Páginas

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Desmanchava no ar

Ficou completamente envergonhada quando viu sua letra pela 1ª vez. Foi por um triz que não enlouqueceu sozinha e quase soltou o papel no chão pra se esconder atrás da porta, vermelha que nem molho de pimenta. Nem vendo um homem nu a deixou tão mais surpresa quanto ter nas mãos aquele envelope valioso e carregado daquelas miudinhas tímidas. Mas, esperava mais... quando leu na décima quinta vez, claro. Ainda sem acreditar que conseguiu. Sim! Era uma carta, ainda não era de amor, mas era pra ela.
Destino não era, também não era por acaso. Fugia-se um do outro que nem diabo da cruz, mas voltavam a se aparecer que nem o cão na alma de crente. E assim as coisas acontecem, não é mesmo?
Mas acabou. Como bem previam e nunca se esqueciam de assinar em baixo, e engavetaram-se todas aquelas possibilidades reprimidas de ter quebrado a cara um do outro, ou vai saber se os corações.
Singelo, íntimo, tormento da gastrite ainda desconhecida, não decifrar o que seria dito foi impressionante até se contaminarem dos defeitos do outro e ficarem pessimistas e repetitivos. Sem beijos, sem abraços, sem muita certeza pra poder contar por ai, os cabelos logo começam a cair demais no pente.
Talvez houvesse calma quando selaram a primeira, a segunda e a ter... que enviavam. Mas a desgraça era na espera por elas, pois tudo que se escrevia, sólido e certeiro no momento, se desmanchava no ar quando lidas tão demoradas.
Não importa se a advogada se chama arrogância, ditar que não foi impressionante e muito menos fez diferença na vida, não é argumento válido para quem faz ocorrer.
O encaixe de cada palavra oferecida (de graça) trouxe sensação única, e agradeceu.

                                                                                                                                             p.s: pode crer.

Nenhum comentário: