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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Parada.

Espero pelo ônibus, assim como a árvore um pouco longe de mim, mas na minha frente sempre espera. Não temos diferenças. A estrela em cima da árvore brilha igual ao poste do lado dela. Quatro. Eu, a árvore, a estrela e o poste, idênticos! Sozinhos, cheios de pessoas ao redor, esperando, no mundo.
Deve ser difícil ser árvore, crescer e nunca sair do lugar. Ter frutos, secar, molhar, sem nenhum pio. Aliás, os pios dos passarinhos... ás vezes deve ser infernizante ter que aguentar, é incrível como ninguém pensa nos ouvidos verdes.
Deve ser difícil ser estrela também, brilhar e nunca poder sair do lugar. Estar sempre longe, longe... Ser vista por gente do sul e gente do norte, mas não ouvir nenhum elogio. E a falta de privacidade todas as noites? Todas as noites! Sem contar que ninguém pensará nela durante o dia. Aliás, deve ser um saco saber que seu brilho não é próprio.
Deve ser mais difícil ainda ser um poste. Ninguém quase nunca vai olhá-lo por inteiro por causa do seu tamanho, e talvez, na sua vida inteira, seja notado apenas quando pifa...não deve ser muito agradável também saber que estará sempre por cima e mesmo assim, não ser grande coisa...sem contar com as pipas! Que quando não tem o que fazer, se engraçam nos seus fios...
É...eu ainda espero pelo ônibus...mas não mais como a árvore um pouco longe de mim, mas na minha frente sempre espera. Logo ele vai chegar e não estarei mais parada, não seremos mais quatro, não seremos mais.
Chega, não espero mais, agora subo.
"Não seremos mais." digo subindo os degraus que me levarão a algum lugar, e olhando para a janela, não pela última vez, para a árvore, a estrela e o poste, escuto: "Será que seu ônibus também não é assim?"
Sozinho, cheios de pessoas ao redor, esperando, no mundo.

Um comentário:

Eu ué! disse...

Ahhh isso lembra algo de alguma escritora que eu já li alguma vez..
AHHHH não lembro.
Tá MUITO bom (não por 'parecer' oque outra pessoa escreveu..)