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No colo

Não me deu um tapa na cara foi um tapa na consciência  eu queria virar uma arara eu queria ver sempre pelo lado da ciência  Não me deu um murro na fuça mas foi um murro que vi meu sangue camurça eu queria ser uma ursa eu queria ter ficado selvagem para fugir Não me deu amor, não me deu consolo me enforquei anos depois não entendi essa dor, não me peguei no colo morri... e me arrependi depois Não me quis  Mas também não me deixou  me envenenou por anos em um falso amor fez show me amarrou e me fechou me intoxiquei por anos na busca de um eu sem dor Não me apavores agora sou muito forte tem hora tem uma tropa e uma guerra comigo... Não sabes se me perdoa ou se vinga

Retirada

Eu preciso de um mantra De um áudio Bloquear as antas Da internet,  do rádio. Eu preciso de uma música  Que não detalhe tanto  Carniça ! Que me desperte alegria Que me vire de cabeça para baixo  Que tampe minha euforia  Que não seja golpe baixo  Eu preciso de consolo De preferência dos doidos Só eles vão entender tudo isso Só eles podem me tirar disso 

Piegas

Me tornei piegas Tua lembrança me causa medo Tua lembrança já me causou tanta alegria É horrível ser piegas Tua lembrança vem cedo Tua lembrança me faz fugir das mudanças  Tua lembrança é euforia  Como não ser piegas?  O que fazer com as palavras que escutei O que fazer com as memórias que gravei  O que fazer com as chegadas e saídas  Um dia hei de deixar de ser piegas  O que fazer com tudo teu que ficou em mim O que fazer com tudo meu que ficou em ti  O que fazer com esse ciclo sem fim

Toque

Queria que hoje fosse bom lembrar de você Que a campainha tocasse Que o teu violão tocasse Que eu te tocasse  Que o mundo me tocasse outra vez Queria saber como vão as coisas Se tem graça as coisas Se faz comparações  Se ainda temos corações  Tudo avança  Sem nossa dança  Tudo avança  Sem nossas crianças Tudo avança… E não passa… Me passo então… E se a campainha tocasse outra vez ? 

Pedido

Me pedes uma poesia Como se fosse assim Pedindo… Não sinto a maresia… Reflito o que tenho para rimar Reflito o que faz chorar Reflito e entro em conflito Estou com saudade do  rio ou do mar? talvez seja melhor falar sobre amor talvez seja melhor falar sobre dor talvez eu tenha que silenciar Me pedes uma poesia Amigo, como se fosse assim… Pedindo Pedindo  Pedindo

E poder

Queria entender minha mania de certeza O meu medo da verdade Minha angústia estonteante Meu dormir e acordar sustentado em memórias e sonhos. Queria me estender do tamanho que sou até agora, sabe? Me jogar para frente,  me amassar toda,  me empurrar a força,  E então poder e poder e poder e poder me atravessar!  E então, poder  e poder com as mãos me segurar do que eu ainda não sei, do que ainda não sou capaz de enxergar. Ah! Eu queria me render e conversar com os meus limites. Hostiliza-los quem sabe Conecta-los as minhas pequenas medidas Mastigar um por um  Soltar com os dedos E quem sabe dar a língua  Eu queria soprar minhas feridas.  Comer bolos de aniversário, Mas olha só… eu queria era controlar as coisas.  E quando se quer isso, são as coisas que te controlam no final. Isso eu já entendi… Disso eu já brinquei… Isso eu tenho certeza… E que tolas e miúdas são essas certezas que eu quero desde o início, afinal. 

Sem querer

bruxa… vivo entre uma obsessão e outra a flor do pele minhas emoções querem sair tim tim por tim tim,  são águas dentro de mim, eu posso sentir… águas com força,  águas em pingos,  águas que contornam pedras, pernas e bochechas os animais e insetos se aproximam sem que eu ao menos os procure,  bruxa demais… surgem pelo caminho, pousam, observam pelas janelas, atravessam os corredores da casa para estarem na porta do meu quarto. recados universais? mensagens? sincronia do que? desvio da matrix que me observa calada e friamente ela quer me adoecer, quer que eu acredite que é só isso mesmo mas eu sou tão bruxa!  Vejo horas iguais umas seis vezes ao dia Por que?! E ainda olho pro céu…  adulta, eu olho pro céu.  Eu olhava pro céu quando era criança. De vez em quando aquela esperança criativa de que ele se abre bem no meio. Algumas chuvas quase fazem realizar… Feiticeiras são criativas, mas também são tão racionais. Mal sabem os homens Mal sabem…e não me venha com bestialidades ! Também brin

