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Mostrando postagens de 2009

Ferraça

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O cinza. Foi o que fez sentido e parte da minha vida esse ano. E antes que qualquer ser humano se remeta a algo baixo astral, adianto que eu não vi (e nem vejo) dessa forma. O nove. O qual eu nunca tinha reparado melhor, e o qual esta reparação não acrescenta em nada (já que de numerologia eu não entendo porra nenhuma) foi o número mais conturbado que eu já vivi, foi o ano que eu "sai de casa a procura de ilusões", como já dizia uma música do Kid Abelha. Não é fácil, nem impossível decidir. É apenas responsável. Se trata da anulação dos palpites e sugestões de todo mundo pela palpitação e sugestão do seu sozinho, seu sozinho que talvez você não quer procurar ou deixa para domingo. Cinza, nada mais é que: nem branco, nem preto. A definição perfeita para esse ano, seria um corredor. Um corredor cheio de portas abertas. E o que aconteceu durante todo esse ano, foi o meu passeio pelo corredor, observando o que tinha dentro dessas portas desconhecidas e rindo, chorando, desc

A flor da pele.

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Ainda não sei explicar, ainda não sei me acusar, e ainda não sei me declarar. "Ah, bruta flor do querer, bruta flor, bruta flor..." . É de dias, e de 'aliáses', que acordo meio simples, meio largada, meio marcha. É de reclamações, e reclamações, se quero ou não o travesseiro, que cambaleio em trevas e paraíso a procura das metades que faltam dos meios. Meio complicada, meio certinha, meio acelerada. Sem angústias explicadas, misturadas com angústias sentidas, me pergunto qual é o problema, se existe problema, porque se não...existe- problema- nada. E me ocupo de culpa. Talvez, tudo seja uma busca pelo inteiro, talvez eu não suporte tanto meio assim, meio assado e meio sem jeito. De certa asneira, eu busque pelo inteiro para me encher, me encher até o final. Ou de certa maneira, eu busque pelo inteiro para me encher, e encher...até eu me derramar. Em pensamento, eu era muito mais do que podia ser? Ou podia ser muito mais do que eu era? Preciso confessar, com uma urgê

Nos tempos de boneca.

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Não lembro da primeira, mas posso me lembrar que me apeguei. Eu dava nome, banho, comida e alfabetizava minhas bonecas. Mas sinceramente? Elas nuncam iam acordar, me sentia tão responsável, que aquilo começou a cansar. Foi aí que eu tive a grande e maquiavélica ideia de criar situações sinistras de ciúmes entre elas. Maquinei, e criei um "pensamentozinho" em cada boneca de discórdia e carência materna ( no caso, como eu era a dona das bonecas, eu era a "grande mãe" ) juntamente com isso, me auto cobrava, e me injuriava de propósito na frente delas, muito cínica eu dizia que não sabia se dava mais atenção a uma boneca mais que a outra. Fizeram um escândalo, eu podia escutar cada injuriazinha, e me fazendo de desentendida, desligada, mas preocupada, as queixas foram aumentando, e por tristeza, talvez, não falaram mais comigo, as falas delas foram desaparecendo dos meus ouvidos. E me livrei de cada uma. Depois de um tempo, ganhei outro tipo de boneca. Eram bonecas meno

Besteiras.

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Eu fazia escondido, porque eu fazia errado. Lembro que tive a ideia do escondido por que fiquei pensando naquela princesa. Uma princesa que eu deixei, o que acabou destruindo um príncipe mala que eu ia inventar, e que acabou destruindo um drama que me divertia só de pensar. Tudo por causa de um errado. Eu não sabia se usava o S ou C. Existia uma forma certa para as coisas serem escritas e eu era errada, (e ainda posso ser) mas tão erradinha, que incomodava. Continuei fazendo escondido porque não sabia responder de onde tinha vindo todas aquelas...coisas. Quem lia sempre me perguntava desconfiado. E foi por causa disso que eu por algum tempo, também continuei fazendo escondido. Podia não ser eu no papel, podia ser invenção, podia ter vindo em um simples pestanejar, mas isso era muito difícil de aceitarem. Parece-me que quanto mais eu inventava, mais eu precisava, que quanto mais eu despejava, mais eu me entendia, que quanto mais eu fazia, mais perto de alguma coisa eu chegava. Mas eu f

O mistério das comidas.

