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Mostrando postagens de 2018

Despeito

Vi a foto das pernas de vocês embaraçadas, ainda que não fosse de agora foi possível sentir uma agulha perfurando meu coração vagarosamente. Ao mesmo tempo, também senti uma felicidade estranha e intrínseca de saber que um dia tu pareceu muito feliz e completa com outra pessoa.  Será que eras mais feliz sem mim? E se tu fores apenas isso mesmo... Pernas embaraçadas em lençóis simples, alma leve e casa alugada? Eu sou tão complexa, raiz e asa ao mesmo tempo, confusa, pesada, chorosa, medicada... Sinto outra  agulha no meu peito. Uma agulha secreta que me sangra ao perceber o quanto talvez tu a amou, o quanto fizeram amor, o quanto tentou esquecê-la em outras bocas e corpos ou mesmo o quanto foi capaz de amá-la sem ela ser grande coisa... ela sendo apenas ela mesma. Triste, rouca, fedendo a cerveja.  Sofro estranhamente ainda que tu esteja comigo, nesse tempo do agora. Já passou, já passou, eu me digo. E aí é como se eu fosse tu, por alguns instantes. Recebo a notícia de que minh

Um galinho no meu peito

Calço 37, ás vezes 36 e diferente do que o Raul canta, o Gallo nunca interferiu muito no jeito que eu gosto de ser.   O Gallo cruzou uma rua em 1988 e  minha mãe era linda... continua. Hoje, o Maurícios Bar , me disseram que agora é uma igreja. F oi onde eles se interessaram pela primeira vez.  "Eu não gosto de mulher bonita", ele disse sem nunca ter chegado em mulher feia. E minha mãe nunca mais foi a mesma. Começou quando eu era pequena. P ara todos os lugares que eu ia e vou, aparece um galinho que canta e acorda primeiro do que eu, bem aqui... dentro do meu peito. Meu coração o carrega sem saber como foi que ele chegou. Desde pequena me incomodo por saber que não controlo essa ave que habita em mim, por saber que é mais forte do que eu. Ocupa um espaço maluco sem permissão. Há uma briga misteriosa entre mim e eu, por eu não manter esse controle. Q uando estou longe, ás vezes, a ave aparece do lado do meu travesseiro. Eu me assusto e ela some. No balcão dos bares, no ombr

Labirinto

Procure se governar, compreenda seus limites e falhas como quem mora dentro de si mesmo, e não dentro de roupas e cosméticos que querem te melhorar. Eles vão te fazer acreditar em várias coisas... se conheça, para saber diferenciar. Inclusive você pode até se sentir louca, frágil, mas sempre vai alcançar outros meios de se sobressair, porque sempre tem outras alternativas... você sempre soube, você nasceu sabendo, esse sistema é furado, eles não veem a hora pra que você colabore, e te cobram, te alimentam, te envenenam...vão te enfiar milhões de instituições, cuidado. O interesse desses caras ultrapassa gerações, eles sabem muito bem como funciona o mundo, e enquanto você não souber quem é você, enquanto você não souber do que gosta e no quê acredita, eles vão sugar toda a sua energia num desperdício triunfal do que poderia ter sido boas descobertas. E cheias de defeitos, suas instituições protegidas de pessoas que acham que sabem de tudo, vão te fazer acreditar direitinho que você p
Não entendo porque tu aparece De um lado me queixo,  de outro entendo... Me entendo naquele tempo Não sei quem eu era Não me lembro como fui Mas ainda sei o que eu sentia Isso, nunca mudou.

