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coração maduro

amo-te  e amo-te de uma maneira leve e devagar como pode um dia eu ter amado tão pesado? como pode um dia eu ter amado tão rápido e desesperadamente? amo-te e amo-te de uma maneira tão engraçada e acolhedora como pode um dia eu ter amado tão séria? como pode um dia eu ter amado tão desagregadora? amo-te  e amo-te de uma maneira tão pueril e calma como pode um dia eu ter amado tão envenenada? como pode um dia eu ter amado tão raivosa? amo-te e sigo em frente em meio a multidão amo-te e sigo inteira sem medo do abandono amo-te e sigo completa segurando a tua mão do meu lado nem a frente de ti nem atrás de ti nem tão distante nem tão sufocante amo-te como nunca amei antes amo-te equilibrada amo-te sorrindo amo-te dançando amo-te gentil amo-te gostando do que sou contigo e do melhor que despertas em mim amo-te, amo-te, amo-te.

desilusão

o mau entendido deu lugar a mentira e  foi a mentira que deu lugar a prepotência a prepotência deu lugar a arrogância  que deu lugar a falta de acolhimento que cutucou as feridas em tempo inapropriado... não era hora de cutucar não era hora de sermão qual era o sermão?  me perguntei  desafiei e nada... e assim se desfez o medo  e assim se desfez a ilusão por que é tudo tão pesado para ela? por que é tudo tão obrigatório? por que tanta vontade de ir embora  e não pertencer? por que nunca mais encontrou alegria e desejo de viver? o mau entendido deu lugar a mentira que mostrou o mal que a filha tanto carrega nos olhos na falta de comunicação e foi a verdade que ficou estampada com a minha confusão quem está certo? quem está errado? por que não sou pega como todos? por que não sou punida como os outros? por que tudo acontece de repente mudando minhas certezas de lugar? ser humilde e admitir inverdades  ou engolir e continuar sem nada entender sentir de verdade, mas fingindo que se entende

a barriguda

Todo mês era assim: a gente contava piada e falava da menstruação  da tpm dos teus machos Um dia a tua atrasou A minha vinha sempre depois da tua A minha sozinha, o meu cão de guarda soprou: "Tá grávida!" e eu repeti pra ti sorrindo e você disse "Cruz credo!" não aceitava não desejava não acreditava seis 'paratudo' debaixo da pia aquela vez você vomitando sangue e postando sobre solidão eu acendendo vela eu rezando por ti eu abençoando tua casa toda vez que era convidada o macarrão tava gostoso aquela vez você me arrancava gostosas gaitadas eu num processo de cura e voltar a sorrir você de fuga e tesão constante um dia tu não respondeu fui lá de viatura com o Mestre a guia do seu zé arrebentando do teu braço sinais você com saco preto na cabeça debaixo do altar no meu sonho Amiga?  Tá tudo bem? Você fugindo do menino Você mentindo pra mim O menino que insistia e lhe deixava só a pele e o osso O menino te deixando barriguda e lelé da cuca Sumistes Colheu erva

mulher borboleta

Foram marés cheias os teus olhos nos meus por um tempo que passava torturante e devagar. Foi rápido como tudo virou um grande temporal  que inundou a praia de boas sensações que tua presença me causava.  Eu não te alcanço na roda Tu não me alcança na despedida Sem ginga  sem química prometeste uma amizade  que nunca chegou de fato com honestidade. Achei por alguns dias que se construiria sim Que seria possível e talvez bonita Que eu seria querida como as outras meninas Esperei alegre e atenta Mas me desencantei rápido  e com algumas velas e preces  me alcancei novamente Eu nadei na maré cheia pra bem longe de ti e teu jeito estranho de me atacar de querer ser serpente Dentro do axé de todo o barracão,  vejo morar em ti uma triste sereia  a procura de um brilho que tu de forma muito secreta sabes que eu tenho guardado uma sereia que não sabe brincar comigo que canta,  encanta,  mas ainda não sabe falar  sem tentar me afogar Entre  berimbaus  e tambores me desenvolvo fora dali  e me fort

Castanho avermelhado

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                                                                                                              N unca mais bebi o redgin, a bebida vermelha bonita que a gente pedia para beber juntas. Quando eu engolia o mar vermelho,  me trazia a sensação de que eu estava rica, quando eu tomava do seu lado, tinha a sensação de que você me sentia. Eu chupava com o canudinho preto ouvindo você me contar do seu emprego de merda no hospital, ficando bêbada lentamente ao som daquelas músicas fracassadas, de balada hétero, no único bar da cidade que tinha o pôr do sol alaranjado perfeito, o qual combinava muito bem com o tom do seu cabelo castanho avermelhado.  O drink era tão vermelho e tão bem feito que dava gosto de beber. Tinha gyn, hibisco, hortelã, pimenta rosa, anis estrelado, alecrim e morango. A gente tomou pesquisando pelo celular os ingredientes e observando o que tinha naquele mar vermelho dentro do copo. Tirávamos sarro do péssimo atendimento do bar. Quase todos são assim nessa c

Pétalas

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Como teria sido se ela tivesse reagido ao meu storie aquele dia? Se tivesse deixado aquela mensagem de lado e tivesse ido ao meu aniversário? E se ela tivesse dito que estava errada? O que teria acontecido se ela tivesse dito que se arrependeu do que propôs, se tivesse admitido que gostou e que queria experimentar mais e mais? Como teria sido se ela não tivesse dado tanta importância para a própria ferida, para o passado, e se tivesse dito que chegou bem em casa e se tivesse deixado eu afogar suas mágoas e fazê-la ver poesia na rotina? Como seria se ela tivesse topado que eu a visitasse aquela noite apenas para vê-la trabalhar e acariciar sua gata? E se eu tivesse invadido sua casa naquela outra noite de vinhos nos seus vizinhos e tivesse tirado ela do próprio quarto pra dançar? Como ela reagiria? O que teria feito? Como teria sido se eu não tivesse medo de chegar, nem traumas para arriscar? E eu tivesse lhe mostrado o que escrevi, e tivesse tentado ser romântica do jeito que eu gosto?