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Não sei cozinhar. E eu penso nisso às vezes. E esse é um dos meus dilemas que empurro com a barriga. Não saber cozinhar é praticamente não saber sobreviver. É admirar o cheiro da comida saindo da panela como se fosse um...um... desenho do Picasso! Que você admira mas não sabe fazer, que está sendo feito para você com toda uma penumbra de criativadade, atenção, e mistério. Não saber cozinhar me fez afirmar: " Eu admiro o que não sou capaz de fazer, incrivel! " Segundos depois, me fez entrar em crise: " Mas, se eu admirasse o que não sou capaz de fazer, eu admiraria também qualquer coisa vinda ou vinculada a exatas, não?" e terminei desafirmando tudo por conta do que eu nunca gostei, matemática. Quando eu era menina, pensava que cozinhar seria resolvido com livros de receita, tive ainda um plano de comprar um caderno e entrevistar minhas avós anotando tudo que eu queria aprender a cozinhar, minha missão seria começar do arroz e terminar nos grandes banquetes de ceia

Na ilha Fê(cunda)

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Vivo, não aparentemente, em uma ilha. Uma ilha de pensamentos, de conceitos, de ideias, de vontades, de devaneios. Nessa ilha ninguém pisa. Nessa ilha, eu, livremente, passeio pela vegetação sem horário de chegada, sem horário de partida. Faço chover em um pestanejar, e e nsolarar num simples estralar . Apesar de viver em uma ilha, descobri que sou a ilha! E que mesmo assim, preciso de liberdade, eu morro de vontade! E como me é pernicioso ser livre por aí, vou no meu barco voador. Meu barco, pequeno barco flutuante de madeira ou sem motor. Dessa forma, consigo estar adentrando em muitas praias, posso rechaçar, posso dissuadir, ser unânime! E brinco, falo, me impressiono, porque tudo é novidade. Eu não desço do barco. O meu negócio é embarcar nas viagens. Fico ali sentada, com meu guarda-chuva, protegendo-me da luz demasiada, acho que todos nós devemos ter um pouco de sombra. Estar na penumbra, é o que há! Nessas praias, eu viajo feliz, e não há fadiga, nem injúrias o suficiente para

Meu príncipe entrevado.

"- O senhor vai ganhar de novo, né? Por que não posso andar para trás?!" - Porque na dama só anda para frente Nanda." O banheiro está ensopado. A casa, uma parentada. A dor de cabeça passou. E por mais que não fizesse sentido nenhum para mim chegar perto de você agora, fui obrigada. Não era você, estava tão inchado, ainda bem que não parecia você, eu já sabia que não ia ser você lá. O Eduardo, tadinho, nunca quis te ver desde que soube, e vomitou quando chegou perto de ver, ele também sabia que não encontraria você. As mãos ainda eram suas, resolvi olhar só para elas, "O senhor acerta bem no meio das latinhas! Eu não consigo! Esse estilingue tá quebrado?" "Mira no meio Nanda, assim ó!" cheias de marcas, foram tantas agulhadas, tantas tentativas. Nem parece, mas acabou finalmente o nosso viver daquela suspeita. Posso me lembrar de quando suspeitamos da notícia, pela primeira vez. Aquele dia deixei de me ver como filha, estávamos fingindo que do

Até mais ver...

