Páginas

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Gosto incrível de balinha de maçã verde

Lá longe eu vejo, um ser que vai colocar a cadeira do meu lado, e me arrancar lágrimas de tanto sorrir.
Lá longe eu penso, de cor serão seus olhos, e se o nosso abraço vai se parecer com aquele gosto incrível de balinha de maçã verde que eu nunca enjoava de pedir quando era criança.
Silenciosamente eu canto, que ele me encontre primeiro, que eu esteja feliz e distraída o suficiente pra ser conquistada de forma serene.
Lá longe eu sei, que será tão natural, que nem vai parecer vontade, o enorme desejo que eu vou sentir de conquistá-lo todos os minutos que me forem fornecidos.
Lá longe eu já sinto, as inúmeras vezes no dia que vou agradecer as "gambiarras celestiais"  das quais vou começar a acreditar que existem, por estar vivenciando algo tão bonito. 
Silenciosamente eu sei, que não vou me importar de me declarar mais pra ele, do que ele pra mim.
Lá longe eu duvido, de que cor serão as desculpas, e se as bocas vão sempre combinar perfeitamente com os beijos. 
Silenciosamente eu rezo, que ele seja forte, não aparentemente, mas na sua alma, no seu conteúdo. Porque assim será esperto suficiente pra conviver com meu gênio, e não vair querer medir nada comigo.
Lá longe eu peço, que não seja feito de fantasias, que também diga não, e que exista mesmo que não seja  pra sempre, pra eu poder morrer de emoção.

Leite derramado




                              "...Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
                   Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
                                   Perdão é quando o Natal acontece em Maio, por exemplo..." 
                                    Trecho do livro infantil Mania de explicação da Adriana Falcão.





Escreveu que vai esperar, e eu ainda não entendi pra quê. Recadinho bonito que me deixou, tinha esquecido a feiura da letra, ainda me pergunto o que o teria feito fazer tanta questão de me magoar, se não regava escondido um jardim de ressentimentos? Pelo menos eu admito meus pecados e chorei mesmo pelo leite derramado. Por muito tempo, até pareceu que se importava, mas como cumpriu o combinado, e nunca mais ligou, eu também cumpri o meu, e matei cachorro a grito, sol após lua, acordando e dormindo na espera de uma melhora. Não é fácil sair de cabeça erguida, depois que se tira todas as armaduras por um envolvimento decente. Não é fácil  ouvir palpites pra que você sorria,  só porque enquanto você chora ele se diverte. O que ninguém entendia é que eu preferia assim, eu preferia ser pobre coitada mesmo, o que tem demais nisso? É só mais um jeito de esvaziar tudo de uma vez, e é um jeito de ir se endurecendo até ficar vazia de novo, da maneira mais sincera que se pode ser, pra colorir do seu jeito o espaço que fica novo. Que bom que passei por isso, me sinto mais aliviada e madura depois dessa. E pulo no frevo mais tranquila também. Creio que isso tenha até me deixado mais exigente comigo mesma, e que por isso esperei  por um pedido de desculpas  mais envolvente...eu bem que merecia alguma coisa mais bonita, mais divertida , mais implorada, sei lá...
Acho que finalmente entendi porque perdão é como Natal em Maio,  como dizia a personagem do livro que eu lia para as minhas crianças no projeto que eu trabalhava, deve ser porque é  algo do qual tem que ser meio esforçado, e que mesmo assim acontece sem muita graça. Sabe que no fundo eu torcia  pra que as declarações de amor  servissem para entorpecer os fatos? Mas sentir é involuntário, e me parece até engraçado você brilhar assim, como um grande amigo agora.(:

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quase do mesmo tamanho

 
Uma planejava, a outra fazia. 
Eram irmãs de sangue. 

Uma mandava, a outra obedecia.  
Eram irmãs quando uma sentia medo
a outra tinha coragem suficiente pras duas.

Uma acordava, a outra morria de preguiça.
Eram irmãs na escola e na frente dos amigos.  

Uma  passava o pente e ja estava pronta, 
a outra desembaraçava até que se cansava.
Eram irmãs quase do mesmo tamanho.  

Uma rezava, a outra dormia, 
mas na frente dos pais, 
por motivos desconhecidos,
eram sempre inimigas. 

A que nascera primeiro se achava no direito, 
a que nascera depois achava tudo muito injusto. 
E enquanto uma assistia Tv, a outra reclamava. 
Não tem nada pra fazer. 
E se não ia desenhar, ia espiar através dos muros. 