Sagrado

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Descubro em ti um amor admirável. Te acho inteligente, atenciosa, humana e errante. Tu quebras como eu, brigas como eu, percebe como eu, fala o que pensa, dá risada, é bem humorada... e feliz, mesmo que por dentro tenhas tristezas engavetadas. Descubro em mim uma paixão ensurdecedora. Me acho pretensiosa, quiçá seja eu tua fã, teu segredo, um pacto sagrado... o teu lado. Sou teu lado há tanto tempo... Quando tu contas as histórias, meus ouvidos se enfeitiçam. Quando me lembro das histórias, minhas lembranças te enobrecem, apesar de todas as imaturidades e certezas que eu já pequena, sabia. Talvez não fosse ideal, mas era a que eu tanto gostava. Talvez não fosse tão amada, mas era a que eu queria que fosse. Talvez não fosse a mais presente, mas era a que eu sempre esperava incansavelmente. As vezes estranhamente ainda estou lá... quando a casa ainda não estava reformada, quando as árvores ainda não haviam sido cortadas, quando haviam mais grades, um poço, casinha de cachorro, raizes

Teu espírito agora

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João, nem sei se teu nome verdadeiro era esse, mas desde que você resolveu ir embora da sua vida, me sinto mais fraca. As vezes olho o que você  escrevia e penso porque não me aproximei, porque não perguntei mais, porque admirava tanto e nunca falei na mesma proporção. Sempre tive curiosidade sobre sua foto, seu trabalho e que infância ou adolescência teria tido pra ter as visões políticas críticas e bem humoradas que parecias ter. Quando teve greve dos caminhoneiros, fiquei a pensar que piadas boas tu terias feito se estivesse vivo nesse alarme falso do nosso país. Te achava um cara tão bacana, eu podia ter te visitado um dia. Lembro quando me seguiu de volta e me senti mais interessante. Sua morte não acabou só com você... mas também com a fantasia de quem não te conhecia mas esperava mais... muito mais de você. Nessa madrugada de insônia, imagino com quem teus cachorros estariam e o que se passou na sua cabeça no dia das mães. A vida é tão frágil meu deus... queria que tivesse ti

Encaixe

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Estou no centro da angústia há dias. Estou com 10 anos a menos. Toda marcada. Algum dia sairei da estaca zero? Sinto pena de mim diversas vezes e mais pena ainda por sentir pena. Queria entender porque sou tão vitimista... choro ao dirigir sozinha e me sinto acompanhada. Grito e grito um grito de desespero. Uma dor invisível abraça minha mente e me faz arrancar as unhas dos pés e machucar a minha pele. Queria ajudar mas não consigo. Queria amar melhor, mas não consigo. Escuto uma voz que diz que vou me arrepender de não ter sido mais carinhosa. Vou me arrepender quando todos estiverem ido embora. Tenho tudo que muita gente não tem e ao mesmo tempo não tenho nada. As vezes tenho surtos de querer uma aventura. Pular da ponte, atirar o pau nos rapazes desconhecidos, quebrar alguém na porrada, dirigir em alta velocidade e jogar o carro de uma ribanceira, cortar meus pulsos d e v a g a r...  Me falta tesão. Me falta o não. Não tenho respeito por ninguém. Joguei tudo que estava na mesa no c

Traição

Não é mais a pele dele que incendeia meu corpo. Mas eu precisava conversar com quem não me conhecesse tanto, com quem apenas conhecesse uma parte minha que eu gosto que seja vista. As vezes me canso de ser tão crua, de ser tão inteira e de estar num destino um tanto previsível. Me sinto tão egoísta agora. Mas meu desejo ali era encontrá-lo porque sei que não espera nada de mim. Por algum motivo, era com ele que eu precisava conversar. Porque já tivemos algum encanto e porque de fato isso já me deixou bem anos atrás... é com quem eu já sabia que dava certo foder. E fodemos. Quando nossos olhos se encontraram, até esqueci que era traição. Fiquei leve, como era antes. Quis te abraçar e fui abraçada antes mesmo de pedir. Ele gosta de mim tanto quanto eu. Batemos um bom papo, foi um lindo abraço e duas horas se passaram muito rapidamente. Como sempre ele mora em lugares esquisitos com pessoas misteriosas. E é impressionante como não me incomodo nessas horas. Sem mudar minha vida e sem faze

o sopro

Não sei mais escrever. Há dez anos atrás, sem técnicas, sem algumas cicatrizes sérias na alma, sem trabalho e instituições entrando pelas minhas veias como droga, eu... eu fui gênia. Talvez seja mais fácil olhar para trás e dizer que tudo era bom. Com o tempo também adulteramos memórias sem perceber. Pra ser menos duro, ou pra alguma única vez na vida ser mais fácil. Hoje, sou pureza com sonhos perturbados, confusos e esvoaçantes que bateram naquele peito. Não sinto falta. Não voltaria no tempo. Mas eu sabia tanto sem saber de nadinha... Dez anos. Vinte e sete e com dezessete, recordo-me como parecia tão mais sagaz... Sabia tanto sobre mim, hoje sempre irritada, paranoica e cansada, tento não saber. Dez anos e nenhum suicídio, dez anos e nenhuma carta na manga, dez anos e alguns fantasmas colecionados, dez anos e algumas decepções, perca de cabelo, peitos caindo...ah, a vida que naquela época havia tanta sede... Quantas mudanças sem sentido, quantos caminhos sem saber para
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Queria voltar a escrever como antes. Deslanchando, interrompendo, pensando no hoje como se fosse amanhã, pensando no amanhã por causa do ontem, eu queria de novo daquele jeito. Era todo espontâneo, todo original, criativo, clássico e moderno ao mesmo tempo... Ah, como era gostoso ser eu! Depois de um tempo fui ficando mais óbvia e tudo tão mais claro... Bom mesmo era quando era misteriosa, agora é como se eu possuísse tintas e várias latas de tintas de uma estante que tem em toda casa. Sabe toda loja? E a paleta, e aquela cor desgraçada que todo mundo gosta, todo mundo tem, todo mundo conhece e namora... Antes não, antes eu não sabia o preço, o nome, a origem... eu não sabia nem o nome da cor e pintava. Agora que tudo sei, nada mais sei... Sobraram em mim resquício desse tempo profundo, eu pinto uma árvore no meu quarto adulto. Antes um cenário pra tantos medos e fantasias, agora mais sério e confortável, mas com uma árvore que eu inventei. Ela começa em um dos cantos dos quadrados

Murchei

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As vezes queria ser de plástico Como é difícil esperar a chuva chegar Depender do sol Administrar os ventos Ter medo de quebrar As vezes queria ser de plástico Perder pétalas e continuar da mesma cor Não viver o medo de ser arrancada Não viver o medo de ervas daninhas Não viver o medo de ter a responsabilidade de agradar um coração... As vezes eu queria ser de plástico Pra simplesmente estar na prateleira como elas Impecáveis como elas Produzidas como elas Compradas como elas Como é difícil ter perfume Como é difícil ter espinhos Como é difícil ser perdão, ser paixão, ser despedida, ser tantas políticas... Eu restauro... restauro... e restauro. Não consigo ser de plástico. Não consigo ser de fábrica. Não consigo...    🥀

saudade as vezes

minha saudade era imensa de vocês. mas eu não podia dizer, de alguma forma eu também queria ser livre como a versão que guardei de vocês... jovens, livres.  ela talvez nem tanto,  você absolutamente.  quando eu andava por aquelas ruas sozinha, imaginava que estavam comigo, a versão jovem de vocês.  a que tinha cds,  a que sabia a letra das músicas,  a que lia livros em várias posições... era obcecada por vocês.  pelo amor não correspondido,  pelas traições contadas,  por não se largarem,  por serem imperfeitos,  por um ser preto e outro branco, admito.  talvez nao conscientemente, mas eu era obcecada por vocês.  sinto vocês correndo nas minhas veias, mais do que nas veias dos meus irmãos... é patologia... é filosofia é fisionomia quando eu ando na rua eles dizem que sou a cara de um  o fucinho do outro nunca um só... sempre sou os dois sempre os dois. eu assistia minhas aulas pensando que o curso era cara de vocês pensando que aquilo

Preciso de um novo caminho. Me modificaram, talvez. Mas dessa vez não pude aceitar, não pude.  Então, ainda sou grito, ainda sou jovem, ainda estou colorida, ainda estou aqui. Mesmo que eu tenha que ter ficado guardada toda vez que chegava... agora estou aqui. Não os admiro, não gosto da companhia, não converso, não rio. Não preciso mais sentir vergonha alheia, nem de onde estava, nem com meu redor. Preciso apenas de um novo caminho. Nunca mais quero sentir vontade de morrer por não tomar as decisões certas, por suportar mais do que consigo, por insistir tanto a ponto de me regredir, me boicotar, me apagar. Não sou burra e nunca fui. Talvez apenas menos treinada, mas sou rápida, veloz, e quem sabe minha velocidade tenha assustado quem está parado ou no mesmo ritmo há anos. Dei-lhes audiência, dei-lhe algumas das minhas misturas de dores, dei-lhes minha força criativa e perspicaz, recebi algumas coisas em troca que me amadureceram significativamente e não dev

palita

se tu deixasse eu seria tua tu seria minha e ele nunca poderia saber como chamar sua atenção? como ser especial pra você? como parar de te querer? tenho um amor só pra mim mas não é suficiente tenho um amor que já conheço e portanto não me acende se tu deixasse eu seria tua tu seria minha e eles nunca iriam saber.... mas como...como ser tua atenção? como te seduzir sem querer? beberíamos um suco cortaríamos o cabelo poderíamos flutuar pela grama somos leves aparentemente tristes intrisicamentes magras magras magras demais. lhe daria prazer imenso perceberia tuas curvas não teria mais medo do inferno e seria eterno até o próximo batom invejo tua idade tua liberdade tua prepotência no olhar teu talento e teu estilo invejo tua juventude tua plenitude teu sorriso triste tua pele sem marcas teu cabelo brilhoso tua alma sagrada e voraz ah, se tu me deixasses ser tua... não teria mais nenhum inverno brotaria de mim cores além de rancores e leves fl

proibida

fico esperando o dia que tu crescerá o próximo corte de cabelo a tua descoberta o momento que a juventude amadurecerá acompanho teu talento tua magreza e doçura a instituição pregada na tua alma ainda e a revolução querendo queimar teu espírito ao mesmo tempo teu charme corajoso tuas caras e bocas o que ele me contou de você o que ele não consegue ver em você e como você se foi pra ele, mas ficou ...tolinho, todos são. imagino o perfume dos teus cabelos curtos teu carinho teus horários e sapatos como escolhe tuas roupas as cores do batom tua família teu quarto bagunçado ou arrumado tuas tristezas... se também vais parar numa sala se também vais parar numa farmácia com receita tarja preta se também não vais te iludir com o primeiro gozo a primeira posse o primeiro ciúmes e guardar o primeiro pedaço do coração partido não encontrará neles escuta o que te digo porque és especial além de fascinação o que procuras não existe a não ser nos livros, nos filme

O bico vermelho

Patrick era o melhor pintor da sala no pré-escolar. "Me empresta o apontador?", eu puxava assunto. "Claro!", ele dizia. Todos seus desenhos tinham cores corretas e reais nas coisas que ele pintava. Ele entendia os contornos, entendia que tinha que pintar dentro sem sair das linhas, sem borrar. Aquilo pra mim era surpreendente. Alguém que entendeu o processo como eu. Todos os outros colegas faziam rabiscos, pintavam fora do contorno. Patos azuis, patos verdes e roxos... quanta tolice, eu pensava. "Será que eles um dia vão se tocar que não existem patos coloridos?", eu me perguntava. Patrick gostava de ouvir elogios, logo percebi que ele sabia que era o melhor da sala. Acho que eu gostava do Patrick por causa da sua habilidade, do seu despertar antes de todos, do seu exibicionismo, da sua organização, de sempre ter um apontador no estojo, e toda aquela sua vontade de ser o melhor e possuir os desenhos mais bonitos. Nunca me esqueci de um pato amarelo com b

