Rãs verdes e geladas
O sofrimento se parece com aquele que me fez quebrar aquelas xícaras, assim que cheguei em Palmas. Aquele dia eu me lembro bem, aquele passarinho não parava de cantar, meu coração todo amarrado trancava meu modo saudável de respirar, e já cansada de tanta angústia, de tanto sonho desperdiçado, tanta saudade e novidade sendo engolidas em formas de rãs verdes geladas, eu joguei as singelas xicrinhas contra o muro, contra o que é certo, contra o que elas servem, uma seguida da outra. O mais curioso, minha tia nunca perguntou por elas, isso me deixou um pouco frustrada. Não faziam falta? Hoje, minhas mãos deram a ordem de novo, e quebrei um prato seguido de um grito que salvou uma lágrima que queria por tudo sair, e dessa vez eu quebrei no meio da rua, que é pra alguém sentir falta, notar a diferença, mudar alguns caminhos, rotina ou que pelo menos o vidro despedaçado provoque alguém que seja capaz de lançar uma praga da boca pra fora em mim, algum desvio do raio de sol ! Pensamento distinto de quem quer que note... Ah, meu amor... minha cólera está tão longe de querer prejudicar alguém, e isso é o pior acontecimento, porque aí só cabe a mim, minuto por minuto. O mais engraçado é que a distância de alguma forma resolve muita coisa dentro de mim. Quiçá, no fundo eu soubesse de que precisava disso, pois muitas foram as vezes que pedi, que chorei, que escondi e que por fim lhe disse que não conseguia, e eu entregava os pontos mesmo de pés atados. Mas você...você resolvia me catar e me segurava mesmo amarrada, me carregando nas costas numa permanência tão otimista, que mesmo sabendo que a sina era minha, dava tesão continuar por você.

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