Nas outras casas... 
o que é que eles faziam, 
do que é que sorriam, 
porque é que brigavam.
Venha ver. E sorriam.

A que fazia então tinha uma ideia. 
Pega sua bicicleta, 
vamos pegar a subida da rua , 
e tocar todas as campainhas na descida. 

Ta doida? Perguntava morrendo de vontade de cometer a traquinagem. 
E tava.
Lá se iam sem serem pegas, lá se iam em busca do desespero. 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

É hora de ler um romance piegas. Daqueles que vem com a garantia na capa, de que já  foram vendidos milhões de cópias. Desses que lemos com preguiça no início, mas resistimos até o fim por conta do provável fim bonito que acontecerá. Um livro fácil,  com milhares de frases motivadoras, marcadas a lápis pra depois poder emprestar. Talvez seja hora de rever meus valores, ser um pouco mais honesta com minha felicidade, e atenciosa com o que me satisfaça de verdade. Uma boa hora pra fazer planos...eu podia começar com uma lista, priorizando meus propósitos, que aos poucos já se transformariam em sonhos, e logo objetivos. Existe uma grande diferença entre ser feliz para viver, e viver pra ser feliz.  É incrível como a ordem da frase muda completamente a ordem de como as coisas podem acontecer. 
É hora de ir no cinema sozinha e sem medo, sugar de um professor, programar um passeio pra aquela cachoeira que fui quando ainda era criança, e não esquecer de ligar uma vez por semana pra aquela amiga que está longe. Saber o que é bom, o que me faz mal, o que me empurra pra frente e o que me impede de insistir...é hora de buscar, estando encontrada.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Visivelmente doida

"...a vida é mesmo Coisa muito frágil Uma bobagem
Uma irrelevância Diante da eternidade 
Do amor de quem se ama Por onde andei?
Enquanto você me procurava E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas Será que eu sei?
Que você é mesmo Tudo aquilo que me falta..." 
 (Por onde Andei - Nando Reis)


Não gosto de atender seus telefonemas como se eu não tivesse ressucitado, e nunca me cortou o coração escutar pela décima vez que fostes de coração partido, então vamos parar. Não existe coitado, nem coitada nessa história. O que realmente me deixa rancorosa é o fato de eu nunca poder saber como você reagiria, me vendo tão bem comportada na tua presença  -não me vejo comportada na sua frente por muito tempo- e isso me entrega de joelhos, de cabeça, de corpo e de alma a um maluco, um maluco por quem eu sou visivelmente doida.
Como se já não bastasse as que ainda estão se escondendo aos poucos da minha cabeça, você continua com essas promessas longas em frases curtas, e eu já não jogo os porta retratos pela janela, porque finalmente aprendi a trocar as fotos, os motivos dos sorrisos, e pretendo dar um basta nessa coleção infinita de pedidos de casamentos que... pelo amor de deus! Você ainda insiste em me dar de presente.
Vá embora...eu juro que tenho certeza de que nunca sonhei com nada disso. Seria bom a gente poder se despedir mais uma vez, só pra ter certeza de que as coisas não vão mudar do dia pra noite, seria ótimo nos aproveitarmos desse longo período entre a gente, porque o tempo -inacreditavelmente- cura mesmo, e de repente ficou mais fácil, e não dói tanto como na décima vez que nos despedimos. 
Você não deve estar contado, não é? Explicaria a emoção não acabada na sua voz, em nos citar como se tudo ainda fosse exatamente igual. Eu continuo a mesma, não decoro as datas, mas isso  nenhuma vez me fez apagar a qualidade de muito tempo que foi me reconstruindo de uma vez. Sei que não estava bom, e que foi entorpecente, e que discordávamos num propósito de provocar, e lembrar que chegamos a pensar que não conseguiríamos viver um sem o outro agora me é ridiculo, um tanto brega e egoísta  demais, acho que até me intimida, mas  por um lado foi até bem romântico e humano. Admito que passaríamos o resto das nossas vidas juntos, infelizes por várias razões, mas superficialmente alegres por não estarmos desligados. E é por isso que simplesmente entrego aos céus, como se fosse uma pipa, feita com as cores certas, com uma linha invisível e suficientemente longa e curta pra chegar ao céu e a terra no conduzir de pulsos  que se cansarem, não vão se cortar, apenas soltar a pipa sem ressentimentos...porque se cansarem, é porque a brincadeira não era das melhores.

domingo, 4 de setembro de 2011

Fio quinze

A medida em que eu ia percebendo que eles já começavam a desconfiar do meu disfarce e finalmente iam me pegar, eu corri numa pressa de piscar os olhos, deixando para trás sem apego nenhum, minhas lindas sapatilhas vermelhas. Por incrível que me pareça, eu não olhava pra trás nem pra saber se estava longe ou perto de ser pega, eu estava completamente entregue a minha própria fuga, segurando a barra  de babados da saia chique que vestia, e desgarrada eu sorria toda maliciosa do vento, que passava desesperado pelos meus cabelos e ventas, meio curioso para onde é que moça tão bela ia por causa do medo, mas toda cheia de coragem? E sem parar, eu não entendia de fato porquê fugia deles, porém fugia com tanta certeza, que era prazeiroso sentir cada fiapo de grama sendo amassado pelos meus pés, e parecia que cada passo meu haveria de despistar quem me seguia, e parecia que aquelas pedrinhas a qualquer momento iriam furar minhas meias. Eu esqueci de dizer, por debaixo da saia  tudo estava revestido por uma meia calça preta de fio número quinze, um fio frágil para uma fuga tão emocionante, e que certamente seria fácil de rasgar, mas como era um sonho, e um sonho que era meu, as pedras podiam ser sentidas, e as meias jamais seriam furadas por causa desse mero detalhe. 
E eu corria toda impecável, sentindo um prazer imenso de estar sendo perseguida, porque intimamente eu sabia que não seria pega, e já distante e não cansada  logo me avisei de que haveria um precípicio, e que a única saída era se atirar aquela altura magnifica e de natureza deslumbrante, e meu coração saltando pela boca sem juízo, arrepiava todos os meus pêlos, e eu disparada achava estranho em como é que podia  nenhuma vaga ideia de morte aparecer? 
Se jogar dali era exageradamente muito normal, e feliz eu corria tendo uma certeza ingenua e assombrada de que quando eu ordenasse  Voe!  De braços abertos eu iria flutuar na velocidade que eu bem quisesse, na direção que viesse em mente, e céus! Lá estou eu sem gramas nos pés de cabeça na imensidão, chutei sem querer algumas pedras no embalo, e me flagrei preocupada, talvez pra sempre estarão a cair, pois eu não podia medir o tamanho daquela altura que sobrevoava, e me pairavam sérias dúvidas sobre uma possível medida infinita...e a medida que eu ia voando, já não importava se fugia.

sábado, 3 de setembro de 2011

Troque o perfume mas não o ar.

Tenha paciência, que terás fé, que terás respostas , que trarão a verdadeira saída. E então os olhares de medo vão se transformar numa leal coragem, que aos poucos  soprarão ventos que te farão enxergar como seus cabelos ainda voam bonitos, e ai a espera não é mais estressante e interminável, é agradável e natural, como um beijo macio e demorado. E se você se permitir a sentir,  tudo gradativamente vai indo embora mais cedo, mais bem apagado, sem anseios e medo. E se você se permitir a sentir, as músicas românticas podem ser ouvidas  em sossego de novo, sem nenhuma mera coincidência rancor-amorosa. E se você se permitir a sentir, as águas dos seus olhos terão sido derramadas apenas para lavar toda a sua alma penada.
Troque a música, troque o estilo das roupas, troque os personagens da capa do caderno, troque os horários, e se te fizer bem  melhor, evite o contato, permita as lembranças que  insistem em ficar, troque o perfume  mas não o ar.
Não recomedo para os fracos, mas no começo é importante  lembrar mais e mais. Costuma ser doloroso, eu devo ser meio masoquista,  mas caminhos difícies trazem dias mais fáceis, não sei  exatamente o porquê. E  faz todo sentido do mundo o tempo tornar os dias seguintes menos intensos, com menos vontade, com menos saudade, e ajustadamente mais fáceis. E  dessa forma, as insistências se perdem até irem embora, tornando as lembranças um mero recado.
Se dê um tempo, mas respeitando seus reais sentimentos. Amarre os cabelos, respire nos gaguejos e nunca troque tudo de lugar pensando em se esquecer por alguns instantes, porque o fato de você estar dilacerada e já não suportar mais,  não te dará mais ou menos suspeitos. É bobagem, é efêmero e só maqueia o que  está ali para ser sentido, pra depois ser analisado, pra ser compreendido e permitido, e ai sim: brevemente extinto.