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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Agente 007- das coisas que pensamos não terem vida.

As coisas que pensamos não terem vida, me telefonaram ontem às sete da manhã, não sei quem era o indivíduo que falou comigo, sei que me deram um endereço, e pediram meu serviço.
As moscas. Nem as micro e significantes moscas estavam para poderem me contar que extravagância teria tido ali poucos minutos atrás.
Perguntei para as cadeiras no chão, entretanto, se sentiam tão humilhadas que voz não saía.
Pude escutar quando entrei, a música baixinha até sumir, sendo levada embora.
As fitas, bêbadas no chão, me disseram que pela bagunça da mocidade, passaram de penduradas no ar, para caídas e pisadas no chão por saltos pontiagudos, pesados e de todos os tamanhos e cores sem a menor explicação.
Nem a terra e as pedras foram poupadas daquela mocidade eufórica - pelas pegadas vi o estrago que fizeram- encontrei a Pedra Mãe revoltada dizendo que seu filho Pedrinho foi levado grudado pelo relevo de um sapato masculino tamanho 42!- Que tal?- "Pobre Pedrinho! Nunca mais voltará..." dizia a única árvore do lugar, que sem exceção, também foi prejudicada pela mocidade! Foi tatuada no meio dos peitos, uma frase do tipo: "Amo você." dentro de um coração todo torto para a direita.
Copos, copos, muitos copos! Cheios de pistas, e restos de bebidas, aquele chorôrô não parava! E frustrados os copos diziam: "O que eu tenho? Porque não consumiram o que tenho por inteiro?" - para poupar aquele sofrimento, tirei os restos de bebida de cada chorão. Mais adiante vi corpos, muitos corpos dilacerados, eram balões, pareceu-me serem antes tão,tão... cheios de respiração...
Penso que essa mocidade não deve mesmo ter coração.



2 comentários:

Geisa disse...

Fernanda, suas histórias todas tem muita vida.
Este post ficou maravilhooooooso ! Este tem que ir para o livro "As crônicas da Srta. Fê.".
Te amo !
Dinda Geisa

Elisa disse...

Oi minha lispectorzinha!!Estou com saudade!Adorei o post!
bj e te amo.
Elisa