Antes de me ensinar a passar Batom direito.
Elisa, minha "linda" mãe (: |
No lançamento do livro (sábado passado) o poeta Osmar Casa Grande elogiou meus pais, papai como poeta, figura pública e também escritor, (um enorme e grande exemplo!) e mamãe como linda.
Fiquei
feliz, porém dentro do meu estômago surgiu uma enorme revolução. É que o poeta
talvez não saiba como é difícil ser apenas linda, é que o poeta talvez não
saiba o perigo de um bicho que sangra todo mês e não morre...
Mamãe
realmente é linda, mas por favor! Que nesse linda
também esteja incluso todo o exemplo, garra e força do homem e sua grande sabedoria. Pois caso contrário, Simone de
Beauvoir já deve estar se revirando no caixão!
“não se nasce mulher, torna-se”
Mamãe
é do tipo de mulher que teve a sorte de encontrar o amor da sua vida, casou-se,
tem 4 filhos, sendo duas dessa leva, já escritoras! Uma de prosa outra de
poesia, é também esposa há 22 anos de um poeta, advogado e professor conhecido
na cidade. É professora desde a adolescência, hoje em dia dá aula na
Universidade Federal, também é mestre, faz doutorado, e é sempre lembrada por
aí por aparentar ser mais jovem do que sua idade diz e por ser altamente
divertida, ter uma risada gostosa, fazer piadas rápidas e ser um tanto
temperamental de vez em quando...
De
mulher pra mulher, foi ela que me deu meu primeiro diário, onde tive o prazer
de descobrir que escrever era o meu maior hobby. Também era ela que mais se
interessava por minhas historinhas de canetinha em papel A4, que perguntava
sobre os detalhes dos desenhos e significados, que corrigia os erros de
português, elogiava, criticava e sempre queria mostrar pra todo mundo que
chegasse lá em casa, o quanto sua filha era criativa.
Mamãe
é uma dessas mulheres que trabalha muito, a maioria das vezes nunca tinha um
tostão na carteira, mas estava sempre ensinando que trabalhar servia pra ganhar
dinheiro, que mulher deveria ser bonita, mas antes disso independente! E nos
deixava aos cuidados de outras mulheres que também precisavam desse tal de
dinheiro, mas não sei como... mamãe sempre tinha tempo de nos contar histórias!
E
antes que minha irmã e eu dormíssemos, aquela mulher nos contava sobre mulheres
rainhas, princesas, mulheres encantadas, mulheres borralheiras, mulheres
feiticeiras e enfeitiçadas. Depois ela começou a contar sobre as mulheres
guerrilheiras, mulheres que construíram impérios outrora que os destruíram, mulheres
que queimaram sutiã em praça pública e também mulheres que foram queimadas numa
fábrica porque alguém não queria lhes dar alguns direitos, outrora contava
sobre uma que acabou com uma banda de rock famosa e até sobre uma bem charmosa que
conquistou o presidente dos Estados Unidos! Contou sobre mulheres brancas do
cinema, mulheres negras da música, cantoras, musas, divas de clube de Jazz,
Blues, e também cabarés ou simplesmente sobre mulheres que costuraram até criar
um estilo e marca eternos.
Mamãe
contou e demonstrou que éramos meninas, que éramos pequenas, num mundo nada cor de rosa, mas que
deveríamos querer sempre mais e se sobressair, algumas vezes desobedecer, e ter
acima de tudo conteúdo! Porque só dessa forma poderíamos ter algum tipo de poder.

“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.
Que a liberdade seja nossa própria substância.”
Simone
de Beauvoir
Comentários
Elisa é espetacular mesmo. Bonita por dentro e por fora.
Elisa é espetacular mesmo. Bonita por dentro e por fora.