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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Sobre Forma & Trans

Eu passo o tempo inteiro pensando no que eu fiz, ofendi, gostei. O tempo inteiro me procurando, me perdendo e tentando me achar para sempre, mesmo sabendo que é hipocrisia pensar dessa forma. O tempo inteiro me lembrando do que eu tenho que fazer, me amedrontando caso eu esquecer, me lamentando por não querer ser impulsiva, por gostar de pensar demais em tudo que seria nada para os rumores. Eu passo o tempo inteiro pensando nas pessoas também. Pensando nas que de manhã esqueci de pensar, nas que verei, e até nas que nunca vi. O tempo inteiro pensando no que eu não aprendi, no que eu tive sorte, nos meus exageros e até nos dramas.
Eu escrevo, leio, queimo a língua com o café, converso, pago, e enrolo o papel o higiênico pensando no sistema, no que eu não me decidi, no que eu ando me tornando, no que eu nunca vou ser. O tempo inteiro pensando se fiz todas as perguntas que me intrigam, se não me entreguei ao comum, se tudo que acho certo está demorando a ficar errado, e às vezes se outras pessoas gostam de ficar sozinhas, só pensando.
Horas e horas sem música, sem gente, sem chegar em casa e ligar a tv, eu procuro me encarar, sem ou com espelho. Parando de me evitar, a própria existência, não é possível que eu...
Eu gosto de me torturar, de supor, de desgraçar, de impressões e enganos, de propositar, calcular, e quando estou com preguiça brinco de destino . Eu passo o tempo inteiro remoendo o que eu não sei, e mesmo assim insisto em pensar. Ás vezes eu me magoou, ás vezes me parece desnecessário. Discuto o que passa por mim, ficho tudo, seja gestos, teorias ou comportamentos.
Você se perde, prende o xixi de tanto pensar, você se esquece das necessidades, você se interessa demais em descobertas mentais. Crio situações, tenho devaneios geniais, percepções amiúdes que me deprimem até o fim do dia, e outras que me enchem inusitadamente de viver o restinho da noite. Ás vezes, eu acordo no desisto e durmo no alterada. Outras, acordo alterada e durmo no desisto. Quando eu quero, eu não consigo. Porque meu querer depende de muitas coisas...Quando consigo, penso se quis...
Vivo no meio, no meio do começo, no meio do final, no meio da barriga, quase uma quarta feira.
Percebi que tem dias que sinto dor por todo mundo, outros cansaço, e tem uns que me transformam, o que não me tira de mim mesma ainda assim.
Eu falo sozinha e rio e água. Não estou falando com as paredes! É comigo mesma. E não é preciso estar velha para começar a conversar com você.
Por favor, não implica auto-suficiência, muito menos que eu esteja apaixonada por mim, é apenas dedicação.
É menos trágico, me parece, (é imaturo?) Devem ser formas...forma de viver, de se conhecer.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nunca pensei que veria evolução tão rápida, falando pelo que meus olhos percebem e pelo que minha alma espera.

Falar consigo é a cura maior, pensar em si é consequência, transformar em palavras é um desafio que é um jogo que não cansa porque é seu ritmo seja como for avirgulado ou despontuado.

Enquanto puder ouvir a si mesma, e enquanto eu puder ouvir a ti te ouvindo por aqui, o caminho das pedras não se desvanecerá pelo meio do caminho.

Apenas não se contorça por impulso. Espere ele se tornar racional e, aí sim, você dá uma colher de chá ao ostracismo e à levedura de cerveja, vinho e destilados.

Fernanda de Alcantara disse...

Tóin...você me mata...(L) *-*