Malditas castas literárias
Tenho vergonha
das CASTAS LITERÁRIAS que criaram para determinar que tipo de leitores somos.
Se um livro me despertar a curiosidade, eu leio. Se alguém que eu conheça me
falar que é bom, confio e leio também. Mas se alguém fica envergonhado, e me
diz meio sem graça que é bom, mas que ninguém precisa saber, eu grito! Não acho
justo termos vergonha de dizer do que gostamos de ler, não acho justo na
verdade termos vergonha de dizer o que lemos, só porque alguém importante disse que é
clichê.
Até quando vamos ter medo de ser tachados por algum estereótipo
estúpido em nossas miseráveis presenças, só porque alguém “lá de cima”, e que
ninguém conhece, mas sabemos que está certo por alguma razão (que ninguém
conhece de novo), de que quem ler ISSO é AQUILO?
Perceba como é
ridículo sermos etiquetados DISSO por AQUILO... não me parece justo, ser mais
inteligente ou mais burra por causa do livro que carrego na bolsa. Ou gostar
facilmente de um livro é natural ou existe um grande problema com a nossa queda
literária. E daí se o Best Seller são para os bestas
quadradas? E daí se os clássicos são para os chatos? E quem determinou que isso e aquilo significa aquilo e esse? E se a novela é do
livro, ou o livro é do filme? Eu quero saber é se é tão bom que a curiosidade lateja e não conseguimos parar de
ler e nem prestar mais atenção a realidade monótona e sem ficção. Eu quero saber é se me tornei uma pessoa melhor ou aprendi alguma coisa a mais sobre mim mesmo, meu péssimo gosto ou quem sabe da vida, num simples passar de páginas.
Tenho vergonha das CASTAS LITERÁRIAS
que criaram para determinar que tipo de PESSOAS nós somos. Sou contra tudo que
me reprima, me envergonhe ou queira me determinar por inteira. De maneira
alguma vou permitir que me levem pra fogueira, por causa dos livros que eu escolhi
ou gostei por vontade própria. Isto é, sem recomendações de críticos ou gente
que aplaude. Aposte na ideia do que você realmente sentiu quando leu algo, sem comparações, sem preocupação. Depois procure saber as críticas, o que é que eles pensam a respeito, também é importante avaliar o que você perdeu, também é importante não concordar ou sabotar sua própria interpretação. Só não fique com MEDO, por favor!
Ter
medo de dizer o que te prendeu de verdade é tão ultrapassado quanto o medo de
ler algo e acreditar no que se leu. O medo de ler algo e querer mudar e
praticar o que se leu, o medo de ler algo e fechar o livro completamente
diferente do momento em que o abriu. Coragem! Pois todo medo é sempre um caso a ser pensado
como uma forma de desejo, escondida, petrificada, curiosa e mal assombrada de nossos
castelos.
Em algumas
hipóteses, algumas coisas que lemos até pode dizer algo sobre o que somos, mas e se lermos temas variados?
E se lermos filosofia e depois pornografia? E se lermos auto-ajuda e ainda assim gostarmos de ficção científica? E se decorarmos um clássicos e contar os best sellers? Onde é que vamos caber? Como é que podem nos moldar? O que é que o tipo de livro vai nos dizer? Nem tudo que lemos vai dizer exatamente tudo que somos, tudo que acreditamos, tudo que
manifestamos ou tudo que queremos e esperamos. A melhor parte de todo o medo e a coragem
de se ler é experimentar, termos a audácia e curiosidade de dar uma olhada, ter a capacidade e
a vontade de saber do que se trata. Nosso gosto literário não deve sentir vergonha de nada! Para uns gosto é fase, para outros gosto é tradicional, não tenhamos medo de dizer, de ler por prazer, de ler por
humor e também por responsabilidade, ler não é proibido, pois então enfrente essa soma de palavras, faça resultados! O
nosso tempo é muito curto e nossa vivencia não suficiente, em algum momento da vida tudo ainda que não podemos
entender ou que estamos completamente envolvidos ou precisos, de alguma forma...lendo, significa não se conformar, procurar, enxergar o que não se pode ver sozinho.
(Fê adora Sidney Sheldon)
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