem sair, mas ainda não alcançaram plena liberdade pra se despedir completamente da maldição do meu corpo, a chave está a caminho, metade dela na minha alma, e a outra metade na passagem que eu devo seguir. Preciso seguir a abertura, aonde devo chegar? Por quem? Para que? E depois? Por favor, por favor...não tente me segurar pela capa, não dite o caminho das pedras, não faça isso de encher meu coração de preconceitos estranhos, porque depois ele vai me cegar a ponto de não me fazer enxergar o óbvio, e é lá que está todo o sentido e lado bom da vida. Vamos! Não tem magia, não precisamos ser levados, nossas asas são os pés, não importa se a cesta estiver alguns dias pesada, outros dias estará leve, e eu sou quem mais espera que possa carregá-la até o final, acreditem.                                                
Os animais selvagens que gritam aprendem a me guiar, eles compreendem que está perto de pararem de se alimentar do meu medo, eles sentem que a fé vai alimentá-los pra todo sempre sem maiores agonias. Não conte meus segredos por ai, nem fale dos meus planos, converse comigo, por favor...converse comigo.                                 
Eu escolhi ir pela floresta, fique com esse caminho que eu quero passar pelo temor, preciso ter meus próprios medos, não posso ter medo de uma coisa que não conheço, não vou percorrer esse caminho aberto proposto e sugerido como menos perigoso, cansei de ser permitida pelo sistema, me deixa levar os doces,  eu consigo - eu consigo, e deixe pra lá sobre essa minha pretensão de escolher ir pela floresta, mesmo que algumas vezes eu pareça caos, o caos se encontra como pequenas explosões, que a todo momento geram "N" estrelas de pistas pra que eu mesma descubra e vá decifrando cada vontade que eu passo, cada vontade que eu mato e cada vontade que simples e complicadamente passa. 
A vida nunca vai falar nada, nunca vi moça mais conservadora e sistemática. Uma hora passa pelos dedos, outrora os arranca sem piedade, tem horas que passa como fumaça de cigarro, devagar, se despendido sensualmente cheia de perigos e mistérios... até as tartarugas são mais rápidas que o recado de um assassinato, e vai saber se não chegam atrasadas porque param dez minutinhos nos arbustos para foderem as escondidas com as lebres.
Como eu posso controlar o paradigma e preocupação com a vida se ela está dentro de mim? Para, preciso dialogar, lidar, ser paciente enquanto a beleza da idade permite, enquanto as flores ainda tem cheiro. Eu não vou mentir pra ninguém, e se as vezes eu sou o próprio lobo que a floresta espera? Os estranhos vão chegar, deixa comigo que os doces são gostosos e também vão chegar, mas por favor não se aborreça porque eu escolhi ir pela floresta, respeite minha capa, o caminho não será aberto, eu escolhi ir pela floresta, veja pelo lado que é bom se entregar e enfrentar o medo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Nossa vontade de estarmos sempre encantadas

Imagem do Filme "Da magia a sedução" que assistimos milhares de vezes.


Batemos em todas as campainhas da rua, depois descemos a ladeira na bicicleta, as cestinhas pulavam pra fora na hora da descida e subíamos tudo de novo pra buscar. Outras vezes caíamos feio e esfolávamos cotovelos e joelhos, não podíamos mais ser modelos então plantamos um pé de feijão com algodão que sempre morria,   ai brincávamos de escolinha, enquanto arrumávamos uma sala de aula de mentira, éramos só duas meninas, mas de repente minha mente e a dela entravam em sintonia e naquela pequena área, pais, professores e uns 20 alunos de mentirinha e personalidades diferentes tomavam conta da nossa casa e imaginação. Eles se comunicavam com a gente, passávamos o que sabíamos pra eles, ai quando a gente cansava de dar aulas, uma virava  polícia e a outra ladrão, perseguição na casa toda, a escola acabava antes do sino tocar, uma corria atrás da outra até a outra cair e começar a chorar. Depois do choro queríamos sossego, por que não uma ser uma tal de Glória e eu Maceli? Mães, casadas, profissionais, vida normal, vida de casinha...quando ficava chato brincar de adulto, corríamos pra TV, "tá passando castelo rá-tim-bum, corre!", e antes da escola, um pouco de ação "você é a ranger amarela, eu sou a rosa, tá? I-áááá!" 
Na falta dos garotos, uma hora vai saber porque alguém precisava da representação do homem:  
"-Quem vai ser o homem?
 -Eu não! Nem olha pra mim! 
- Rum, tu tem medo de ser homem?
- Eu não! Só não quero ser o homem.
- Pois então eu sou o homem! Olha minha voz de homem, olha meu andar de homem, olha... você é uma mulherzinha bonitona! 
- Ah não! Não vou mais brincar!"
Quando acabassem todas as alternativas de brincadeira, o jeito era imitar a novela, virávamos órfãs, vítimas do destino, duas Chiquititas, ou que tal Paola e Paulina Bratcho
"- Bora fazer um cigarro, igual o da Paola?
 - Bora ! "
Brincávamos com fogo, caímos da rede (mas triscamos no teto!) no ar, nossos pés eram marrons da rua, queimada  com os vizinhos era guerra, elaboramos uma casinha na árvore que nunca deu certo, juntamos dinheiro pra abrir um clubinho que não entrasse patricinhas, com descaso roubávamos todos os dias nosso próprio cofre pra comprar dindin e cremosin , o clubinho obviamente não deu certo. Monopolizamos o parquinho do Dair José Lourenço, arrebentamos a boca em balanços, enganamos outras crianças que víamos seres mágicos, fizemos castelos de areia que a chuva destruiu, abelhas nos picaram, mentimos, fizemos teatro, natação, brigamos, sentíamos medos diferentes. Nosso lugar preferido era o fundo da piscina e debaixo da água tentar adivinhar, convencemos estranhos que éramos bruxas, até compreender que magia nem com força de vontade existia, o que existia mesmo era nossa vontade de estarmos sempre encantadas... e quanto mais o tempo passava, mais as brincadeiras iam perdendo a graça, e o tédio vinha nos visitar. Na vida é preciso criatividade, pra tristeza e o nada não se apossarem ... mas uma coisa que eu nunca entendia, era como era bom sofrer o ócio junto, compartilhar ou saber que alguém também estava ali comigo,  entendendo os perigos da mente, que alguém sentia do mesmo jeito, que alguém não ia mentir que era diferente, que ali do meu lado alguém sempre teria fases como eu, de carne e osso...e em frente, lado a lado.  

Para quem resolveu nascer 2 meses depois de mim, porque queria compartilhar.