Destino interno

Ela me espiava e eu sabia disso mesmo dormindo. É porque ela sou eu. Mesmo me dando a impressão de que éramos duas pessoas diferentes. Ela me dizia coisas sobre ser triste e toda aquela vida que eu estava levando, enquanto eu vivia aquela mesma vida presa pela descoberta do estranho prazer e de tentar ser quadrada. Eu mentia, mentia que não fazia ideia e nem me preocupava sobre o amanhã. Ela sabia que não era verdade e mesmo assim, dormindo ou acordada, sabíamos também que aquela vida ia melhorar um dia e eu estaria tão livre, feliz e organizada que saberia exatamente como seria meus amanhãs, e onde eu queria estar. Era sempre assim. O que me dava constante impressão de que eu não estava sozinha, de que eu era meu próprio guia e carrasco. Mais que uma só! Éramos também, minutos depois de todas as vezes que eu recebia aquelas declarações de amor, faísca. Eu bem sabia, mesmo gostando de receber elogios e declarações, que não gostava totalmente, por entender que de mim não podia ser jama

O salto

Se eu não tivesse me jogado no lago aquele dia, talvez as coisas teriam melhorado. Quem sabe eu não teria conversado com as pessoas certas, encontrado alguém por acaso que me faria querer continuar ou mesma a ideia genial teria aparecido. Enquanto humanos, enquanto seres, enquanto sonhos... aquele eterno encontrar. Ah, como sinto falta daquela esperança daquela ideia que muda para sempre o rumo de nossas vidas... estou viva, mas não há mais esperança. Quem é que sabe se ela não teria aparecido as dezoito ou duas horas depois de eu ter me jogado descalça, sem choro, aviso e nem reza? Quem sabe se essa ideia iria aparecer pela manhã e desmanchar tudo para que eu recomeçasse? Mas nem todo mundo consegue esperar, ele me diz quando aparece. Ele fica sumido a maioria do tempo. E quando estou muito perdida, as vezes se suplico ele aparece. Eu faço realmente parte desse grupo, eu lhe digo rebelde. Do grupo dos que desistem, do grupo dos que não encontraram soluções, dos que não vão v

divã

Guardas segredos através de fantasias? Brincadeiras? E convencimentos baratos...? No fundo sabes  como funciona algumas coisas, mas precisa fingir? Use mesmo toda a criatividade como escudo, como espada, como remédio. É preciso fantasiar. Eu preciso. Algumas vezes o tempo todo. Difícil é quando se está triste a ponto de precisar fantasiar muito...e tudo se mistura... Não se faz muita ideia sobre o que foi inventado e o que é real... mas há salvação para nós, os tolos. Tu se pergunta, quantas vezes é capaz de se auto enganar? E da onde tiras que o que cria sobre si mesmo não pode ser real? Sentes constantemente que o caminho é perigoso demais, mas que saber disso já te deixa um pouco mais a salvo? Sem o medo, o que seria da coragem? Mas é preciso admitir que não viver a realidade também é perigoso. Fantasiar é antes de misturar, separar também. Separar para que a loucura saiba seu lugar, para que ela saiba seus horários de visita, seus horários de tomar um chá. A porra do  O controle a

coragem de ser

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T em gente que pode falar, tem gente que se faz de doido(a). Tem gente que nasce sabendo, gente que vai entendendo e gente que precisa descobrir. Tem gente que fica com medo, confuso e quer te confundir. Tem gente que não faz ideia do que está fazendo, mas tem coragem, e quer mesmo perdido, tentar descobrir. Tem gente que escolhe sentir-se vivo! Tem gente que sente igual, mas se esconde... dá um tempo! Ainda é preciso estar morto. Tem muito das escolhas dos outros... e o passado? Tem futuro? E o presente? Ah, o presente já vai indo embora... Olha direito, porque tem um bocado de gente criativa, gente que inventa, canta, pesquisa, encena, pinta, brinca, lança, joga, brilha, dança e anima! Mas tem gente que não é parecida, gente ruim, gente melhor do que os outros. Tem gente que coloca deus no meio, outros o diabo. Tem gente que ainda não tem consciência. Tem uns que acham que passa, tem outros que sabem que fica, mas no fundo acham que não é coisa de gente, acham que é coisa de outro
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Me transformei em um desenho eu nem sei há quanto tempo.  Não dá pra ser real em qualquer espaço.  Uma hora eu fui aprendendo, apesar de ter essência espontânea.  Crescer também é repreender.  Sim, repreender. Mas ser criativa, é uma boa maneira de sobreviver.  Se quiserem minhas dicas, transforme as pessoas em bichos engraçados, por exemplo. Apelide-as mentalmente, tal qual no ensino fundamental. Dessa vez sem que elas saibam, até porque nem todas são providas de inteligência. Coloque orelhas nelas,  pêlos,  dentes afiados,  bafos de carniça,  rabos...  Dentro da sua mente, quem é que pode saber como você as vê?  É divertido as vezes, vai por mim... Distrae... algumas até latem de verdade. Traçam o caminho do ataque, o utros ferozes, incontroláveis, estúpidos, prontos para dar o bote... Cuidado com as pegadas, não siga por esse caminho. És selvagem, mas nunca será um animal.  És selvagem, mas sempre original.  Não deixem que controlem sua mente.  Siga o co