Todo mundo

  Acordei de um sonho feliz e depois fiquei aflita. No meu sonho um passarinho estava de costas para mim.  Não deve ser por acaso…. Meus sonhos trabalham com metáforas, do meu lado é que ele não estaria. Não me lembro se teve cantorias. Não me lembro se teve demonstrações de voos.   Também não havia gaiolas, graças a Deus.  Não escutei seu canto,  nem percebi se tinha ninho,  se era sozinho, se tinha um par. Do nada, me foi permitido no sonho sentir um cheiro. Foi tão real, que por um breve instante  senti realmente o cheiro das penas quentes e cocei os olhos antes de abrir. Não teve nada além disso.  Talvez por isso eu logo acordei e me lembrei que passarinhos são muito distantes do chão. Todo mundo diz gostar de passarinhos. Mas nem todo mundo enxerga alguma coisa a mais neles. Todo mundo diz querer ser passarinho. Mas nem todo mundo sabe lidar com as próprias asas. Eu nunca fui todo mundo… Quem sabe um dia uma hora ou outra, eu sonhe de novo e me seja permitido enxergá-lo de frente…

Dentrão

  Muita gente quis ser o que eu fui ali contigo Por essa razão talvez não tenha sido falso Me lembro que havia uma torcida Me lembro que havia admiradores Talvez eu seja hoje quem me olhava ali contigo Agora eu sei o que eles sentiam O que pensavam quando olhavam Porque torciam e admiravam  Talvez até torcessem e admirassem ao contrário  Queriam… queriam igual pra si Expus demais Brinquei demais Duvidei demais Mas não foi o olhar do outro que contaminou quase tudo As coisas é que acabam mesmo e acabam com a gente também  As coisas entram em confusão  construir é conflito profundo  Lá dentrão  e espelho, é claro. 

Amaldiçoado

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  Fecho os olhos para encontrar esse corpo Fecho os olhos porque é o único jeito de    encontra-lo agora Minhas memórias são confusas   Me perco entre o que foi vivido e o que ainda desenhava de vontade de fazer Meus dedos quase sentem de verdade aquelas curvas Minha saliva quase sente de verdade aquele gosto Minhas mãos quase seguram apertadas aquele quadril Seguro minha cabeça, para não cair  Viro os olhos Me distraio Me medico E imagino que desejar sozinha é solitário  triste, amaldiçoado Ardo e queimo Ardo e me derramo entre os dedos Ardo só de pensar como seria  como era lindo daquele jeito como eu me iludi e pensei que do outro lado era exatamente assim, era sentido o mesmo Cancelo Tento apagar Reflito que talvez não seja justo continuar a lembrar  Então eu canso e durmo…  Logo de manhãzinha já é notável que estou presa novamente… ardendo e ardendo. 

Paz e amor

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  O hippie ambulante passou por mim na praia e eu disse “psiu, que brincos lindos!” “Opa! Na hora senhorita”, ele disse abrindo um sorriso e olhando bem pro meio do meu decote no biquine. -Eu quero uma coisa diferente moço… -Que tal esses? -Não, não… algo que eu possa usar quando não estiver na praia e ainda assim seja meio praia, passe uma mensagem, entende? -A moça é engraçada, é da onde minha sereia? -Tocantins. Já ouviu falar? Fica bem no meio… Muita muriçoca. - Sei… E esses moça? Esse material é de uma concha colorida, veja aqui no meu celular a foto... É um pouco rara… -Hum… bonito mesmo… e esse de paz e amor?  -Gostou desse? -Acho que vou ficar com esses, tem espelho aí? Todo mundo precisa de paz e amor.  -Na hora minha patroa, esses ficaram bonito mesmo.  Dias depois, no Tocantins, não tinha mais praia, nem hippie ambulante, mas tinha muriçoca e o par de brincos caiu no chão, um deles voltou para minhas mãos faltando um pedaço. Que tragédia… Onde está o moço para me dizer se o

debaixo das minhas pernas

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  debaixo das minhas pernas fiz sombras para me proteger de alguma coisa para não ver outras tantas coisas para ficar por algum tempinho longe do sol que parecia ser demais nas sombras eu me perdi minha cor foi embora minhas vontades não deram sinal de vida meus sonhos e vitaminas nem existiam mais levantar é preciso sombra também tem que ir embora tem muito azul ainda lá fora  muito água pra rolar muito vento pra pegar o sol continua o mesmo, e se for demais tenho que dar um jeito… tenho que dar um jeito.