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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quando não escorregou.

Saiu aquele dia em busca de escorregar uma única vez, amarrou os cadarços, os cabelos e foi. Nem passarinhos no céu, o parque estava vazio. Era estranho, e ao mesmo tempo gostoso de se ver. Escutou os três balanços pedindo para que os balançasse, e assim fez, empurrou todos, um de cada vez. Saltitantes e vazios eles vinham e voltavam, ela balançava um, e deixava que o vento cuidasse, para assim balançar o outro. Eles gargalhavam alto, e pareciam se sentirem livres.
Foi para as escadas do escorregador, e quando por fim chegou no alto e se sentou para descer, não escorregou. Ficou sentada ali, parada, escutando os balanços que ainda estavam sorrindo alto. Olhou para onde estaria se descesse, olhou para escadas que acabara de subir, olhou para os corrimãos que não segurava, e nem lhe proporcionava segurança alguma. Não era exatamente medo, nem arrependimento, e também não estava competindo aquele minuto, costumava competir consigo mesma, do tipo: "Só escorrego quando os balanços se silenciarem."
O que era então? Saiu certa que iria escorregar aquele dia, e amarrou os cadarços para isso...Tirou a liga do cabelos, desamarrou os cadarços e se levantou, agora estava competindo. Estava em pé, no alto, para mostrar que não era medo, e então, deu um pulo! Por incrível que pareça caiu na areia sem nenhum arranhão, e começou a sorrir sozinha, porque os balanços já haviam parado, tirou a areia dos joelhos, amarrou os cabelos e os cadarços de novo, e se levantou em outro pulo, escutou os três balanços pedindo para que os balançasse, mas dessa vez saiu correndo, agora era medo.

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