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sexta-feira, 23 de julho de 2010

A fê chora das impossibilidades



Nem imaginar as conseqüências deu tempo, deixei que viessem vestidas do jeito que quisessem, foi um ato... Oras, claro que foi, que viessem as conseqüências. Fui me transportando para um estado, aos poucos senti o quanto a carga de se posicionar é pesada, mas ao mesmo tempo infesta-me como heróica. Quando acreditava, bem intimamente algo obscuro se escondia, eu negava perceber, talvez porque sabia que podia ser verdade, talvez porque sabia que podia ser mentira, talvez porque simplesmente existia possibilidade. Quando acreditava, não era feliz todo tempo, porém admito que eu era mais otimista e sonhadora. Por fim, não acreditava mais. O obscuro, era ao que eu hoje estou entregue, ao que agora me é fato e me achei e desencontrei na falta de fé, de uma forma que nem imaginava os caros e baratos dos preços. Me declarei sem flores e cartões para as minhas hereges indagações e me sentia muito bem, pois sempre algo esteve mal explicado. Julgar sem medo e cheia de argumentos magoados, vindos dos meus mais íntimos instintos, é excitante ás vezes, de desabrochar o ego e lavar toda a roupa suja com tudo que ninguém tem coragem de discutir com medo da incerteza se manifestar. A fé que tanto me alimentou e destruiu, não se perdeu apenas lendo muros pichados de rebeldia, nem na desesperança de pedidos, muito menos por desacatos históricos ou familiares... Se perdeu naquele dia mesmo. Aquele dia que eu sentada com as mãos juntas, percebi que não sabia mais o que pedir, nem o que agradecer. Não que minha lista de pedidos tivesse acabado, nem que eu tenha descoberto que possuía auto suficiência e ingratidão, é só que...subitamente não teve o mesmo sentido de sempre. A misericórdia pelos meus pontos fracos, estabeleciam um melhoramento otimista em mim sim. Mas, porque encaminhava a outrem? Não sou eu que teria que resolver? E me esvaindo, comecei a resumir as orações, tornando-as tópicos, depois sub-tópico, frases... até sumirem de vez. E dormia, sem nenhuma culpa mais do que agora era desnecessário. Parei de rezar, do dia para noite mesmo... Toda aquela magia de antes, transformou-se em uma desculpa, como se eu tivesse descoberto que dependia muito mais de mim me ajudar. Essa força que tanto sonhava, queria e pedia, era uma versão “Super”própria de mim, disfarçada talvez, porque se boicotar parece um caminho mais fácil que se encarar. Mesmo os dois caminhos levando a si mesmo. O mais inexplicável é que: Juro que não sabia que se fosse atéia, meses depois eu não fosse tanto assim. Ainda existe desconfiança. Continuo desconfiada do mundo, não que eu ainda acredite em alguma coisa, (daquele jeito –aliás- acho que nunca mais) mas que eu ainda desconfie de muitas coisas nesse mundo...e agora eu me pergunto em “como cheguei a pensar que seria convicta para sempre?" Não sei mais se estou livre de misticismos, não sei se estou presa em uma cadeia que só mudou de nome, sei que ainda estou inconstante. Ah...como sou cheia de fendas e apegos, claro que sinto saudades das crenças. Tudo, era tudo tão menos trágico para mim. Eram “suicídios” mais involuntários, tenho a mera impressão de que eu era até menos frágil. Hoje, me borro num pestanejar e sei que desacreditar pode ser até estúpido, entretanto, acho mais estúpido me manter em postura e nos “pliês”, sempre cair em pedaços no chão. Sugiro que eu seja radical, a fé também não é assim?! Como eu posso me redimir se ainda vou questionar nas primeiras oportunidades que aparecerem? Seria um drama infantil ficar naquela provação. Isto é, o cachorro da rua late, eu peço urgente que esteja enganada das tripas ao coração, e que os mais belos anjos do céu estejam de vigia a ovelhinha negra aqui, e o cachorro para de latir, latiu porque latiu, não era nenhum ladrão na porta da minha casa. Ah...infernizo-me. Esse balanço, essa fé covarde... é por isso que eu prefiro não precisar disso. Todavia, eu queria muito que existisse alguma coisa que fosse literalmente sem sombras de dúvidas para mim. Que eu pudesse me apegar de novo daquele jeito. Há possibilidades de existir alguma coisa mais verdadeira, mais forte, e que seja capaz de me deixar muda? Eu vou esperar, porque eu ainda sou ansiosa. Enquanto espero nessa desconfiança, tomará que meu pus se despeje... só assim...eu volto a sangrar vermelho outra vez.

3 comentários:

Unknown disse...

Me identifiquei com o trecho "Se perdeu naquele dia" (...) até subtamente não teve o mesmo sentido de sempre.

Unknown disse...

Te admiro (também) por sua coragem e petulância em dizer o que faz as pessoas se calarem. Te acho petulante, pq as vezes fala e sai sem saber o resultado de suas palavras ou sem ver a expressão da pessoa... No fundo a sua falta de crença é apenas um desafio pra que te provem o contrário. Deus, ou seja lá quem for. É menina de instigar, de "caçar conversa".

Judi Ferreira disse...

E as cartas nunca chegam...