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Não voltarei para casa. Aquele dia, matei, morri, e suicidei todo um processo. Não voltarei para casa. Não do jeito que saí. Não na fome que sentia. Nem nunca mais vou me despedir ferida. Não vou deixar de amar quem em casa continua. Do jeito que eu sonhei, o que vivemos, permaneceu com um “Para sempre” e seguiremos felizes. Não vou esquecer de nada, porque esquecer é a coisa mais feia do meu mundo. A única tragédia é que não sinto mais tanto, e por mais trágico, foi só assim que finalmente ganhei uma bóia e parei de me afogar. E foi assim que deixei para sempre (e sem querer) de sentir a sensação: casa, mesmo que eu volte por lá. O jeito sozinha, é basicamente cambalear ali e aqui, com o guarda chuva em pé, no foco da corda, que ás vezes é bamba. Equilibrar é fundamental, e às vezes sambar na frente de todo mundo na rua também. Aconselho continuar na bolha enquanto o instinto for seguro. Só espoque quando sufocar. Quando der, telefone, chore, grite, (e escreva sempre), de vez em quand

A verdade, a pura verdade.

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Você nunca vai entender minha tamanha maldade, porque você é uma pessoa que a bondade vem da confiança. Eu, nunca confiei inteiramente em nada, e isso vem, claro, da minha própria desconfiança de que tenha alguém tão mau quanto eu. Desconfio do que você fala, ponho a culpa em você em cada uma das suas viradas de costas para mim, e deduzo que meus exageros e vontades ás vezes postos nos meus discursos, nos seus também existam. Mas, acredito, e te subestimo, que seus pontos de vista devem ser um pouco menos envenenados que os meus. Nem sinto remorso, eu me acostumei com a minha hipocrisia. Já me acostumei com a falta de verdade e a presença do fingimento paciente. Sua boca abre. Parece que é tão inocente que talvez não perceba que esteja transmitindo nas conversas sua verdade. Não é pura! Não é a minha, e por favor, não é nada além...é sua boca, e ela fecha. É por causa da minha maldade percebida, e sua bondade inconsciente, que a verdade pura nunca vai existir. Que as versões sempre vão

Afã

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Quanto tempo falta para eu nunca mais ser assim? Quanto tempo falta para eu simplesmente dizer sim? Quanto tempo falta para eu abraçar a liberdade sem receio? Quanto tempo falta para eu ganhar dinheiro? Quanto tempo falta para eu cortar essa corda ,e não pegar essa onda, que me amarra? Quanto tempo falta para eu descer dessa árvore sem cair? Quanto tempo falta para eu finalmente sentir, já que me conheço? Quanto tempo falta para eu me conformar de vez? Quanto tempo falta para eu, por começo entender? Quanto tempo falta para esse caos "adolecêntico" passar de vez? Quanto tempo falta para eu parar de confundir que perceber serve para temer menos e aprender mais? Falta tempo quando...quando falta tempo...esse tempo presente, esse tempo falta.

A Cruz Vermelha.

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Entre a frivolidade da juventude, decidiu ser médico, quando do corpo já entendia, decidiu ser turista. E turistou onde não havia gente entendida como ele. Conquistou a confiança de muitos, e no fundo ansiava, não queria ser só doutor. Conheceu ela na porta da sala de cirurgia, conheceu apenas os olhos, o resto coberto de branco, outras vezes de verde. Corria, com as vidas, e quem abria o caminho era a dona dos olhos, talvez uma enfermeira. O certo era que nunca lembrava dela por conta da rotina, e somente nas emergências a via, somente naquele momento de euforia, de responsabilidade, de começar o que sabia. Certo dia acabou-se as luvas, e foi isso que fez com que ele fosse buscar uma caixa na sala de cirurgia. Lá dentro, a moça levou um susto e ele também. Ele, porque pela primeira vez ela estava de rosto e de cabelo e não só de olhos e nem abrindo caminho. Ela, por acabar de ter pensado uma heresia. O doutor pôs-se a esquecer de luvas dias e dias, o que na primeira semana, provocou r

Uma vez era.

