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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mosquei

Eu sou a mosca que não pousou na sua sopa,

que teve medo de ser abanada,

e morrer afogada

diante de bóias de quiabo e cenoura.

A mosca que não pousa em ninguém,

que carrega sujeira sem saber,

que discute filosofia no brejo com o mosquito da dengue, antes que os sapos verdes cheguem para se alimentar.

A mosca que beijou a muriçoca mas que a largatixa que comeu.

A mosca que atrapalhou teu sono, sem saber que você estava exausto, e ainda te fez não dormir preocupado.

Do canto da parede,

sem dente, eu vou para luz

morrer de luz,

dançar para luz,

secar

para sempre.

Um comentário:

Marina de Alcântara Alencar, a Nina. disse...

Sopa de quiabo e cenoura nao parece convidativa.
Mosca que nao pousa em ninguém, parece nao existir.
"secar pra sempre", me deu fome.
No mínimo, interessante.