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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

gordo e feliz

Toda vez que vamos pra praia e passamos pela sua cidade, eu olho para sua casa e espero ver o seu fantasma me dando tchau. De alguma forma, toda vez que eu ia pra praia, criei o hábito de olhar na janela do carro pra sua casa e dizer pra mim mesma que você estava ali, que morava ali. Então, mesmo que esteja morto, toda vez que eu passo pelo caminho de ir pra praia e olho pra sua casa, te chamo na memória e fica aquela confusão na minha cabeça, porque é difícil quebrar um hábito.
Sinto sua falta, acho que a última vez que nos vimos eu nem sabia que era a última, mas lembro que você tava muito pessimista e você nunca foi assim, era até um exemplo pra mim a ser seguido, então aquilo me chamou atenção, além da sua magreza é claro, porque quando eu era criança meu referencial de avô era que um deles era gordo e feliz.          
Sabe...eu me arrependo tanto de não ter trancado a faculdade aquele dia, talvez tivesse escutado milhões de histórias suas pra poder escrever por ai, isso te faria viver nos corações alheios por um tempão! Acho que não dá pra me perdoar disso nunquinha. 
Sabe, meu aniversário foi horrível, juro que eu desejei não estar viva, e pra ficar feliz eu tentei lembrar que você sempre me ligava dizendo que tinha comprado uma caixa de bombons e me perguntava quando poderia me entregar, então eu ficava com uma dó Zé! Uma dó tão grande de mim mesma... porque eu nunca lembrava de te visitar mais vezes, e nunca entendi porque você sempre morava tão longe, mas por incrível que pareça teu humor fazia a gente acreditar que você estava sempre tão perto! Você tinha esse poder que algumas pessoas dizem que eu também tenho, de sumir e aparecer com essa capacidade incrível de demonstrar em sorrisos e gracinhas como sempre esteve por perto, feito um espírito...que deve ser o que você é agora...(vai saber se isso existe...)
Eu queria tanto que você tivesse conhecido algumas pessoas, queria tanto não lembrar como era ruim te ver abatido, que tivesse me conhecido agora, mais madura, mais adulta, teríamos tanto pra conversar...que chega a ser injusto ver sua companheira chorando todas as vezes que a visitamos, como se você tivesse ído embora ontem. Você podia ter me contando mais sobre esse amor...eu adoro ouvir essas histórias de amor. 
Sabe que um dia desses eu olhei pra lua e lembrei que você me disse uma vez que achava bonito como ela conversava com a lua e de como era engraçado como o nome dela (Lia) combinava com as três letras do nome lua...ai eu sorri do senhor, você era romântico e aquilo me deixava um pouco sem graça porque não costumava ver muitos homens românticos, a não ser na tv, ai você disse que ia fazer um poema pra ela, só pra ver ela envergonhada. Você gostava muito dela, né? E ela também do senhor, e eu também, mas acho que acreditava pouco na época.

2 comentários:

Unknown disse...

Eu teria tido o prazer de conhecê-lo, pq nas historias que me contou sobre ele, era como descreveu nesse texto, alegre, brincalhão e romântico. E eu tmb adoraria ouvi-lo contando suas histórias.

O que achei mais lindo nesse texto, foi que pelo que parece, ele conheceu o amor verdadeiro entre homem e mulher, antes de partir.

Fernanda de Alcantara disse...

Sim (: