Páginas

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Nos tempos de boneca.

Não lembro da primeira, mas posso me lembrar que me apeguei. Eu dava nome, banho, comida e alfabetizava minhas bonecas. Mas sinceramente? Elas nuncam iam acordar, me sentia tão responsável, que aquilo começou a cansar. Foi aí que eu tive a grande e maquiavélica ideia de criar situações sinistras de ciúmes entre elas. Maquinei, e criei um "pensamentozinho" em cada boneca de discórdia e carência materna (no caso, como eu era a dona das bonecas, eu era a "grande mãe") juntamente com isso, me auto cobrava, e me injuriava de propósito na frente delas, muito cínica eu dizia que não sabia se dava mais atenção a uma boneca mais que a outra. Fizeram um escândalo, eu podia escutar cada injuriazinha, e me fazendo de desentendida, desligada, mas preocupada, as queixas foram aumentando, e por tristeza, talvez, não falaram mais comigo, as falas delas foram desaparecendo dos meus ouvidos. E me livrei de cada uma.
Depois de um tempo, ganhei outro tipo de boneca. Eram bonecas menores e adultas. Tudo que elas possuíam era reduzido. Mas com essas era diferente, eu não precisava cuidar delas, porque a boneca se transformava em mim e eu na boneca. Gostei, e comecei a inventar. E eu inventava praias, festas, passeios, jantares, desgraças, amores...tudo que eu podia imaginar para ela ir vivendo. Com esse tipo de boneca passei um bom tempo prestando atenção em objetos pequenininhos ou tranformando coisas pequenas em algo para elas. Também, comecei a criar em cada brincadeira pequenas situações problemáticas para que eu pudesse solucionar ou ver como solucionariam. (Inclusive, essa minha mania acabou afastando as outras meninas - quando a brincadeira era em grupo- porque era muito drama e pressão psicológica que eu colocava, elas acabavam desistindo da brincadeira, saiam fulas comigo ou chorando muahahahaha tenho culpa se elas não sabem brincar? Drama é o que há!)
Me diverti e criei muito problema histórias com elas. Pensando então, no dia em que me cansassem, tive a ideia de as embelezar e guardar para sempre numa caixa, mas depois pensei melhor e as dei de presente para minha prima que na época tinha uns 5 anos e era encatada por elas.
Não sei se boneca serve para tudo isso que serviu para mim, mas de uma coisa eu sei, as que passaram pelas minhas mãos tiveram vida.

2 comentários:

Marina de Alcântara Alencar, a Nina. disse...

adoreei o final "ganharam vida na minha mão"
ainda lembro como vcê era chata nas brincadeiras de barbie...
eii, ando lendo seu diário da mulan, porque eu pareço tão mesquinha e perversa?
kkkkkkkkkkk

NaNa Caê disse...

e sua prima ?

deu vida a elas tambem ou entrou de cabeça no fluxo da atual onda "era uma vez infancia" ?

rs

ps: adorei