Sobre umas quatro rodas em movimento.
Minha poltrona era a 25, joguei a Bete (minha mochila) nela, tinha um senhor na 24, um velho até bem portado, gordo, mas reparei mesmo foi nos cabelos, brancos e brilhosos. Me lembraram nuvens gordas em dias ensolarados. Enfim, quando joguei Bete, a sobrancelha dele se levantou e minha Tia disse:"Senta lá para trás, terá mais espaço, tá vazio mesmo."(Antes dela dizer isso, eu ia mesmo para trás, ir exprimida ali com aquele senhor não me fazia sentido nenhum.) Me despedi da minha Tia com abraços e juramentos. Fiquei com dó dela, o comportamento estava mudado, ela gosta de mim de verdade, sabem? Ela é uma das pessoas que eu mais me esforço para entender e menos compreendo os olhares. Conhecê-la de perto foi maravilhoso. Despedi-me do Cláudio, seu marido, que me esmagou um pouco, e eu sei que foi de propósito. Nossa relação foi uma espécie de competividade divertida. Entrei no ônibus, tirei Bete do lado do "cabelos de nuvens" e aconcheguei-me nas poltronas 27,28. Olhei...