Páginas

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Rãs verdes e geladas



O sofrimento se parece com aquele que me fez quebrar aquelas xícaras, assim que cheguei em Palmas. Aquele dia eu me lembro bem, aquele passarinho não parava de cantar, meu coração todo amarrado trancava meu modo saudável de respirar, e já cansada de tanta angústia, de tanto sonho desperdiçado, tanta saudade e novidade sendo engolidas em formas de rãs verdes geladas, eu joguei as singelas xicrinhas contra o muro, contra o que é certo, contra o que elas servem, uma seguida da outra. O mais curioso, minha tia nunca perguntou por elas, isso me deixou um pouco frustrada. Não faziam falta?   Hoje, minhas mãos deram a ordem de novo, e quebrei um prato seguido de um grito que salvou uma lágrima que queria por tudo sair, e dessa vez eu quebrei no meio da rua, que é pra alguém sentir falta, notar a diferença, mudar alguns caminhos, rotina ou que pelo menos o vidro despedaçado provoque alguém que seja capaz de lançar uma praga da boca pra fora em mim, algum desvio do raio de sol ! Pensamento distinto de quem quer que note...   Ah, meu amor... minha cólera está tão longe de querer prejudicar alguém, e isso é o pior acontecimento, porque aí só cabe a mim, minuto por minuto. O mais engraçado é que a distância de alguma forma resolve muita coisa dentro de mim. Quiçá, no fundo eu soubesse de que precisava disso, pois muitas foram as vezes que pedi, que chorei, que escondi e que por fim lhe disse que não conseguia, e eu entregava os pontos mesmo de pés atados. Mas você...você resolvia me catar e me segurava mesmo amarrada, me carregando nas costas numa permanência tão otimista, que mesmo sabendo que a sina era minha, dava tesão continuar por você.
E perdeu as forças, ali na praia mais deserta, como tinha de ser. Dessa vez meus pés atados estavam com as cordas folgadas, como tinha de ser... e eu...ah, eu tive muita vontade de querer estar bem amarrada, como não tinha que ser.               Minha razão não quer entender, ela sempre foi um pouco pirracenta. Mas como eu prometi aquele dia, vou seguir meu coração sem restrições, e ele me pede paciência e óculos para enxergar a força estrondosa que existe na linha sem trem que me restou nesse deserto sem sombras, o qual finalmente eu vou ter de me queimar. Eu coloco a mão perto das batidas, lembro de você e elas dizem que o ato foi de muita coragem da sua parte (apesar de eu ter ajudado um pouquinho) e me dizem que, isto de alguma forma vai salvar alguma coisa em nós. Se isso consta, não estou conseguindo alimentar meus monstros como antes, aqueles que você tanto falava. E eles estão com fome! Entretanto resistentes, pois foram muito bem alimentados, e a previsão é de que aos pouquinhos  adoeçam, e se mantenham em seus devidos lugares. E isto já está meio caminho andado, da linha, sem trem, do deserto,  que está custando meu próprio sacrifício.   

Um comentário:

Unknown disse...

me senti sufocada...