ninguém entende, ninguém entende...é que com esses meninos o mundo sempre vai acabar amanhã de manhã, o mundo sempre vai se reinventar quando o dia amanhecer, os postes são holofotes, a risada é garantida, não é proibido falar pornografia, e os problemas ficam vermelhos de vergonha com as nossas danças, somos intermináveis poemas pelas esquinas da cidade, somos flores que não murcham fáceis e amores sem sofrer, nós somos todos desatinados e destinados para nos encontrar!
Está tudo nos relatórios dos deuses, ainda éramos crianças, estava prescrito para que não sofrêssemos de existência separados, estava prescrito que os deuses sorriam com todo seu poder e suor cheirando a vinho, e diziam: "eles vão compartilhar canções de músicas que ninguém entende, de músicas que ninguém entende!", então vamos assinar nossos nomes, vamos nos comprometer! Meta! Meta! Que grande merda isso que somos, nós somos um cometa de escravos da rotina, é isso que eles querem, temos que obedecer, não há eixo lá fora, ninguém vai nos salvar, os barcos sempre vão embora, e as bandeiras balançam um vento que não dá pra nos levar. Nós vamos gastar dinheiro a vida inteira, pra não abraçarmos a solidão, e deixar a peteca cair algumas vezes, pra gastar mais dinheiro, dos sonhos que não podem acordar... não temos direito nem de morrer, não se fala inclusive sobre morte, numa beleza de vida...
Quando o crepúsculo acontecer que seja anunciada a nossa liberdade, que chegue a carona que caiba todo mundo e que eu tenha, por favor, ao menos um tempinho de amarrar os meus tênis para não tropeçar na gandaia...
eu sou forte, eu sou um animal, quero os meus rastros nessa grama comprada, quero minhas gargalhadas nesses becos escuros, as pichações desses muros vem me sensibilizar, existe uma luz, sempre há, as pichações desses muros não vão prejudicar.
Eu corro, eu corro, mas eu nem sei exatamente pra onde, meu desespero sempre são outros e a minha corrida nunca foi estar, jamais disparei pra fugir de alguma coisa, que grande engano moças, que grande engano fazem das minhas belas pernas, que grande engano fazem do meu corrimento, eu corro o tempo todo só pra encontrar, não estou fugindo de nada, não me criminalizem pelo amor de deus! Deus...talvez eu só queira me arrebentar...