mais do que eu

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Estou aqui o tempo inteiro, mas algumas vezes não nego que estou dando escapadas e voltando pra saber onde foi que eu decidi que seria obscuro. Que caminhei ao lado do medo e não da coragem. E tentando entender porque poderia ser tão insuportável o que realmente podia ver. Quando não estou aqui e também não estou escapando e voltando, estou na minha frente. Me alertando que não deveria estar tão preocupada com tudo isso e apenas viver a descoberta que traz um tempo que não desabrochou, um tempo que se calou e se amarrou em cordas grossas para não conviver com a essência. Daqui, voltando um pouco, agora eu vejo tantas pistas dada pela vida, tantas pessoas cruzadas pelas histórias, tantas cenas que se abriram e fecharam sem que eu conseguisse abrir as portas, e meu caminho seguindo quase chegando na minha verdade, mas parando no meio pra observar flores e pedras que já conhecia perfeitamente. Não sei, mas tem uma coisa dentro de mim.  Estava lá por tantos anos de um jeito que eu não
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Q uando bateu, meu coração veio a disparar de tal modo que eu não conseguia segurar meu respirar.  Vou morrer? Me questionava com medo por não saber mais me controlar, mas havia controle, eu o sentia também. Como nunca antes. Sentia na minha pele, dentro da minha mente e na minha garganta. Então é assim o controle? Eu me perguntava sem antes nunca tê-lo percebido tão perto da minha alma. Tudo aquilo era eu de verdade. Mas eu mais intensa, descascada e um pouco desprotegida. Ainda não conseguia segurar meu respirar, sabia que precisava esquecê-lo para conseguir curtir as demais sensações, se é que poderiam ser boas. Os amigos me diziam, relaxa, relaxe... e então naquelas fotos do mural sem luz as fotos conversaram comigo como nos jornais do filme harry potter. Uau, como minha mente é capaz de me fazer ver isso? Antes disso, ainda no palco, o brilho das roupas dos orixás saíram dos tecidos. O batuque me tirava de dentro de algo que não era meu corpo. Se eu lembrasse do meu corpo me

