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quinta-feira, 28 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Eu era a bela da fera e não mais a adormecida


Apesar de cansativas, em algumas brigas que ando lembrando e até sorrindo sozinha no ônibus elas também eram excitantes. Mesmo exausta, o desgaste aos poucos mostrava que não era só eu que ficava fora do sério, e antes de eu alisar minhas sobrancelhas com os dedos tensos, que avisava de certo modo, que em 15 segundos aquele carro ia explodir do meu lado, eu dava uma olhada em você por inteiro e via suas pernas a balançar, e era ali que eu te via como um homem que tem dúvidas, ressentimentos, nervos, inteligência, paciência, indagação, caráter e força, muita força interior. Porque diante dos meus olhos, você virava um enorme e forte dragão. O que era bem mais atraente que aquele semblante irritante de príncipe  narciso , perfeito e encantado. E você me respeitava, apesar de louco por confiar nos limites que nem eu conhecia, e fechava a porta antes que eu corresse, e escondia minhas chaves, escondia minha bolsa, escondia meu celular, escondia meus livros, desligava meu computador, escondia a roupa, o sapato, a tranquilha! Para me fazer conversar. Impedia que eu corresse pra me acalmar, de tal forma que depois aquilo até deu medo.  Por acaso você também queria conhecer um (meu) outro jeito?
Mas era ali! Bem ali! (como digo) que a gente se enfrentava sem pequenas porções de ilusão, sem devaneios ou “felizes pra sempre”, e ali que o negócio era real pra mim. Isso de longe queira dizer que eu adoro uma briga, mas tenho que admitir que elas é que mais me fizeram crescer e te/me entender.  Eu te pertencia demais nelas, eu era a bela da fera e não mais a adormecida. E eu jurava , sabe? Quando eu nem pensava em me envolver com alguém pra valer, que eu seria bem decente nos confrontos que haveriam de acontecer e que assim tudo iria ser belezinha. E pelo contrário! Acho que até agradeço, porque foram pelos mil demônios despertados que eu pude chegar o mais perto possível de me auto compreender e de me envolver intensamente também, como eu desejava quando assistia solteira, meus filmes sozinha, sem ideia do que viria a acontecer na minha pacata vidinha. É por isso que eu gosto da realidade, ela nos impressiona a sangue quente e pés no chão, nos direciona sem muita vela e talvez foi pelo pouco dela que esse relacionamento não se abasteceu o suficiente, pois foi naquela briga (nª duzentos e oitenta sete) que você se mostrou como nunca. Falou até suas salivas saírem pra fora, fez dancinha e provocação, praguejou e gritou! E tudo em mim era triste porém também era festa! Pois ali estava o homem que se deixava provocar, o que eu ainda não conhecia bem, o que sentia coisas ruins também, que tinha medo, ciúmes, dúvida, horror, impaciência, e chegava a beirar a loucura  também! Afinal, por que não?! Um homem de verdade, simples e imperfeito, e pela madrugada! seu gostoso ainda assim no jeito.
Ai você disse no outro dia, diretamente nos meus olhos: “Eu pensei que você fosse perfeita, por isso aguentei tudo.”  E deu vontade de chorar e tampar os ouvidos, mas meu coração dizia "Deixa, deixa." pois pelo menos eu consegui arrancar logo isso, isso dos seus carinhosos lábios. Foi meio frustrante, confesso, não é  muito legal saber que talvez tenha se apaixonado por uma projeção, mas no meu peito estava resolvido um pouco mais da metade de todos os males consagrados. Porque eu tentei te mostrar o tempo todo o que eu era, mas você só me falava de doces e me vestia de fada. E eu insistia, nos beijos secos, molhados, demorados, nos comentários que te traziam sorrisos e desagrados, nas caças conversas só pra implicar, nos furtos de objetos que nem usava mas enciumava, nos papéis ridículos que eu me prestava a fazer quando sentia pouco, meramente (e muuuuuito!) ciúmes... e principalmente no choro descontrolado,  que no começo eu evitava mostrar, mas depois vi que era muita bobagem fazer o perfil da boneca oca. Porque eu não era isso! Eu era o algumas vezes, o  meio, o exagerada, e era só assim, assim, e assado. Não era perfeita  como você me contou, e não precisavas aguentar tudo por tal motivo, está errado, ah...como houveram enganos...
"Ama nada!", uma vez eu disse nessa suspeita de projeção, e depois insisti  na brincadeira desconsolada... e infelizmente não houve desenvolvimento quando nos vimos nus, ou melhor, com a roupa do rei.
Sim, eu julgava, eu amava, eu era grossa,  eu amava, eu não escutava, eu amava, eu criava, eu amava,  eu descontava, eu amava, eu  provocava, eu amava, eu negava, e eu amava. E ainda bem que eu consegui mostrar isso (não do tanto que nos faria bem mais felizes) E é difícil, vai por mim, porque quando eu te pedi os teus segredos, como Dalila a Sansão, minha reação foi de cortar teus cabelos imediatamente, mas foi com a tesoura na mão que eu percebi de antemão que talvez cortar apenas aquela perfeição que pairava em cima de você, fosse suficiente. E foi bem ai, que eu já te tinha de verdade, e eu disse: "Sua", me arrepiando toda por tamanha entrega. É por isso que em dias e afins eu vinha tanto pedindo desculpas, tentado te olhar mais nos olhos, mais frágil por minhas tristezas e desagrados do mundo, afetarem tanto aquela beleza construída...isso era um pouco de... tentar aos poucos! (seguindo sua dica de "tão pouquinho pra me fazer feliz pretinha"). Te curar de tudo que eu fiz apenas por pensar na projeção, era um longo caminho.
E olha...eu aceito seu cansaço, ninguém é perfeito pra querer continuar, e só cabe mais em mim se couber em você.   