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Acordava cedo com medo de perder tempo. Acreditava que devia aproveitar ao máximo cada minuto do sol no dia, isso porque considerava a noite um castigo em sua existência. Ao despertar, de pijamas , subia na janela e corria para a cozinha, achava sensacional não ir pela porta, de alguma maneira trocar caminhos, aventurava suas manhãs. Caminhando pelo corredor descalça, prestava atenção no silêncio do quintal vizinho, depois, pregava um susto na funcionária não desconfiada, e assim enchia a boca de sorriso, enchia a xícara de leite e raspava o chocolate. Dobrado, o pijama ficava intacto na cama, quase livre, só de calçinha , a dona do próprio nariz caçava o que fazer . Gostava de descascar mexerica, adorava a facilidade da casca se despir da fruta. Chupava o doce dos gomos, cuspia as sementes em uma competição frenética dela e dela mesma, e jogava o bagaço no corredor apesar de todos dizerem: "Não sabe comer mexerica! O bagaço é bom para o intestino!", imaginava então seu intes

Quando só o complicado me sacia.

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Ando. Emblematicamente pitoresca, volátil, inóspita às vezes (por defesa quem sabe...) , exdrúxula, e...nos pilares da exist ência... júbilo... Giro livremente c omo a ponta da esferográfica, te rechaço de pirraça. Dissuado-lhe por maldade. Causo meus próprios intempéries o que me deixa perniciosa, auto perniciosa. Dessa forma, acabo me excetuando, acabo me entregando ao unânime. Acabo quase que recôndita. E titu beio ávida atrás de porquês, atrás dos perdidos, atrás do que seja funesto. Tácita, me declaro genuína e coaduno em em-ble-ma-ti-ca- men-te: volátil. (...) Que voa, que evapora. (Fê tentando se entender , usando outro vocabulário, sacia ás vezes .)

Recôndito.

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A acomodação me abraça, acho que a acomodação, inclusive, é a única que sente alguma coisa por mim que eu corresponda sem me fazer muitas questões. Eu a amo será? Dizem que o amor não se explica...A questão fundamental e interessante é que cada pensamento futurista, a cada aperto e decepção, a cada realidade engolida, quem me consola são pensamentos suicídas. Não que eu esteja querendo me matar. Sim, que eles dão solução temporária. "Não sou obrigada a viver tudo isso", "Não sou obrigada a me sentir mal hoje." Se essas são minhas formas de conselho, vejo que é porque há conselhos, e se há é porque vejo saídas. Saídas pelas quais eu não tenho audácia nenhuma em trilhar, mas que para o pensamento vale alguma coisa. É confuso, não desistir e no entanto não se esperançar. O lugar que me caiba perto do perfeitamente talvez é agonizar, é passar cada dia meu, matar cada parte do meu corpo e mente, um dia...tão sádios... Lembro de quando dias ruins eram compensados com velh

Eu pensava que chuva era mais que água.

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Uma das decepções da minha existência é a preparação temporal, o índice, que a chuva antes de cair, quase todas as vezes, faz. Quando menina, janelas e portas batiam uma atrás da outra. "BÁ!-BÁ!", Júlia, uma funcionária que por muito tempo trabalhou na nossa casa (e já citei algumas vezes em outros posts) gritava lá da varanda como um general: "É chuva!" "É chuva?", perguntava-me sentada no sofá protegendo com as mãos as pernas dobradas, "Me ajuda a catar a roupa do varal meninas! Corre!", e Nina e eu corríamos serelepes pulando e sentindo uma sensação tão perigosa e gostosa que mau respirávamos. Para mim, era como se a chuva fosse trazer muito mais que simplesmente, água... Quem sabe um rei, um aviso, uma guerra, monstros ferozes e devoradores montados a cavalo, alguma coisa surreal, mística ou profética. É claro, a chuva nunca trouxe mais que água, e não é claro que até hoje ainda sinto profundos anseios de que ela trará. Fui enganada, é que a

Enfim egoístas.

Você me acendeu, porque me notou, só. Notou só quando ri de você, quando assim se sentiu engraçado. Nós, somos egoístas, por isso ardeu. Eu ri porque você contava o que eu já pensei, o que eu já senti, o que eu já bebi. Notei só quando falou de mim sobre você. Notastes só quando ri de você pensando que eu ria para você. E eu era você, mas você não era eu, apenas rimos. Egoístas, porque nos notamos só assim. Ardeu.

Teu fedor, minha maldade, essa carniça.

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Existem pessoas ilusórias. Aquelas que você pensa que gosta, mas na verdade suporta. Aquelas que você tenta gostar, mas sempre, quase que por inteiro, ela te incomoda. Existem pessoas ilusórias. Que passam resquícios que te fazem auto implorar para um lado positivo, procurar uma boa característica, mas no final estraga, azeda, e por mais triste que seja, por mais maldoso que seja, e por mais mínimo que seja, você não consegue não exagerar, você se aproveita da falha, como se esperasse em preces inconscientes por isso, e você descarta tudo que tentou gostar desde o começo, tudo tão trabalhasomente forçado é evaporado e hedonista por ser algo que sempre lutou contra e a favor, e foi contrariado de vez. Pessoas que iludem, que você tenta, por se sentir mal, suportar. Existem palavras contextualizadas que machucam, desconfia, ameaça a alma. Maneiras, erros, cheiros! Que você não gosta. Que você não tolera e ainda te dá medo por te provocar tanta implicância. Conversas, comentários, e pro

Sobre Forma & Trans

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Eu passo o tempo inteiro pensando no que eu fiz, ofendi, gostei. O tempo inteiro me procurando, me perdendo e tentando me achar para sempre, mesmo sabendo que é hipocrisia pensar dessa forma. O tempo inteiro me lembrando do que eu tenho que fazer, me amedrontando caso eu esquecer, me lamentando por não querer ser impulsiva, por gostar de pensar demais em tudo que seria nada para os rumores. Eu passo o tempo inteiro pensando nas pessoas também. Pensando nas que de manhã esqueci de pensar, nas que verei, e até nas que nunca vi. O tempo inteiro pensando no que eu não aprendi, no que eu tive sorte, nos meus exageros e até nos dramas. Eu escrevo, leio, queimo a língua com o café, converso, pago, e enrolo o papel o higiênico pensando no sistema, no que eu não me decidi, no que eu ando me tornando, no que eu nunca vou ser. O tempo inteiro pensando se fiz todas as perguntas que me intrigam, se não me entreguei ao comum, se tudo que acho certo está demorando a ficar errado, e às vezes se outra

Lar, amargo lar.

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Posso ouvir o barulho dos ratos. A pia pinga como se fosse um sinal, um sinal de algo chegando cada vez mais perto de mim. O motor da geladeira desparou do nada, parecendo até querer mostrar que existe. Quando peguei no meu telefone, ele fez um barulho e apagou feito um balão espocado, sem bateria. As cortinas mexeram levemente, respirei desconfiada e olhei para a parede, a largatixa comeu o mosquitinho no meu encontrar dos cílios, senti quase em pânico que a casa estava viva... Estralos, nos cômodos em que eu não estava. "Desliguei as luzes por onde não estava." Era isso. Vingança da casa, pura vigança.

Enredo de um sabor perdido.

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As impressões... são as únicas que restam . Impressão de que você está feliz, está errado, está bonito, está mudado. Ainda é você. Ainda existe você no seu jeito de ser. O que me impressiona é a impressão de que um dia vamos nos reencontrar. Claro que o desencontro, de maneira nem pensada, trouxe nosso silêncio e o começo da fome. Não sabemos que sabor perdemos, e vivemos, e vivemos também profundamente a espera do meio, porque só o meio trará o fim. Como é insensato, nosso silêncio finge e deve torna-se normal. E...quando há distância tudo se torna sensato. Se falássemos, era pedir para sofrer. Quem sabe sofremos?Inconscientemente. Ainda acho que é melhor sermos inconscientes que inconsequentes. O começo da nossa fome talvez trouxe graça no tempo, para ficarmos cada vez melhores um para o outro, dois, para um grande dia, trouxe sede na saliva para distrair o esperar. E se for coisa da minha cabeça? E se essa estória for mais minha que sua? (...) De qualquer maneira, permanecerei em s

No quintal daqui de casa.

