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quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Meu príncipe entrevado.

"- O senhor vai ganhar de novo, né? Por que não posso andar para trás?!"
- Porque na dama só anda para frente Nanda."
O banheiro está ensopado. A casa, uma parentada. A dor de cabeça passou. E por mais que não fizesse sentido nenhum para mim chegar perto de você agora, fui obrigada. Não era você, estava tão inchado, ainda bem que não parecia você, eu já sabia que não ia ser você lá. O Eduardo, tadinho, nunca quis te ver desde que soube, e vomitou quando chegou perto de ver, ele também sabia que não encontraria você. As mãos ainda eram suas, resolvi olhar só para elas,
"O senhor acerta bem no meio das latinhas! Eu não consigo! Esse estilingue tá quebrado?"
"Mira no meio Nanda, assim ó!"
cheias de marcas, foram tantas agulhadas, tantas tentativas. Nem parece, mas acabou finalmente o nosso viver daquela suspeita. Posso me lembrar de quando suspeitamos da notícia, pela primeira vez.
Aquele dia deixei de me ver como filha, estávamos fingindo que dormíamos, e ela me perguntou se eu suspeitava, senti como se o que saísse da minha boca fosse sempre algo sensato e sincero, e eu respondi dessa vez com medo. Ela me contou que você a vida toda foi tão carinhoso, e choramos, quando percebemos que você tivesse dado lembranças boas na infância triste que teve.

Para falar a verdade, eu só chorei lembrando de toda a luta que foi desde que descobrimos até aqui, só chorei mesmo porque lembrei do começo, da sua teimosia, você não queria saber e insistia que ficar vivo pertencia mais a sua vontade do que ao que era realmente verdade, depois, eu só chorei por conta do cheiro do açougue, das oferendas de refrigerante e salame, das partidas de estiligue e tabuleiro de damas. Por último, e só porque não tem jeito, vou chorar por causa do "toda vez ".
Se foi, ouvir sua voz querendo mais sorrir do que sair, seu jeito de kiko (do programa do chaves) e o que eu não vou receber. Um telefonema no meu aniversário com aquele barulho de Br no fundo,
"Oí? Está me ouvindo? Eu não esqueci não, viu? Fica sossegada porque a caixa de bombom já está a caminho!"
Ô vovô...que eu consiga guardar seu sotaque na memória, que eu não me esqueça.

2 comentários:

Maylson disse...

É a roda da vida girando sem parar. E ela é sempre tão indiferente...

Bjos, fê! ;)

Augusto Rosa Leite disse...

pra eu, PRA eu!

haha
nóia de vestibulando é foda.

gostei, gostei!

e obrigado pelo seu ":O".

haha