Páginas

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

até mesmo os depedaçados

Liberta todas essas pé ta las para o vento! 
Parecem cada uma, 
uma só, 
e nunca mais serão vistas como tormentos despedaçados. 
Nunca mais serão guardadas com medo de serem encontradas
e tomara que sejam ganhadas sem medo de serem murchadas
Que o vermelho lembre sempre algo pujante 
e que chegue chamando atenção, como todo vermelho é capaz de fazer sozinho.
Não quero mais desses vermelhos  sangue que se pressente vagamente por um sofrimento.
Que essas pétalas voem para os ventos do norte 
do leste
oeste e sul 
num despertar de corações mais corajosos para perto de mim 
e que sejam espertas ao ponto de selecionarem (naturalmente) os fracos pra bem
loooooonge de mim!
Que eu possa acompanhar de perto os beijos mais calmos 
e ba
ti
das
dos corações que só querem aprender todos os dias um pouco mais.
Que essas pé ta las aprendam em todos os seus voos que agora são apenas pétalas,
e que o fato de um dia terem formado uma flor jamais as entristeçam:
pois tudo nessa vida se aprende uma lição,
 tudo nessa vida há de ter uma função,
até mesmo os despedaçados, 
até mesmo quem já ganhou ou foi uma flor.



(Fê já comeu pétalas de rosa, acha girassol cafona, mas em geral gosta e se inspira muito com as flores)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

gordo e feliz

Toda vez que vamos pra praia e passamos pela sua cidade, eu olho para sua casa e espero ver o seu fantasma me dando tchau. De alguma forma, toda vez que eu ia pra praia, criei o hábito de olhar na janela do carro pra sua casa e dizer pra mim mesma que você estava ali, que morava ali. Então, mesmo que esteja morto, toda vez que eu passo pelo caminho de ir pra praia e olho pra sua casa, te chamo na memória e fica aquela confusão na minha cabeça, porque é difícil quebrar um hábito.
Sinto sua falta, acho que a última vez que nos vimos eu nem sabia que era a última, mas lembro que você tava muito pessimista e você nunca foi assim, era até um exemplo pra mim a ser seguido, então aquilo me chamou atenção, além da sua magreza é claro, porque quando eu era criança meu referencial de avô era que um deles era gordo e feliz.          
Sabe...eu me arrependo tanto de não ter trancado a faculdade aquele dia, talvez tivesse escutado milhões de histórias suas pra poder escrever por ai, isso te faria viver nos corações alheios por um tempão! Acho que não dá pra me perdoar disso nunquinha. 
Sabe, meu aniversário foi horrível, juro que eu desejei não estar viva, e pra ficar feliz eu tentei lembrar que você sempre me ligava dizendo que tinha comprado uma caixa de bombons e me perguntava quando poderia me entregar, então eu ficava com uma dó Zé! Uma dó tão grande de mim mesma... porque eu nunca lembrava de te visitar mais vezes, e nunca entendi porque você sempre morava tão longe, mas por incrível que pareça teu humor fazia a gente acreditar que você estava sempre tão perto! Você tinha esse poder que algumas pessoas dizem que eu também tenho, de sumir e aparecer com essa capacidade incrível de demonstrar em sorrisos e gracinhas como sempre esteve por perto, feito um espírito...que deve ser o que você é agora...(vai saber se isso existe...)
Eu queria tanto que você tivesse conhecido algumas pessoas, queria tanto não lembrar como era ruim te ver abatido, que tivesse me conhecido agora, mais madura, mais adulta, teríamos tanto pra conversar...que chega a ser injusto ver sua companheira chorando todas as vezes que a visitamos, como se você tivesse ído embora ontem. Você podia ter me contando mais sobre esse amor...eu adoro ouvir essas histórias de amor. 
Sabe que um dia desses eu olhei pra lua e lembrei que você me disse uma vez que achava bonito como ela conversava com a lua e de como era engraçado como o nome dela (Lia) combinava com as três letras do nome lua...ai eu sorri do senhor, você era romântico e aquilo me deixava um pouco sem graça porque não costumava ver muitos homens românticos, a não ser na tv, ai você disse que ia fazer um poema pra ela, só pra ver ela envergonhada. Você gostava muito dela, né? E ela também do senhor, e eu também, mas acho que acreditava pouco na época.

sábado, 5 de novembro de 2011

assim como deus

Sabe doutor? É como se houvessem duas mulheres de natureza distintas, bem fortes dentro de mim. Uma delas acha que é mais forte que a outra, só porque a outra sabe ficar calada de vez em quando e pensa bastante antes de agir, sendo bem sábia e surpreendente quando age. Ainda não sei qual delas costuma ganhar as pessoas. Mesmo assim, a mesma, sendo as duas uma só, assim como o deus cristão pode ser três, pensa que isso é passividade, e a outra deixa ela pensar isso porque ai indiretamente está sendo ativa. Elas são fortes doutor,  tão fortes que as vezes penso em acabar com uma delas, mas sei que estarei acabando comigo mesma, então eu me escondo dos meus próprios pulsos e me engano de qualquer ideia que tenha pensado. 
Mas as vezes é difícil, juro que seria mais fácil acabar com todas e comigo. Juro que seria mais difícil desistir de mim. Apesar de me deixarem confusas, são elas que me tornam mais inteligente, mais bem humorada,  diria até que mais sex. A maioria das vezes, talvez sejam mais elas que eu mesma. Então eu fico assim... meio diferente das outras pessoas. 
São duas doutor, duas que de vez em quando são vinte e quatro, brigando pelo mesmo espaço, pelo mesmo homem, pela mesma menina, pela mesma alma penada, por sangue! Atrapalham-se no mesmo humor, atrapalham-se na própria calma, atrapalham-se na mesma música. 
Tão fria! Que quando fica quente pode queimar tudo como um vôo de milésimos de segundos de uma fênix fugitiva. São mulheres doutor, ciumentas, exigentes, alegres e intimamente tristes. Que por alguma razão doentia procuram constantemente pela dor, pelo sofrimento, pelo o que há de errado, e se esquecem das coisas rosas dos seus cadernos, e se esquecem das boas prosas que rezou.
Ao contrário do Cazuza, eu sei muito bem o que meu corpo abriga doutor, eu sei muito bem  o que é esperar e planejar uma noite quente de verão, eu sei  muito bem o que elas querem, só não sei se aceito, se compreendo, se sinto igual, então eu me entristeço... me entristeço pra haver silêncio, choro, suspiro até  que elas se acanhem o bastante pra recomeçarmos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quando eu não podia mudar o final


