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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Medusa e eu

 



No começo, 

Medusa me tirava de tempo, 

depois me tirava do sério, 

Aí começou a me provocar 

era risada, 

crise de riso,

dança e movimento. 


Medusa pensa rápido, 

canta bonito

me petrifica quando menos espero, 

toca instrumento

me acolhe quando fecho os olhos com medo do meu escuro, 

das minha sombras,

Ela pergunta se estou bem 

me ajuda a vender livros, 

faz propaganda,

me marca na internet, 

diz que não me ama

É uma ordinária! 


Ou mulher livre?

Ou feiticeira maldita como eu?

Medusa então abre a porta da sua casa pra mim 

Do seu bairro

Dos seus gatos

rimos 

bebemos

comemos 

“pode dormir aí maluca”

durmo

e acordo gritando “eita como tu és”


Medusa me dá água

Diz que eu curei seu cachorro

Me dá cerveja

Dança comigo na quadrilha do JK

Acredita quando eu digo que senti uma presença 

Acredita quando eu digo que escutei dentro da minha cabeça 

Então ela me conta um segredo

É tão doida quanto eu 

Me conta então mais dois segredos

E depois vomita

Eu acudo

Medusa sorri e libera seus medos

Três segredos 

Me conta das garrafas atrás das portas

Da sua dor

Sinto sua dor

Quatro segredos 

Sinto vontade de abraçá-la 

Sinto que não nos encontramos por acaso

Te conto de um projeto de música que eu tenho e ela precisa participar 


Depois pergunto do seu quintal

E ela me conta de quando gostava de planta

Eu também tive essa fase

Medusa me solta de seus amores

Faz live

Faz caixinha de perguntas 

Me conta da saudade das suas tranças 

E eu da minha infância 

Trocamos informações sobre nossos sonhos…

mediúnicos 

e terrestres também. 


Medusa me conta então dos seus mortos vivos pra sempre no seu coração forte, 

do norte, 

vermelho

vermelhante

vermelhaaaço!

E então combinamos de passar batom vermelho. 


Amo que a Medusa sempre acreditou em mim

E as cobras do seu cabelo começaram a me hipnotizar 

Medusa lê e relê meu livro de poesias 

Medusa fala do seu Zé,

de Oyá 

e meu papai Omolu 

Medusa é parceira e fala a minha língua! 


Consegui conquistar Medusa ou foi ela que me conquistou?

Encontrei a Medusa ou foi a Medusa que me encontrou? 

Nunca mais eu vou saber… 

Nunca mais eu quero entender…

Só quero sentir. 

Desse jeito doido

Desse jeito torto

Desse jeito amigo dela e meu. 


Axé ordinária! 


Poetisas não dizem eu te amo. 

Poetisas escrevem sobre você. 

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