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segunda-feira, 25 de março de 2024

mulher borboleta

Foram maré cheias os teus olhos nos meus

por um tempo que passava torturante e devagar.

Foi rápido como tudo virou um grande temporal 

que inundou a praia de boas sensações que tua presença me causava. 

Eu não te alcanço na roda

Tu não me alcança na despedida

Sem ginga 

sem química

prometeste uma amizade que nunca chegou de fato com honestidade.

Achei por alguns dias que se construiria sim

Que seria possível e talvez bonita

Que eu seria querida como as outras meninas

Esperei alegre e atenta

Mas me desencantei rápido 

e com algumas velas e preces 

me alcancei novamente

Eu nadei na maré cheia

pra bem longe de ti e teu jeito estranho de me atacar

de querer ser serpente

Dentro do axé de todo o barracão, 

vejo morar em ti uma triste sereia 

a procura de um brilho

que tu de forma muito secreta sabes que eu tenho guardado

uma sereia que não quer saber brincar comigo

que canta, 

encanta, 

mas ainda não sabe falar sem tentar me afogar

Entre berimbaus e tambores

me desenvolvo fora dali 

e me fortaleço

e me lembro dos meus porquês 

e da minha ida e chegada

da minha permanência 

porque nunca foi sobre você

porque nunca foi sobre afeto

porque nunca será sobre ti

e o sexo foi um grande erro

que quase me deixou desarmada por um tempo

mas eu sei girar 

sei atravessar além do risco da pemba 

posso parecer iniciante

mas sou forte e muito bem encontrada

jamais derrubarás uma mulher búfalo

jamais impedirá uma mulher borboleta

respeite uma filha do vento 

É rápido como tudo desvira depois da ventania

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