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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Uma carta de amor para o destinatário certo

Entre todas as linhas secretas, do amor que eu nunca dei por completo,  não quero perder a enorme vontade de escrever cartas de amor.
Declaração... essa vontade enorme será escondida na última porta de meu coração, pra que eu não perca a capacidade de transcrever os mais belos sintomas de harmonia  com meus sentimentos, por qualquer razão. 
Alguém há de merecer meus votos escritos de ardor, e  leremos juntos em pequiniques românticos, debaixo de árvores, renovando promessas e costurando sonhos, sem  nenhum medo do amanhã, porque estaremos juntos. 
Não quero que a idade venha permitindo sentir vergonha e tormento na hora de enviar. Ridiculo seria esconder meus sentimentos, brincar com eles num jogo ou negá-los pensando num doer mais pouco
Independentes e livres, as cartas serão escritas sem busca de respostas,  sem busca de acordos.  
Serão papéis de puro sentimento, para serem entregues, e isso quer dizer muito além do literalmente. 
E num desejo, peço que elas fiquem muito mais bonitas com o tempo, provando que o que está escrito ninguém terá o direito de mexer, e que a mágica continue a mesma, isto é,  transformando para sempre,  todo e qualquer instante do destinatário, único e capaz de parar o tempo, num simples desdobrar de papéis. 
Que o medo de ser ridicula e infantil não invada minha ética, mesmo que eu já esteja calejada, que eu já não tenha cheiro de menina, ou que já tenha recebido cartas de má respostas, cartas que cobram, cartas de mentirinha, e até cartas devolvidas.
Um dia, quem sabe na hora errada, eu ainda hei de escrever uma carta de amor para o destinatário certo.  E quando esse dia chegar, todas as cartas errantes haverão de ainda ter meus sentimentos, mas  agora sutilmente, nos mais sinceros sentimentos do papel de viúva. 

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