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sábado, 18 de dezembro de 2021

Saídas

 


Os poemas saem de mim como se fossem demônios exorcizados.

Me falam coisas que o meu orgulho tem vergonha de escutar.

Me mostram o meu medo de amar,

desfilam com ele e a entrega, 

dançam num salão de desculpas sem fim.

Meus poemas surgem do nada por eu estar sensível a tudo.

Caem de mim quando limpo a maquiagem, suam em mim após um exercício físico, pulam para fora num vômito sintomático. 

Eles estão até bonitos, apaixonados, 

em sofrimento. Eles caminham rejeitados ao meu redor na utopia de que tudo melhore.

Querem ser lidos no futuro com alguma risada. 

Querem ser lidos no presente como uma terapia. 

Querem abafar o passado e todos os seus erros e vícios armados… 

Querem uma comunicação não violenta. 

Meus poemas querem ter paz!

Balançar na rede

Exprimem uma vontade genuína de ser feliz.

Exprimem coisas que o dinheiro não pode comprar. 

Procuram desenhar a saudade, com cuidado, com saúde e insistem ao mesmo tempo em versos solitários que a vida não será capaz de sanar. 

Esses poemas querem sair da cidade

Rodar pelas esquinas

Tomar café com autoridades

Se entregar para as meninas

Mentir para si mesmos… 

Sentir um pouco menos

Tornarem-se adultos, 

maduros,

inertes.




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