Gostaria muito de vê-la.

A menina vivia atrás daquele muro. Ninguém imaginava como ela era. Alguns espiavam em cima da árvore alta da esquina, mas pouco viam. Todos gostavam da voz, pelo menos a voz faziam idéia. Uns diziam que ela era feia, "Só pode!", pois nunca aparecera. Outros que era linda, tão linda que era capaz de decepcionar todo mundo por manter beleza demais e acabar por ser convencida. Mas de nada adiantava tamanhas suposições, a menina não aparecia para conclusões. Ela cantava, sorria e de vez em quando gritava de felicidade, mas era tanta felicidade que alguns não aguentavam de curiosidade e faziam de tudo para escalar o muro e saber o que lhe trazia tantas gargalhadas. O muro não facilitava. Parecia ser feito de gelo, escorregadio! Nem escadas, nem as próprias mãos e nem mesmo qualquer outra forma de escalamento existente fazia alguém subir naquele muro. E os adultos não concordavam em quebrá-lo, era praticamente acabar com um patrimônio alheio e histórico da vizinhança. Claro que que...