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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Para o meu observador.


Teve uma época que eu cismei que alguém estava me espionando. Sentia sempre que estava sendo observada. Fazia o pré-escolar e quando prestei atenção naquela oração da professora ,sobre anjo da guarda, pensei: "Então, só pode ser ele."
Naquela suposição, todas às vezes que sentia que estava sendo observada, eu começava a puxar assunto com aquele observador.
Ele aparecia sempre quando eu nem mais lembrava. Eu poderia estar por exemplo, no meio de uma conversa com alguém, que sentia a sensação. Logo que a pessoa não visse, eu conversava com ele. Fazia sempre escondido, achava que seria bem complicado explicar para os de fora o que se passava aqui dentro.
Eu não o sentia sempre e confesso que ele aparecia em horas que eu nem esperava lembrar mais.
Na escola, brincando de casinha com alguém, na hora de passar na linha de pedestre na rua, no parquinho, balançando na rede, na hora de fechar a porta do carro!
Eu poderia estar correndo, gritando e pulando em uma festa de aniversário de uma das minhas primas, por exemplo, que do nada! Ele aparecia. Eu, fingindo que não via, esperando a hora que ninguém estivesse prestando atenção em mim, dizia baixinho: "Por onde andou?" e conversávamos. Ele estava ali comigo. Sem que ninguém ali imaginasse que acabára de chegar, sem que ninguém ali imaginasse que eu tinha um observador.
Confesso, às vezes algumas pessoas já me pegaram falando "sozinha" e diziam: "Com que você está conversando?".
Quando isso acontecia eu sempre tinha duas respostas, uma delas era dizer: "Com ninguém, estou cantando." e outra delas era dizer o que se passava mesmo, "Com meu anjo."
A reação das respostas que eu dava para as pessoas que perguntavam também eram sempre duas, ou despertava a curiosidade, fazia rir e ouvia: Essa Nanda! Ou despertava a curiosidade, fazia rir e ouvia: "Doida!"
Às vezes, nós até riamos juntos. Eu dizia: "Nossa, se eles sonhassem que você está aqui, hein?"
O que eu acho mais engraçado desta lembrança, era de como eu gostava daquela sensação de ter um amigo que ninguém, nem mesmo eu, podia ver direito. Conversar escondido, rever sempre, perguntar coisas ou saudar escondido me dava ,talvez, uma certa adrenalina.
O que é engraçado também, é que não me lembro como acabou. Não me lembro se ele se despediu.

3 comentários:

Augusto Rosa Leite disse...

chamo de amigo imaginario...



hhahah

ta brincadeira :(

:P

Marina de Alcântara Alencar, a Nina. disse...

Eu era uma das pessoas que dizia e diz: essa Nanda!
Vale dar uma revisada na ortografia.
Beeijo ;DD

Anônimo disse...

Sempre escrevendo bem heim, Nanda?!

beijo grande :**