Alexandre, nosso vizinho, amigo de Eduardo, (meu irmão) diz: -Ô Dudu! Eu acho que ninguém sabe de tudo! Eduardo: - Ô! É nada...e Deus? Hein? Deus deve saber. Maria Luiza, a prima, retruca: -Ô, nem Deus sabe de tudo Eduardo! Alexandre: -Se ele não souber, a mãe dele deve saber. (Eu precisava registrar essa conversinha de criança. ;D)

Dos pregadores a maldição.

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"Malditos sapatos!", chegou em casa e os retirou como se jamais fosse calçá-los outra vez. As meias, eram responsáveis pela a inusitada volta aquela manhã. Foi a padaria, comprou flores na esquina, comeu o sonho antes de chegar em casa, reparou a amarelinha na calçada, e sentiu dor nos pés. Ligou o som, e ouviu uma música antiga que lhe trouxe saudades desconhecidas. Arrumou a calçinha embolada, e grosseiramente retirou as cortinas da janela para ver o que se passava na rua, que acabara de ver, que acabara de querer ver algo a mais. Nada de inusitado, nem a pidança do estômago. Passou pelo banheiro, fez careta para o espelho, passou pela sala, ligou a TV , mudou o canal, desligou a TV , passou pela varanda e reparou as roupas estendidas. Os cílios superiores pressionaram os inferiores três vezes dando o sinal. Para que fizesse seus próprios olhos perceberem que não basta só eles quererem dormir, ela os fechou e se sentou ouvindo a música querendo lembrar-se, "Por que

Tarde demais.

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Meu pai há dois dias só falava no doutor, tanto sobre sua casa aconchegante quanto na sua personalidade cativante. Não sei se por conta disso, mas antes mesmo de conhecê-lo eu gostei do que foi me contado sobre ele. E por conta do simplório da ideia de reunião entre amigos, que são convidados a dormirem, comerem, beberem, recitarem e acordarem durante alguns dias na sua casa, em troca do prazer da consideração, eu me lembrei de cinco bonecas adultas que eu tinha e sempre as reunia com suas famílias de plástico imaginando um dia ser assim, e como ele, eu me vi. Nós chegamos umas onze da manhã, fomos abordados por todo o pessoal que lá estava como se muito nos admirassem. O Dr. Murilo logo recitou rimas agradáveis e bem humoradas, no começo, pensei até que fosse para provar sua boa memória, mas depois percebi que é como beber água. Quando eu me sentei, ele passou por mim e com o polegar e o indicador encostou em mim. No meio do que separa meus olhos em dois, aquela distância que abaixo

Uma cabeça no travesseiro.

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Perdi a hora. Perdi o paladar. Perdi a caneta. Perdi a emoção. Perdi a manicure . Perdi a fé. Perdi as moedas. Perdi meu umbigo. Perdi um par dos meus sapatos. Perdi vocês. Perdi na estação. Perdi o aceno. Perdi o medo. Perdi o gol do meu time . Perdi o número. Perdi a resposta. Perdi na loteria. Perdi aqueles sonhos. Perdi a carona . Perdi a ousadia. Perdi de propósito. Perdi aquela coleção . Perdi aquele final de semana. Perdi o que era importante. Perdi...por isso não perdi o sono.

Costume feio.

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O mais sensível do mundo existe, mas deve se esconder. Sensível do mundo também sou eu. Eu, que penso no sistema todos os dias, que penso no silêncio que deve ser o universo todas as horas que por lá nem existem, que penso no lixo, em como sou inútil, o que fizeram no mundo em que vivo e fazem, e em como haverá e ainda há e sempre terá costumes feios, cometidos por gente, sentidos por gente, interrompendo mais ainda o pouco de liberdade que temos e deixando claro apenas a tristeza e vazio enorme desse saco de água rebolante que nos sustenta. Sem medo de me entristecer por completa, eu, que me torturo- como se precisasse- admitindo o pessimismo de todos os dias, e que de certa forma me sinto feliz por isso, me sinto acostumada, mais vivida que o bebê que vai nascer amanhã e mais entendida que o senhor que vai morrer amanhã, digo que já faz tempo, eu vi sem medo, há pessoas e pessoas acostumadas, e viver passa a ideia de deixar de ser sensível. Eu, via uma corda imaginária. Essa corda