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sábado, 18 de julho de 2009

Penando com Maria.

Naquela época, não tinha muito o que se fazer. Quando sua mãe ainda era viva, lhe dizia: "Maria! Tira o choco dessas galinhas!". Maria tinha sete anos e adorava galinhas. Se quisessem deixá-la feliz, que a presenteassem com uma galinha ou pedisse para fazer algo por elas. Galinhas com choco, são galinhas que não se calam. Maria colocou as duas galinhas no saco e foi para o córrego, sozinha. Lá, tirou uma galinha enfiando o pescoço dela dentro da água, segurava-a firme, afogando a pobre ave, e olhava para os lados, e para cima, vendo as folhas brincando de tapar o céu. Daí, se lembrava da galinha de novo e tirava de dentro do córrego, a galinha desesperada, se sacudia inteira de medo, e Maria sorria feito gente grande quando vê dinheiro, "Como é bobó!" pensava e sorria a menina. E logo, Maria repetia a judiação, enfiava e desenfiava a cabeça da pobre ave nas águas, como se estivesse lavando uma roupa. Foi quando o choco parou. "Consegui?", quase vibrou a menina, mas a galinha estava morta.
Ainda restava uma, Maria mudou de planos. Voltou para a fazenda, vendo o meio do terreiro quente do sol, teve uma ideia e tirou a outra galinha falante do saco, segurando-a firme, pôs ali no meio e a tampou com uma bacia. Como estava quente, saiu dali, e foi brincar. Voltou depois de alguns minutos, e destampou a galinha, que mole cambaleava sem ar, Maria riu feito bêbada da pobre ave, mas como ainda estava com um pouco de choco, tampou outra vez com a bacia e foi brincar. Quando voltou para destampar, na expectativa de sorrir da ave ou ter retirado o choco, a galinha nem cambaleou, morta.
"Mãe, mas não é de ver que as galinhas morreram?", explicava cínica a mãe.
E a menina sem pena e sem galinha, saiu sorrindo em busca de uma manga madura.

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