Quando eu tinha 6 anos de idade, viajamos para a capital e mamãe disse que iríamos conhecer o cinema. Era 1997, Nina não sabia ler direito ainda, estava aprendendo. O filme era legendando, então lembro que mamãe comentava o filme baixinho pra Nina entender, e eu que ja lia, tentava acompanhar as imagens e legenda  rápidas na tela, daquela história emocionante chamada: Titanic.
A sala escura me deixou um pouco distraída, lembro que teve uma hora que cheguei a olhar pra trás e fiquei impressionada com aquele monte de gente olhando pra luz ao mesmo tempo. Por muito tempo achei a Kate Wislet a atriz mais bonita que já tinha visto na vida, jurei que pintaria meu cabelo de vermelho quando crescesse e acho que o Jack (Leonardo Di Caprio) aparecia nos meus sonhos vez ou outra até a oitava série!
Enfim, quando o filme chegava no final, meu coração ficou disparado e eu não queria entender que o Jack havia morrido congelado. Acho que até aquela idade, nunca tinha visto nenhum filme sem um final felizes pra sempre, e lembro que fiquei meio que sabotando o final comigo mesma, desde a hora que sai do cinema até as quinze vezes que o loquei quando chegou na locadora.
Lembro que era VHS ainda, e eram duas fitas de vídeo. Muitas vezes, eu obrigava a Nina e eu  a assistirmos apenas a  primeira fita, pra não ver o final na segunda. Outras vezes, passava da cena que ele morria, até chegar na última cena do filme, em que ela o encontra no relógio com todos do navio, jovem outra vez.
É engraçado como eu não conseguia aceitar que o filme realmente acabava daquele jeito,  ele morto, ela velha, e o coração do oceano no fundo do mar. Ao mesmo tempo que adorava o filme, odiava. Cheguei a achar que por tê-lo na minha tv eu podia fazer alguma coisa pra mudar o final, mas só depois de quase estragar a fita do filme (de tanto assistir) é que eu pude aceitar que o filme era daquele jeito mesmo e eu é que aceitasse. O tempo passou, e o filme começou a passar na tv, mas ai na tv foi tudo diferente,  porque na tv tem a propaganda que avisa bem antes que o Titanic vai passar dia tal, hora tal, e que ninguém pode perder. Então foi na tv que eu tive tempo de preparar minha cabecinha impressionada, pra ver aquele filme emocionante de final triste.

p.s: Fernanda prefere um romance e um drama do que comédia. (:

terça-feira, 1 de novembro de 2011

fica ali

Do que eu sinto saudade ninguém pode saciar. Nem mesmo o príncipio de toda a saudade porque a saudade já se alimentou tanto, mais tanto, mais tanto, que cresceu ao ponto de ultrapassar ela mesma, petrificando-se em uma lembrança que já nem se quisesse, volta a ser como era. Uma saudade desgarrada, escrachada, enrustida, desmanchada e maquiada pelos véus do tempo. Uma saudade mágica, que de tão calejada, cicatrizou-se num último suspiro, num último respiro, num último delete, no abismo do nunca. E fica ali, sentada pra sempre porque sabe que é bonita e agradável, porque sabe que é útil nos momentos ociosos. Saudade indolor de tão adormecida, vitoriosa de tão merecida, amável mas sem nenhuma torcida.

um detalhe super importante

Depois que se aprende o caminho, tudo fica mais vunerável,
talvez até a gente fique um pouco mais fácil.
Depois que estouramos nossos miolos nos mesmos pensamentos,
percebemos que talvez seja melhor mudar de ideia,
Depois que desacreditamos, demora muito pra acreditar de novo, mas quando vem,
vem pra ficar num espaço bem maior e precioso.
Depois que se permite ficar triste, ficar alegre é um desafio, por isso é bom que a tristeza venha sempre com hora marcada, pra não pegar ninguém desprevinido. 
Depois que se sabe mais ou menos onde cada estrada vai dar,
ler as placas deixa de ser um detalhe super importante pra passar a ser natural e automático.
Depois que se perde a vergonha de ser bonita,
estar sexy não tem nada a ver mais com ser vulgar.
Olha, depois que se perde uma grande esperança,
ela passa a nascer quadrada dentro da gente, e aparece assim...
quando passamos um batom vermelho, por exemplo.
Vai embora à francesa,
nem percebemos,
nem exigimos,
os dias vão amanhecer.