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terça-feira, 28 de setembro de 2021

botões

Não me lembro que dia exatamente decidi sobre isso, mas como uma feiticeira eu transformei todo aquele combo de pessoas que despertavam algo em mim em cura e doença. Funciono as vezes como se tivessem um monte de botões na cabeça. Botões que me fazem pegar fogo, botões que me fazem chorar, botões que me dão vontade de voltar a ser criança, botões que me dão pavor de crescer tudo de novo...

Funciono agora assim... cheia de botões, quase um bosque mas só que de botões vermelhos. Quem sabe botões de rosas para ficar mais romântico, menos frio, menos tecnológico e robótico. Queria que a internet nem existisse mais! Acabou-se o encanto, a novidade é líquida, as comparações tomaram de conta, eu só queria me sentir encantada de novo dentro de um feitiço que eu mesma criei. Acordo para passear e de vez em quando eu preciso apertar e quando me aperto aparece uma bacia, sabe? Que se enche de lembranças, de cada pessoa, de cada botão, e me lembro o que eu sou em algum momento, em alguma fase, em algum instante. 

Antes de dormir eu me apavorava... havia pensamentos invasivos que cercavam todo o bosque. São meus? Espirituais? Psicologicamente mal resolvidos? Doença na surdina que aos poucos tomará conta de todo o meu ser? Sequelas do que já tomei? Tenho medo... mas também esperança. Oscilo em paranóias que com remédios hão de parar.

Ela me disse que eu não sei encerrar os ciclos. Fiquei pensando nisso um bocado de vezes abrindo assim mais um ciclo que eu não vou conseguir fechar. Talvez eu não saiba mesmo... Talvez só tenha aprendido a abrir e pensar. Queria uma gaveta onde tivesse as lembranças mais bonitas para ali morar quando a tempestade chega. Lembranças que me lembrem o que eu já sorri. 

Preciso costurar os botões, costurar os ciclos e fechar.

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