13 horas você deixa de existir.


"Carol, Carol, Carol...
...Ô Carolina não vou suportar não te ver...
Carolina eu preciso te falar
Ô Carolina eu vou amar você..."



Sexta feira eu cheguei da boate e te mandei uma mensagem, nossa amizade era assim, repentina, sem regras, cheia de pressentimentos, sms e sinceridade. Não sei porque mas seu término de namoro deve ter acontecido na hora certa porque eu te conheci melhor nesse tempinho sofrido, te levei pra passear, te mandei algumas piadas pra te fazer sorrir, te dei conselhos, ouvi sua história, contei a minha e estávamos sempre mandando sms uma pra outra nesse curto espaço de tempo pra uma amizade que tava indo tão bem. "Nanda, voltamos." Fiquei tão feliz por você aquele dia, tava ansiosa pra saber como tinha sido, pedi pra que você não se afastasse e nos encontramos na semana espírita, mas não deu tempo de contar os detalhes. 
Um dia você parece que adivinhou que eu tava mal. "Carol vou na benzedeira, to vomitando." comentei meio sorrindo e você me ligou na hora exigindo que eu fosse assistir um filme na sua casa com você e deitamos na cama da sua mãe e combinamos de mudar seu visual (cabelo) e você me contou dos seus planos de ir estudar na Argentina e de como estava tranquila e feliz nesse momento da vida. 
Carol, não dá pra acreditar que você não existe mais desde as 13 horas. E eu esqueci de te falar que ia te escrever cartas quando estivesse na Argentina, esqueci de falar que adorava seu jeitão firme, que adorava como você parecia estar sempre forte mesmo com sua sensibilidade enorme escondida atrás dos olhos desconfiados e que tava pensando de irmos no cinema quarta que vem. 
Essa sua passagem rápida na minha vida me fez repensar tantas coisas, pena que não vai dar pra saber sua opinião ao respeito, você não pode me ouvir, né? Queria te mandar um sms agora. 
Ah, Carol é uma pena que nessa Terra ainda aprendemos mais sobre nós mesmos através do sofrimento, seja ele de quem for... 
Ontem eu acordei cedo pra pegar a última aula prática de carro e sozinha naquele galpão da auto escola você me gritou: "Ei piriguete!", quase morri de rir, "Carol?!", então sentamos esperando nossos instrutores e você disse: "Ele falou que eu vou pro inferno porque não sou crente. Dá pra acreditar?" "Nossa que babaquice hein meu bem? Ainda bem que é sua última aula também hein?" "Nem me fale..." Você adorava  me impressionar, falar nem me fale, to te contando e em como o próximo ano ia ser o ano pra você. 
Hoje de manhã fizemos nossa prova prática, você tava um pouco nervosa com medo de pegar o pior examinador, e pegou. 
"Esse careca ai que é o meu?" 
"É, boa sorte." 
"Será que ele é carrasco?" (Ele era, vi o pessoal comentando, mas menti) 
"Nada menina, ele é de boa!"
Quando você terminou a prova (e havia se saído bem) eu falei que ele era um carrasco e você me deu um tapinha nas costas sorrindo sem graça. "Vou pra um casamento daqui a pouco, da família do Robson." 
"Ai que legal amiga, conseguiu um vestido?" 
"Sim. Acho que vou em muitos casamentos, ela adora Nanda... Eu já vou, posso te dar um abraço?" 
"Pode." 
"Não sei se vou ter ver até o Natal, boa sorte na prova."  
E eu fiquei te olhando com aquela blusa vermelha, reparando teu jeito de andar e tentando entender porque eu esqueci de perguntar do seu endereço na Argentina, pra poder escrever as cartas no ano seguinte. E você virou de repente:
"Ah! Nanda! Me manda um sms quando terminar sua prova, quero saber como você foi."
"Tá bom, eu mando."
Mas eu esqueci de mandar, me deu um sono a tarde...acho que me sai bem na prova... Acordei. Não pude acreditar e assustada li o sms:
"A Carol morreu." 

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