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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

mil corações

Bate feito um relógio sem tempo, 
uma bomba sem tempo, 
uma mão no tambor, 
no pandeiro, 
no ritmo de uma vida que ainda está cheia de corda pra ser feliz.
Dispara por lembranças que pertecem mais ao corpo, do que a alma. 
Bate 
em batidas que não são mais em ritmo de tiros. 
E sim como passos,  de alguém que chega discretamente num velório, lembrando do morto. 
Dispara diferenciando saudade de vício.
Porque uma coisa é lembrar e sentir, outra coisa melhor ainda é sentir primeiro, lembrar só depois e aí sim...in-sis-tir.
Bate tão forte,
tão grande,
tão forte,
tão grande!
Que entrega o próprio corpo, a essência que domina, e descontrola todo o organismo, numa falsa garantia.
Dispara, tipo matando o que me matava.
Bate assim, 
sossegado 
e ansioso
por uma nova flor, 
pelo primeiro beijo, 
por  alguém que valha a pena chamar de meu amor.
Dispara ao final da tarde, quando o sol resolve que já deu, esperando alguma coisa da noite. 
Bate sem jeito,
por um recomeço,
num ritmo harmonioso 
de chegada e esperança. 
Dispara feito uma partida, pra sofrer no que já sabia.
Bate ansioso 
por um novo sorriso, 
pelo primeiro longo abraço apertado, 
por alguém que valha a pena  chamar de meu bem.
Dispara em cada casal que se beija na minha frente, em cada flor que é arrancada pra ser dada por amor, em cada minhoca entregue no bico de um passarinho para um filhote que não sabe voar. 
Bate
três vezes calmo,
...porque passou.

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