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Mostrando postagens de março, 2009

Matando a sede.

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Acordou. Ninguém na casa. A casa limpa e cheirosa da faxina de ontem ainda transpirava. Levantou. Ninguém na cozinha. Os copos limpos, sujou um injustamente, para matar sua própria sede. Bebeu a água, gelada e pensante. A geladeira foi fechada, a pia recepcionada pelo copo, e a boca fechou de um jeito, que parecia nunca ter se aberto um dia. Andava devagar, sentindo o chão limpo e frio. Pisava como se estivesse em terras sagradas. Subitamente, soltou os cabelos e pois-se ao chão. Abriu os braços, e abriu as pernas, e espalhou a cabeleira como uma rosa dos ventos de um mapa geográfico. De um ângulo de cima, diriam que seria um "X". Um "X" humano em uma casa limpa. Não havia ninguém na casa. Não havia, coincidentemente, ângulo de cima. Levantou. Oferecidos, pareceram-lhe os sofás e foi para o balcão. Bebeu licor, quente e pensante viu as taças competirem para serem usadas, e a segunda do armário ganhou sua atenção. A garganta lhe ardeu, mas não expressou nada. Ninguém...

Amém para mim.

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Existia alguma coisa errada com aqueles que falavam de você,eu percebo desde o prézinho , mas parecia melhor ignorar. Afinal de contas? Nova demais para pensar em você. Depois, tantos anos de esforço para compreender, usei um pouco de humildade, de jogar ao inverso, julgando quem pensava como se fosse... eu. Mais alguns sofrimentos ridículos, consegui. Acreditei. Comecei então, a me reunir todas as noites e esquinas contigo. Não me sentia sozinha. De fato,isso não acrescenta,eu sempre fui a louca, por falar com objetos ou comigo mesma, mas a verdade é que não dá mesmo para se sentir sozinha, não se a pessoa tiver a mesma frequência de imaginação que a minha, e percepção. (Quer ver? Pensa e sinta seu dedo midinho por 10 segundos!...E aí?) Enfim, ali, com menos esforço você estava, finalmente. Que amor. Respeitei, respeitei, perguntei, perguntei, e um dia os ataques que lhe faziam e seu povo e silêncio, me incomodou. De repente, quem te amava ou nem lhe dava valor, pareceram-me todos ...

Operação falha.

Duas criaturinhas no começo de tudo, flutuavam juntas, organizando a chegada do próprio tudo. -Anota aí! Precisamos de um motivo! -Um motivo...uma explicação também? -Boa! Um motivo, uma explicação, hãm ... benção . - Benção ? Tá bem...hum! E aquela estória de dinheiro? -É...mas é quase igual, anota reprodução, comida, bebida... -Álcool! Que tal? -Essas coisas que você está falando, eles vão inventar! Não precisa por, fiquemos só com o que eles vão precisar agora... -Tá bem...o que mais? -Bota aí que eles precisam entender, claro que eles nunca vão entender, mas só para poderem sentirem-se com classe, bote. -Conformar né... -Depois, eles vão...vão...hum! Coloque que eles vão dormir! Apagarem feio! -Chefe? -Eu estou pensando em algo genial para depois dessa espécie de sono que acabei de criar, não me atrapalhe! -A tinta acabou! -Como assim acabou? Onde terminamos? -Quando eles serão obrigados a apagar. Apagar feio. (...) E desde a falta de tinta, nunca mais fomos os mesmos. (Srta*Fê d...

Hipnose mal amada.

Com enormes fones de ouvido, jamais descobri tua música, mas na curiosidade, ficava a observar e vi que olhavas engraçado, desconfiado. Levantava de um jeito, que parecia que ia cair, suas roupas eram folgadas, cheias de conforto, pareciam-me egoístas, nunca me deram chance de imaginar teu corpo. Adorava sua voz, só a conheço perguntando. Era uma dança, entre seu gogó e meus olhos... Voz, que nunca foi direcionada a mim, mas que era fervorosamente desejada pelos meus ouvidos e chorada pela minha mente, atéia , para que nunca deixasses de ter dúvidas, não quando eu estivesse por perto, pois era minha única chance de te ouvir. Era motivo também, para te olhar sem ser descoberta, e ver você me reparar por três meros segundos, sem intenção nenhuma, por reflexo de movimento, desse jeito, eu era uma curiosa inocente . Teu pescoço, arrastava-se para o alto, a cabeça encostava na parede e em um estalo o maxilar de barba rala e clara se expressava suave, fazia isso sempre antes de perguntar...

A palhaçada que me faz sentir.

Para se juntar a mais uma das coisas que eu acho engraçado, eu vou logo dizendo que quando uso a expressão: "É engraçado", na maioria das vezes, acho engraçado mesmo. Engraçado de graça, de chorar, de rir, de...ver uma esfera no meio dos quadrados. (...) É engraçado, como tenho uma crise de contradição, que vez ou outra, bate na minha janela (não me considero uma pessoa com portas) e se hospeda por horas, dias, semanas! Do nada vai embora, e sem dizer se volta, sei que uma hora voltará, na mesmo tom. Tomara que todo mundo tenha essa mesma sensação, e mais do que tomara, tenho certeza que tem, alguem deve ter, depois de um certo tempo, descobrimos o quão não originais nós somos. E para ser mais uma vez engraçada e contraditória, às vezes sentimos-nos bem por todo mundo sentir o mesmo que nós, e às vezes sentimo-nos mal se não sentimos o mesmo que as outras pessoas. Sentimos também, na mesma palhaçada, a vida facílima e bela. Mas ela é. E livres, leves, soltos a levamos...mas a...