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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Na ilha Fê(cunda)


Vivo, não aparentemente, em uma ilha. Uma ilha de pensamentos, de conceitos, de ideias, de vontades, de devaneios. Nessa ilha ninguém pisa. Nessa ilha, eu, livremente, passeio pela vegetação sem horário de chegada, sem horário de partida. Faço chover em um pestanejar, e ensolarar num simples estralar. Apesar de viver em uma ilha, descobri que sou a ilha! E que mesmo assim, preciso de liberdade, eu morro de vontade! E como me é pernicioso ser livre por aí, vou no meu barco voador.
Meu barco, pequeno barco flutuante de madeira ou sem motor. Dessa forma, consigo estar adentrando em muitas praias, posso rechaçar, posso dissuadir, ser unânime! E brinco, falo, me impressiono, porque tudo é novidade. Eu não desço do barco. O meu negócio é embarcar nas viagens. Fico ali sentada, com meu guarda-chuva, protegendo-me da luz demasiada, acho que todos nós devemos ter um pouco de sombra. Estar na penumbra, é o que há! Nessas praias, eu viajo feliz, e não há fadiga, nem injúrias o suficiente para me esgarçar. Acho que é sempre bom estar absorto. É preciso estimulá-los, criar apetite.
As vezes, aparecem indivíduos segurando nas bordas do meu barco, e é aquela fricção, eu até dou umas olhadas, mas sinceramente? Tenho medo de perder o entusiasmo, e com meu guarda-chuva cuido logo de bater nas mãos que seguram, e me desfaço com volúpia, é que me parece meio frívolo ficar hipnotizada. "São só pequenas sereias, me digo." E continuo minha jornada. Volto para ilha cheia de novidade, cheia de picuinhas, meticulosidades que acrescentam. E planto, limpo e revejo as velhas vegetações. Também, de vez em quando, indivíduos vem de paraquedas, todavia, com meu estilingue me preparo para atirar, defendendo minha ilha, minha liberdade de expressão, minha espontaneidade caríssima nos tempos de hoje. "São piratas?", me pergunto. "Não sei, mas aqui adentrar? Não! Porque meu tesouro está enterrado.", é que...sou pitoresca ainda, e isso é ouro!
Desconfio, em cima de uma árvore, me refrescando, de que um dia talvez eu não consiga resistir por muito tempo tantas ameaças. Mas, enquanto só desconfio, farei chover e ensolarar em um pestanejar.
Uma ilha...e como me é pernicioso ser livre por aí, vou no meu barco flutuante com o guarda-chuva do lado, porque luz demais, me assombra.

2 comentários:

NaNa Caê disse...

na sua ilha as plantas são carnivoras (?)

é.. o excesso de luz cega mesm

fato

Marina de Alcântara Alencar, a Nina. disse...

Você anda muito cult. Ou eu ando muito child.