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sábado, 4 de janeiro de 2020

Remetente

Precisava gostar um pouco mais de mim. Já gostei tanto deles, já gostei demais dos outros... Não sobrou muito pra mim, mas eu hei de ir atrás de mim. 

Talvez, pudesse começar jurando amor, sem ter muito, até ter bastante pra mim. Já senti saudades demais sabe, já quis estar perto, perguntar como vão as coisas, eu me esforçava e movimentava tanto... algumas pessoas eram mais do que eu pra mim. 


Minhas lembranças, meu conforto, minha inveja branca, meus desejos secretos, minhas fantasias perfeitas.
Já é hora de descansar e me lembrar mais de mim? Sinto que estou longe. Muito longe. Não tenho meu endereço direito há tantos anos. 

Eu tive que ir embora demais, eu fui esquecida demais. Talvez não seja culpa de ninguém, não terem sentido muito minha falta. Mas eu sinto minha falta agora. Onde foi que eu fiquei da última vez que me amei? Onde foi que eu fiquei quando me descuidei? 

Precisava aprender rápido a gostar mais de mim com esses defeitos que ninguém gosta, que ninguém quer ver, que ninguém suporta. Gostar de cuidar de mim como ninguém conseguiu. Gostar de morar comigo, de sair, de sonhar bonito como quando mais jovem talvez... 


Podem ser sonhos pequenos no começo, depois grandes... quem sabe? O importante é que eu mesma acredite. Ainda que eu não tenha muita torcida. Expectadores, apoiadores, afinal de contas, quando serei protagonista nesta vida? 

Quando carregarei esses defeitos que a vida me deu e escondo com tanta vergonha e peso? Hei de aprender a carregá-los, hei de aprender a aturá-los. Não tem outro jeito. Já me puni demais pra não decepcionar quem sorria, já me exclui demais porque eu não valia a pena se errasse, e cá estou...Errada...

Errei feio e tanto! Fui estragando algumas pequeninas e suadas conquistas, algumas inseguras certezas. Estragando sem me ouvir, sem me perguntar, sem me abraçar e isso foi piorando o estrago. Destrui algo estranho ao meu redor. Algo que não volta e virou fumaceiro. Não sei se eu tava ali também, talvez... 


Olho pra baixo as vezes, tento ser invisível outras, me puno constantemente... Agora sei fingir costume. Sei manter a educação e torço pelo cumprimento, por um aperto de mão. Queria saber, mas não sei se é a hora de me sentir desculpada. Não sei se é a hora da culpa ir embora. 

Nem quando irei me encontrar e amar pra sempre, sem me esquecer de mim outra vez. Construo algo estranho ao meu redor. Algo que precisa voltar da maneira certa. Algo sólido e que dessa vez seja meu. Hei de me encontrar...

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