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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Cinza de culpa.


Meu mundo é cinza. E eu sei bem porquê. Cinza no céu, cinza no mar, cinza por fora e fadas. Fadas cinzas...
Meu mundo é cinza e eu sei porquê. Mesmo sendo cinza, conheço as cores. Sempre tive apreço por quem não sabe falar mas sabe se expressar bem, e as cores fazem parte disso e eu certamente dividiria o mundo com todas! Por conta disso, ainda quando era tudo colorido, resolvi mudar as cores das coisas por brincadeira...
Um céu amarelo. Uma árvore rosa. Um rio branco, como leite! Um leite verde como...o que era verde antes, mesmo? Fui mudando tudo tão rápido que eu não me lembrava mais das cores verdadeiras das coisas.
Nessa brincadeira irresponsável, e o mundo nas minhas mãos, sobraram eu, Alguém e Ninguém.
Alguém tomou as cores de mim. Hoje, espera que eu me lembre de todas as cores primárias das coisas. De castigo e para que eu não me confunda, deixou somente o cinza. Meu mundo é cinza, cinza de culpa.
Agora, eu anoto as cores das coisas que vou me lembrando para entregar para o Ninguém que vai mandar para o Alguém que vai consertando o mundo para mim. Pelo menos, o cinza me deixa paciente.
Ninguém, sabe que eu vou inventar cores para algumas coisas, ele reconhece que minha memória é desatenta e além do mais, Ninguém tem um apreço também, diferente do meu o dele é o de que Ninguém tem liberdade e todos deveriam ter, e como estou de castigo, ele certamente dividiria sua liberdade comigo.
Alguém, diz que mesmo quando eu sair do castigo, eu carregarei a culpa de ter mexido nas cores do mundo, eternamente. E que por causa de mim, surgiram preferências de cores.
(No fundo, eu sei que o Alguém sabe que eu vou distocer muitas cores de coisas para me livrar logo do castigo.)
Alguém é sábio e experiente. Ninguém tem dó de mim, e nós três vivemos no mundo cinza. Cinza de culpa.

Um comentário:

blog do gallo disse...

Nanda ! Precisa ler o meu novo livro A COR DO POEMA.
Sugestão para o nome do seu futuro livro:
A COR DA PROSA