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sexta-feira, 7 de maio de 2021

destralhar

Em que momento me permiti esquecer que eu acredito nas mães? Em que momento me recusei a acreditar nas Deusas do meu imaginário? Sempre foi tão claro para mim... tão claro o feminino. Sou uma viciada em mulheres, uma viciada em mulheres desde criança. Quero ver mulheres em tudo que eu acredito, ver mulheres, senti-las, estar com elas, desenhá-las, montá-las, ignorá-las, jogar com elas, me apaixonar por elas, escolher as preferidas, me tornar inimiga delas, mulheres, mulheres, mulheres... Suas belezas, suas importâncias demasiadas por cabelos, seus ferimentos e delicadezas, seus corres, menstruações e preocupações com o próximo... ah, mulheres... mulheres e seus filhos, seus estresses, seus esquecimentos e natureza.

Meu pedido é que elas mudem o mundo. São as únicas capazes. Tomem, intercedam, criem os novos poderes e caminhos. Sejam a alternativa que é hora de apagar as fogueiras e deixarmos o mato tomar de conta, plantarmos flores por cima dos galhos queimados, várias marias, marias sem vergonha de todas as cores tomando os canteiros... as ideias, descolorindo as mentiras e construindo verdades que precisam ser ditas e que foram reprimidas ano após ano.

Quero ocupar lugares com elas, tirar a roupa, encontrar os desejos, contar os segredos, guardar os beijos,  limpar o choro, cozinhar e temperar o molho, colher o que foi plantado, caminhar sentindo o vento. As coisas estão melhorando, pirando, melhorando, piorando, melhorando...

Sou doida por querer que as coisas mudem? Sou doida por sentir que as coisas mudam? Sou doida por estampar na cara que precisamos pintar direito? Escolher as cores, pagar o preço, destralhar a casa? Ah, meus amores... eu sou mulher. Muuu-lher que junta o lé com o cré, mulher cabeça as vezes desequilibrada, mas eu dou conta, eu dou conta da minha cabeça.