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sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O tempo

Meu tempo é demorado, apesar de eu ser rápida em tantas outras coisas. É analítico, apegado, crítico... percorre meus lados e devaneios para compreender o que se sucedeu, para se abrir para uma nova fantasia que agrade meu peito e eu. Ele quer ser demorado para combinar com o que eu quero enxergar da próxima vez. Demorado para doer o que tem que doer. Para sofrer um pouco, para curar outro pouco, para estender... Também não é um novo amor que ele quer ver logo mais, amor ele já teve, ele acabou de ter... ele quer coisas novas, ele é curioso, é mais ele. E ele quer tempo e mais tempo para um novo eu. Preciso ter orgulho do meu tempo, porque ele sempre sabe o que está fazendo. Ele sempre sabe o que é melhor pra mim. Ele não tem medo de encerramentos, de cascas, de embalagens e de fugas. Não se importa se o outro esqueceu primeiro, esqueceu rápido, já está amando e descobriu que tudo não passou de uma ilusão. Meu tempo aprende, sente e é assim... do tamanho dele mesmo. Quer cavar, beber, tratar, cutucar, fazer as contas, tomar remédio... ele não insiste, ele não finge, não dá match, não nega, não suporta, não mente... meu tempo é ele mesmo. Meu tempo é dinheiro, é estrada, é continuar a sonhar sozinha, do jeitinho romântico que eu sou mesmo. Ele quer viajar, tocar o foda-se, chorar independente se está cedo ou tarde. Meu tempo é esperança, uma prece, um capítulo mais estendido. Quem é que tem o direito de dizer como deve ser meu tempo? Quem é que tem o direito de ditar como eu devo proceder? Em quanto tempo é correto para essa gente macia, lebre e esperta, dizer que nem doeu? Meu tempo é meu tempo oras bolas... deixe ele, deixe ele passar, sentir, voltar, regredir, cair na real, ultrapassar, expandir, demorar... Com o tempo não se brinca, não se controla... uma hora eu hei de aparecer tranquila, renovada, com o tempo tudo se tranquiliza, se transforma. 

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