Matando a sede.

Acordou. Ninguém na casa. A casa limpa e cheirosa da faxina de ontem ainda transpirava. Levantou. Ninguém na cozinha. Os copos limpos, sujou um injustamente, para matar sua própria sede. Bebeu a água, gelada e pensante. A geladeira foi fechada, a pia recepcionada pelo copo, e a boca fechou de um jeito, que parecia nunca ter se aberto um dia. Andava devagar, sentindo o chão limpo e frio. Pisava como se estivesse em terras sagradas. Subitamente, soltou os cabelos e pois-se ao chão. Abriu os braços, e abriu as pernas, e espalhou a cabeleira como uma rosa dos ventos de um mapa geográfico. De um ângulo de cima, diriam que seria um "X". Um "X" humano em uma casa limpa. Não havia ninguém na casa. Não havia, coincidentemente, ângulo de cima. Levantou. Oferecidos, pareceram-lhe os sofás e foi para o balcão. Bebeu licor, quente e pensante viu as taças competirem para serem usadas, e a segunda do armário ganhou sua atenção. A garganta lhe ardeu, mas não expressou nada. Ninguém...