Uma vez era.

Acordava cedo com medo de perder tempo. Acreditava que devia aproveitar ao máximo cada minuto do sol no dia, isso porque considerava a noite um castigo em sua existência. Ao despertar, de pijamas , subia na janela e corria para a cozinha, achava sensacional não ir pela porta, de alguma maneira trocar caminhos, aventurava suas manhãs. Caminhando pelo corredor descalça, prestava atenção no silêncio do quintal vizinho, depois, pregava um susto na funcionária não desconfiada, e assim enchia a boca de sorriso, enchia a xícara de leite e raspava o chocolate. Dobrado, o pijama ficava intacto na cama, quase livre, só de calçinha , a dona do próprio nariz caçava o que fazer . Gostava de descascar mexerica, adorava a facilidade da casca se despir da fruta. Chupava o doce dos gomos, cuspia as sementes em uma competição frenética dela e dela mesma, e jogava o bagaço no corredor apesar de todos dizerem: "Não sabe comer mexerica! O bagaço é bom para o intestino!", imaginava então seu intes...