meu desfile

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D epois de tantos anos, finalmente sou mais capaz de enxergar o que é que se passa aqui por dentro.  Agora eu vejo o tamanho do meu medo, agora dá pra se mensurar. Sei seu peso, seu início e o seu fim. Não é maior do que eu. Apesar de ser eterno. Agora só não pode ser maior do que eu, como antes, porque não é mais um mistério completo. Definitivamente e ainda bem, não é mais. Tudo se esclarece, mesmo que seja fumaça. Está comigo por tantos anos... mas agora não é mais meu maior problema. Não é só meu inclusive. Meu estranhamento, meu escuro, meu maior inimigo, minha tristeza estranha... Escrevi e escrevo pequena ou grande sobre o medo. Contudo, sou mais forte do que ele. Repare bem como nunca deixei de ser espontânea, engraçada e autêntica por carregar fumaça na alma. E ainda, o principal! Não deixei de ser corajosa. Há tantos e vários momentos em que fui mais forte do que o medo, em que tracei meu destino, em que senti o que não entendia e deixei acontecer. Em que tomei iniciativ
A morena já está de guarda, ela pensa que é um grande rotivaler. Mas ela é a menor da casa. Ela fica do lado, grande soldado acompanhando o prazer matinal do segundo menor da casa. Ele gosta de ler. Em tempos de muitos egos, indiretas e ignorância compartilhada, ele já é o rei. Pra ele não importa se é sábado de manhã, no seu reinado, sem valer nota, sem valer dinheiro, sem ameaças... criança lê por puro prazer. Por dentro ele mal sabe, mas só por isso ele já é grande... Grande de verdade. Quem sabe a Morena também não é, com tanta valentia e coragem. Ela acredita mesmo que é um rotivaler. Ele vira as páginas, ri, arruma os óculos, balança na rede com o livro em mãos...é sábado e são 426 páginas. Ela fica de olho, as vezes levanta as orelhas, olha para os lados. Nem meio dia ainda...Ele lê, ela vigia e eu já por dentro dos cheiros, do que o destino quer com isso, dos sinais da vida, dos submundos dos meus lados... ele lê, ela vigia e eu já desconfiada, já tem um castelo, já tem um rei
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Escrevo sempre para mim, por mim, para o que é novo e o que ainda é velho, mas lateja. Para me conhecer nas palavras, para me marcar ou me esquecer por dias. Escrevo porque sou só exausta mesmo. Nasci exausta, nasci. Atormentada pelo que não ouço, pelo que não vi, pelo que decido. Escrevo porque sei de tudo, mas não posso falar. Porque já compreendi, mas não estou pronta pra saber. Porque estou crua constantemente e as roupas não me descrevem e se escondem de mim. Dizem que se escreve mais quando se está triste, pois ainda que eu dance, ainda que eu me apaixone ou trabalhe ou me levante! Escrevo mentalmente milhões de roteiros, crio milhões de filmes, fantasio todas as pessoas para que tudo pareça melhor e mais suportável... Não crio personas, não mudo meu nome, eu não sei... Aparecem as palavras, os sentimentos talvez gostem do meu abraço, das minhas verdades negociadas em palavras, de pessoas fabricadas pelos sopros que chegam no meu ouvido. Sei que não existe bem isso, as vezes,
Até as nuvens cinzas queriam me ver chorando nesse fim de tarde. Lembro e relembro de coisas tão desnecessárias... Lutei a manhã inteira contra paranóias que eu sabia que eram paranóias. A tarde, me pergunto por que escuto uma voz na minha cabeça. Pra onde estou indo meu deus? Por que ainda estou indo? De repente eu toco na minha cabeça... Sangue nos meus dedos Um vermelho bonito que queria me ver sorrindo Tal qual aquele dos meus dedos quando arrebentei o queixo na bicicleta sem freio Já tive coragens inimagináveis, bicicleta sem freio é demais... Então, vermelho. Como naquelas noites que eu usava minhas unhas dessa cor, vermelho sangue! Noites em que meu cabelo fedia minhas cervejas e cigarros dos outros... enfim minha cabeça e um buraco. Esperam. Capaz que eu nem seja eu... e se eu estiver ali no tapete azul de pêlos, estirada... no tapete que eu dividi em 2x e comprei daquele vendedor da fala meio nordestina. Sempre compro alguma coisa 1x a cada dois meses desse senhor
as senhoras não querem que eu escreva depois de velha que descobri que o amor é condicional, querem? pois bem, o amor é condicional. tirando o amor da cachorra que late por me ver ao chegar em casa, da cachorra que se vira do avesso para que eu faça um carinho, da cachorra que me vê triste, feliz, saudável ou doente, bêbada ou sóbria, com homem ou mulher, e ainda assim late e ainda assim se vira do avesso para que eu faça um carinho... Para ela é que não importa como eu esteja, com quem eu me deite, se tenho dinheiro, emprego ou o que é que aconteceu de errado. Incondicional. alguns estão próximos mas de repente não se importam mais com uma novidade da amorosa, da vida, escondem o assunto do momento nas conversas diárias que sempre foram curiosas em relação a tudo que remetia coração... BOOM! Lamentável, mas isso é o ser humano... condicionado. Quando eu dizia 'não, não gosta de mim desse tanto que pensa', riam de mim. quando eu dizia 'não, não me acham bonita desse tanto&