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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Visivelmente doida

"...a vida é mesmo Coisa muito frágil Uma bobagem
Uma irrelevância Diante da eternidade 
Do amor de quem se ama Por onde andei?
Enquanto você me procurava E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas Será que eu sei?
Que você é mesmo Tudo aquilo que me falta..." 
 (Por onde Andei - Nando Reis)


Não gosto de atender seus telefonemas como se eu não tivesse ressucitado, e nunca me cortou o coração escutar pela décima vez que fostes de coração partido, então vamos parar. Não existe coitado, nem coitada nessa história. O que realmente me deixa rancorosa é o fato de eu nunca poder saber como você reagiria, me vendo tão bem comportada na tua presença  -não me vejo comportada na sua frente por muito tempo- e isso me entrega de joelhos, de cabeça, de corpo e de alma a um maluco, um maluco por quem eu sou visivelmente doida.
Como se já não bastasse as que ainda estão se escondendo aos poucos da minha cabeça, você continua com essas promessas longas em frases curtas, e eu já não jogo os porta retratos pela janela, porque finalmente aprendi a trocar as fotos, os motivos dos sorrisos, e pretendo dar um basta nessa coleção infinita de pedidos de casamentos que... pelo amor de deus! Você ainda insiste em me dar de presente.
Vá embora...eu juro que tenho certeza de que nunca sonhei com nada disso. Seria bom a gente poder se despedir mais uma vez, só pra ter certeza de que as coisas não vão mudar do dia pra noite, seria ótimo nos aproveitarmos desse longo período entre a gente, porque o tempo -inacreditavelmente- cura mesmo, e de repente ficou mais fácil, e não dói tanto como na décima vez que nos despedimos. 
Você não deve estar contado, não é? Explicaria a emoção não acabada na sua voz, em nos citar como se tudo ainda fosse exatamente igual. Eu continuo a mesma, não decoro as datas, mas isso  nenhuma vez me fez apagar a qualidade de muito tempo que foi me reconstruindo de uma vez. Sei que não estava bom, e que foi entorpecente, e que discordávamos num propósito de provocar, e lembrar que chegamos a pensar que não conseguiríamos viver um sem o outro agora me é ridiculo, um tanto brega e egoísta  demais, acho que até me intimida, mas  por um lado foi até bem romântico e humano. Admito que passaríamos o resto das nossas vidas juntos, infelizes por várias razões, mas superficialmente alegres por não estarmos desligados. E é por isso que simplesmente entrego aos céus, como se fosse uma pipa, feita com as cores certas, com uma linha invisível e suficientemente longa e curta pra chegar ao céu e a terra no conduzir de pulsos  que se cansarem, não vão se cortar, apenas soltar a pipa sem ressentimentos...porque se cansarem, é porque a brincadeira não era das melhores.

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