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Rãs verdes e geladas



O sofrimento se parece com aquele que me fez quebrar aquelas xícaras, assim que cheguei em Palmas. Aquele dia eu me lembro bem, aquele passarinho não parava de cantar, meu coração todo amarrado trancava meu modo saudável de respirar, e já cansada de tanta angústia, de tanto sonho desperdiçado, tanta saudade e novidade sendo engolidas em formas de rãs verdes geladas, eu joguei as singelas xicrinhas contra o muro, contra o que é certo, contra o que elas servem, uma seguida da outra. O mais curioso, minha tia nunca perguntou por elas, isso me deixou um pouco frustrada. Não faziam falta?   Hoje, minhas mãos deram a ordem de novo, e quebrei um prato seguido de um grito que salvou uma lágrima que queria por tudo sair, e dessa vez eu quebrei no meio da rua, que é pra alguém sentir falta, notar a diferença, mudar alguns caminhos, rotina ou que pelo menos o vidro despedaçado provoque alguém que seja capaz de lançar uma praga da boca pra fora em mim, algum desvio do raio de sol ! Pensamento distinto de quem quer que note...   Ah, meu amor... minha cólera está tão longe de querer prejudicar alguém, e isso é o pior acontecimento, porque aí só cabe a mim, minuto por minuto. O mais engraçado é que a distância de alguma forma resolve muita coisa dentro de mim. Quiçá, no fundo eu soubesse de que precisava disso, pois muitas foram as vezes que pedi, que chorei, que escondi e que por fim lhe disse que não conseguia, e eu entregava os pontos mesmo de pés atados. Mas você...você resolvia me catar e me segurava mesmo amarrada, me carregando nas costas numa permanência tão otimista, que mesmo sabendo que a sina era minha, dava tesão continuar por você.
E perdeu as forças, ali na praia mais deserta, como tinha de ser. Dessa vez meus pés atados estavam com as cordas folgadas, como tinha de ser... e eu...ah, eu tive muita vontade de querer estar bem amarrada, como não tinha que ser.               Minha razão não quer entender, ela sempre foi um pouco pirracenta. Mas como eu prometi aquele dia, vou seguir meu coração sem restrições, e ele me pede paciência e óculos para enxergar a força estrondosa que existe na linha sem trem que me restou nesse deserto sem sombras, o qual finalmente eu vou ter de me queimar. Eu coloco a mão perto das batidas, lembro de você e elas dizem que o ato foi de muita coragem da sua parte (apesar de eu ter ajudado um pouquinho) e me dizem que, isto de alguma forma vai salvar alguma coisa em nós. Se isso consta, não estou conseguindo alimentar meus monstros como antes, aqueles que você tanto falava. E eles estão com fome! Entretanto resistentes, pois foram muito bem alimentados, e a previsão é de que aos pouquinhos  adoeçam, e se mantenham em seus devidos lugares. E isto já está meio caminho andado, da linha, sem trem, do deserto,  que está custando meu próprio sacrifício.   

domingo, 3 de julho de 2011

Dez facas sujas.

Não quero pedir que pare de me chamar por esse apelido tão carinhoso, é só que cada vez que escuto (seja em música, seja em livro, seja por seu costume de escrever em sms; sutilmente não -e esperado) dez facas sujas de esperança perfuram meu peito. Essa infecção invade minha alma e cura pedaços do meu sofrimento, deixando meu organismo naquela dúvida constante se é esse mesmo o remédio certo desse novo começo. Que confusão na minha cabeça, quantos planos ainda insistem não serem desfeitos.  Agora ,  virou rotina,  amanhece e é só eu abrir os olhos e as cenas de coisas erradas que fiz e não passei a limpo, resolveram aparecer livres e desempedidas do que eu podia ter refeito. Lembra? Eu nunca lembrava bem...ou se lembrava não reconhecia. Não importa mais a hora, todo dia  nem que seja uma lágrima contada,  indubtávelmente também cara, me tira algumas horas de serotonina e obrigação. Nunca fui de contar dias, mas as pessoas que acompanham sempre dizem "Só?", então fico pensando, não faz nenhum sentido mesmo o tempo do relógio, pois o que sofre é o tempo incontável do coração.


p.s: e eu não consegui tirar aquele lembrete do meu celular, me pergunto se não era destino ele ser reparado logo nessas horas.