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domingo, 4 de janeiro de 2009

Admito que um grampo me faz sofrer.

Dentre as coisas que detesto, a primeira é esquecer. Detesto esquecer! E a segunda é: Admitir. Detesto admitir!

Talvez, não detestasse tanto, se ainda quando moldava , sem saber, meus próprios conceitos de certo e errado, que ser materialista por exemplo, é ruim.

Nas minhas entranhas isso não é bom. Isso é coisa de gente fútil, de gente sem sensibilidade, de gente estupidamente racional a qualquer preço.

Acabei de descobrir que de todos os meus "sou", também sou materialista. Contudo, porque será que ser materialista não é um conceito muito legal por mim? Será que é porque, precisar e necessitar não sejam atos muito legais de admitir?

Fazendo uma retrospectiva (como sempre faço) admito, detestando, eu sempre fui uma materialistazinha.

Eu sou mesmo uma verdadeira mãe com o que é meu. Objetos, roupas, sapatos, cadernos, qualquer coisa material! Dura muito tempo na minha mão.

Nunca deixava uma caneta fora do estojo, sempre corri atrás de algo material meu que sumisse. Posso dizer que se não encontro, demoro semanas sofrendo à procura. Substituir coisas materiais, nunca foi fácil para mim. Nem se eu substituir por algo igualzinho, ainda assim, sofro. Amenizadamente, mas sofro. Outra prova que praticamente me condena que sou mesmo uma materialistazinha de primeira, são os meus ex's...

(...)

Brinquedos... é...eu realmente levava a sério a vida e os sentimentos daqueles plásticos (estou odiando referir a eles como plásticos) que me faziam tão feliz. Tanto! Que não é atoa que fui me livrar deles na bera dos meus 15 anos.

Me lembro de um sapato preto parecido com aqueles de boneca, que esqueci na casa da minha madrinha em uma outra cidade, como sofri por conta daquele "sapato de et" que era como eu o chamava. Deixei também um biquíni amarelo, em São Luís em uma pousada a muito tempo, como sofri pelo "amarelinho".

Enfim, na minha vida, esqueci (na prática) muitas coisas materiais.

É claro que eu posso viver sem copos, canetas, cadernos, cabides, CDs, gavetas ou liga de cabelo. Mas eu sofro, devo admitir. Coisas materiais são tão... palpáveis! Tem cheiro, outros não, tem curvas, outros não, esquentam ou esfriam, outros não, se movem só com nossa ajudinha! Isso não é extremamente engraçado? Eu aprecio essa utilidade, esses enfeites, essas tralhas que ocupam lugar em um cômodo dando mais vida, mais luxo, menos espaço.

Na quarta série, uma vez, esqueci meu estojo na escola. Procurei pela casa toda, não admitia que tinha esquecido e quando admiti... detestei, claro. Continuei indo para a escola sem ele e olhar para a mesa e não vê-lo era chatiante. Nunca desejei tanto que meu querido estojo voltasse...e parece que deu certo. Uma semana depois, cheguei cedo na escola e o encontrei no murinho. Aquilo foi muito irracional! Quando abri, tive a certeza de que era o meu estojo, mesmo! E de brinde, meus lápis estavam todos apontados. "Será que o indivíduo que se apossou dele o esqueceu também?" Fiquei pensando dias...
e por um momento admito que gostei do esquecimento.

2 comentários:

Mirayr Borba disse...

jesus cristo ...
me senti nua diante desse post ...
é exatamente assim que me sinto, mais nunca tinha tido coragem de admitir pra mim mesma ...


=]

Anônimo disse...

Lindo! (Desculpa, mas não tenho a mesma inspiração para comentários que você!)